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Exclusivo: Pará é prioridade no Turismo, afirma ministro Gilson Machado

Apesar do encantamento pela Amazônia paraense, ele cita alguns empecilhos para o desenvolvimento turístico que precisam ser tratados com urgência, como regularização fundiária e custo das passagens aéreas

Eduardo Laviano

Em entrevista exclusiva concedida para O Liberal, o ministro do turismo Gilson Machado Neto afirmou que o Pará é prioridade da pasta a pedido do presidente Jair Bolsonaro. "Ele determinou que fizéssemos o que fosse possível para colocar o Pará no cenário do turismo mundial e é isso que estamos fazendo", disse.

Desde que assumiu o cargo, em dezembro de 2020, Machado Neto já esteve quatro vezes em território paraense. Ele levou investidores estrangeiros para conhecerem o oeste, com destaque para os municípios de Belterra e Santarém, e na última passagem, no início deste mês, inaugurou a orla do Maracanã, sob o rio Tapajós.

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O ministro se disse impressionado com a beleza do distrito santareno de Alter do Chão.

"Não me perdoo de ter 52 anos de idade e nunca ter ido tomar banho naquela água. No jornal The Guardian já tiveram mais de dez indicações como a melhor praia de água doce do mundo. Nunca vi um negócio daquele. Inclusive falei com o prefeito de Santarém e ele disse que não estava na melhor época. Eu disse que lá não tem melhor época, toda época é época boa", disse ele, referindo-se a temporada de seca do rio, de agosto a dezembro, quando as praias fluviais cortam a água.

Gilson Machado Neto tem 30 anos no ramo de turismo. Antes de assumir o cargo, passou um ano como diretor-presidente da Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo e antes disso, outro um ano como secretário de ecoturismo do Ministério do Meio Ambiente.

Apesar do encantamento pela Amazônia paraense, o ministro enxerga alguns empecilhos para o desenvolvimento turístico que precisam ser tratados com urgência: a regularização fundiária de áreas de interesse turístico é o principal deles. Além disso, ele acredita ser necessário agilizar processos de títulos para comerciantes menores e barraqueiros que estão vivem do turismo nas praias paraenses.

"Tem Salinópolis também. Eu não tenho dúvida que o Brasil tem um dos maiores potenciais do mundo para turismo de praia. Ainda mais Belém. É mais próximo dos estados unidos, por exemplo, além da gastronomia e cultura riquíssima. As praias de Salinópolis são belíssimas e vamos colocar no mapa da Embratur para divulgar mundialmente", disse.

Outro desafio que ele espera poder contribuir para a resolução é o das passagens áreas no Brasil, que ele classificou com muito caras. Segundo Machado Neto, um grupo de estudo já está finalizando diagnósticos sobre o tema.

"Não é barato voar para Santarém. E nem para Belém também. O combustível de avião mais caro do mundo é daqui do Brasil. 35% do custo de uma companhia é combustível. A margem de lucro no mundo é de 7 a 12% e aqui em torno de 30%", diz, afirmando que o governo federal vem abrindo mão de tributos para o setor.

Machado Neto também falou sobre o potencial do Brasil e da Amazônia para o turismo de natureza, que tem virado febre mundial no pós-pandemia, especialmente por conta dos espaços abertos e da ausência de aglomerações.

Ele avaliou, porém, que a primeira parte do trabalho de fortalecimento deste setor do turismo no Brasil não é do ministério do turismo, e sim da imprensa. Segundo ele, boa parte dos jornalistas mente ao divulgar os dados sobre os recordes de desmatamento registrados no Brasil nos últimos anos.

"Primeiro de tudo, uma parte da imprensa precisa parar de mentir sobre o Brasil lá fora. A gente chega lá fora e o pessoal pensa que a Amazônia virou um deserto. Que não tem mais Amazônia, que pegou fogo. Na Europa o que se pensa é que a Amazônia acabou", afirma.

Machado Neto exaltou o potencial do país para o turismo de natureza e de aventura e afirmou que ninguém bate o Brasil nesse quesito.

"Antes da pandemia, 10 a cada 100 buscas de turismo no Google eram sobre turismo de natureza. Hoje, são 54. O Brasil tem a maior biodiversidade do mundo, maior fauna. Somos ricos até no que não temos. Sabe como? Cancun [no México] hoje você não pode ir para a praia quando quiser por risco de furacão. Aqui não temos desastres naturais, terrorismo, guerra. E ainda temos o brasileiro, que é o nosso maior atrativo. 96% dos turistas se encantam pelo nosso povo", comemorou.

Ele destacou como positivas as concessões dos aeroportos e a retirada de mais de 400 normas que travavam, segundo ele, o uso dos equipamentos turísticos do brasil. O ministro também celebrou a rapidez nas licenças expedidas pelo Instituto Patrimônio Histórico e Artístico Nacional para operadores do setor.

"Mas precisamos mesmo é diminuir o custo da aviação. Abrimos o mercado para companhias estrangeiras e nenhuma veio. Nenhuma teve interesse", lamentou.

Apesar dos reveses, o ministro se demonstrou otimista com a retomada do setor após a vacinação, especialmente em relação aos números das compras de passagens áreas e reservas em hotéis. Ele citou ainda um plano de apoiar o ensino de inglês para operadores do turismo em todo o Brasil por meio do método "Would you like".

Economia