Exposibram 2023 reúne lideranças empresariais e governamentais em Belém
Governador do Pará, Helder Barbalho, defendeu a atividade minerária com respeito às leis ambientais.
O desafio de alinhar a exploração minerária à sustentabilidade com desenvolvimento sustentável deu o tom da abertura da 25ª edição da Exposibram, o maior evento do setor da mineração, que teve início na noite desta segunda-feira, 28, em Belém, no Hangar- Centro de Convenções e Feiras da Amazônia. O evento conta com a participação de companhias mineradoras do Brasil e do exterior, lideranças políticas, empresariais e governamentais.
Na solenidade de abertura, o governador do Pará, Helder Barbalho, defendeu a atividade minerária como muito importante para a economia, que gera 200 mil empregos diretos no país, sendo 60 mil no estado, mas é necessário que o setor esteja atento a cumprir as licenças e responsabilidades ambientais e a conciliar as agendas de preservação e de conservação rumo ao ideal da economia de baixo carbono. “O estado do Pará deseja continuar sendo um estado que tem na atividade do agro e na riqueza do seu subsolo importantes vocações, mas, acima de tudo, compreende que os 70% de estoque florestal nativo do estado representa a maior riqueza econômica para o presente e o futuro”, ressaltou.
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Ainda, ele defendeu a implementação de um sistema efetivo de rastreabilidade que ateste a origem dos minérios em circulação, ajudando a combater o garimpo ilegal. “Queremos nos somar, convocar, liderar, que o Pará, nas suas áreas legalmente ativas à exploração, possa fazer um manejo de maneira correta, agindo dentro das normas e das leis”.
O presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), entidade realizadora do evento, Raul Jungmann, ressaltou que “o setor não tem um conflito estrutural com o meio ambiente”, mas, ao contrário, busca a sustentabilidade e o cumprimento das leis para se manter e não deseja ser confundido com o garimpo ilegal.
Ele também falou da preocupação com a segurança das atividades: “O setor da mineração não pode mais conviver com barragens. Tem coisas que a gente repara, a vida a gente não repara. Não pode repetir os acidentes que ocorreram no passado”, disse, referindo-se aos desastres ambientais de Mariana e Brumadinho, em Minas Gerais, que resultaram na morte de 19 e de 272 pessoas, respectivamente, em 2015 e 2019.
A Associação de Vítimas Brumadinho foi convidada a participar da Exposibram e ganhou estande no evento. Ainda, um grupo de servidores em greve da Agência Nacional da Mineração (ANM), que busca isonomia salarial com as demais agências reguladoras. “Todos são muito bem-vindos. Precisamos de uma ANM forte para um setor forte”, disse Jungmann.
Segurança
Já o presidente da Vale, Eduardo Bartolomeu, falou sobre o reforço da segurança para prevenir novos acidentes, durante um “talk show” que abriu a programação: “Hoje temos a menor taxa de acidentes da história da companhia”. Ele ressaltou que o setor tem papel importante na redução das emissões de gases de efeito estufa e na mitigação das mudanças climáticas no mundo. A empresa fixou metas de reduzir a emissão em 33% nas suas operações até 2030; em 15% junto a fornecedores e clientes até 2035; e atingir zero emissões líquidas até 2050. Além disso, contribui para proteger 800 mil hectares de floresta Amazônica; mantém em Belém o Instituto Tecnológico Vale para a pesquisa e produção de conhecimento em biodiversidade, genômica, mudanças climáticas e Amazônia.
“Nosso negócio está focado em duas grandes plataformas: soluções de minério de ferro para descarbonizar a siderurgia e metais para a transição energética. Em minério de ferro, contamos com um portifolio de produtos de alta qualidade e tecnologia. Na transição energética, oferecemos metais como o níquel e o cobre, essenciais para as baterias de veículos elétricos”, frisou. Através da nova empresa Vale Base Metals, a companhia prevê o investimento de R$ 50 bilhões na próxima década no Brasil em projetos de níquel e cobre.
Financiamento
A diretora do Departamento de Desenvolvimento Sustentável na Mineração, do Ministério de Minas e Energia (MME), Ana Paula Bittencourt, foi questionada por Jungmann sobre a falta de financiamento ao setor mineral. “Somos um dos maiores produtores de riqueza do país, mas somos discriminados”, iniciou ele. “Dentre os R$ 3,1 trilhões investidos no Brasil, somente 0,9%, ou seja, 18 bilhões foram para a mineração”, apontou. Ana Paula disse que o tema do financiamento é um desafio e que há vontade do governo federal em superá-lo através de mudanças na legislação vigente.
Programação
A Exposibram 2023 é formada por uma exposição com 160 estandes, que continua até a próxima quinta-feira, 31, das 14 às 21h; e do Congresso Brasileiro de Mineração, com mais de 150 expositores, com programações de painéis e minicursos nesta terça, 29, das 9h às 18h, e na quarta-feira, 30, das 9h às 13h, no Hangar.
Entre as palestrantes está a prefeita de Canaã dos Carajás (PA), Josemira Gadelha, que participará da mesa sobre experiências exitosas na aplicação dos recursos da Compensação Financeira da Exploração de Recursos Minerais (CFEM). “Nós moramos na região Amazônica, que é uma das principais províncias (minerais). Isso traz grandes desafios que é cuidar de uma população que cresce todos os dias, assim como a demanda social de investimentos em saúde, educação, segurança e outros desafios”, disse a gestora. De 2010 para cá, a população de Canaã saltou de 30 mil para 70 mil habitantes, segundo o último Censo Demográfico de 2022.