Evento em Belém reúne lideranças para debater prioridades no desenvolvimento do Marajó
Ao final da programação, devem ser apresentadas propostas a serem executadas de forma multissetorial
Abordar as demandas prioritárias do Arquipélago do Marajó, no Pará, e de Bailique, distrito no Amapá, e pensar em soluções para os problemas e dificuldades das regiões é o principal objetivo de um seminário realizado pela Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), em Belém. A programação iniciou nesta segunda-feira (16) e segue até esta terça-feira (17) e, ao final do evento, devem ser apresentadas propostas a serem executadas de forma multissetorial, em uma parceria entre os governos municipais, estaduais e municipais.
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Segundo o superintendente da Sudam, ex-senador Paulo Rocha, o papel da instituição é pensar e planejar o desenvolvimento da região amazônica. “Com toda essa riqueza, com toda essa biodiversidade, não se aceita a ideia de viver em uma terra tão rica e ter um povo pobre. Nós resolvemos começar pelas áreas mais empobrecidas, como o caso do Marajó, que tem uma vocação muito forte para produzir, por exemplo, alimentação, peixe etc. A participação de todos é fundamental para que eles se comprometam”, avalia.
Entre os desafios do Arquipélago, Paulo cita a evolução da piscicultura, o avanço da cadeia do leite para valorizar a produção do queijo do Marajó e a verticalização da produção do açaí. O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (Faepa), Carlos Xavier, concorda, mas também cita outra meta: expandir a conexão rodoviária. Do setor produtivo, também estavam presentes no evento o presidente da Federação das Indústrias do Pará (Fiepa), Alex Carvalho, e a presidente da Associação Comercial do Pará (ACP), Elizabeth Grunvald.
Conservação
Ex-governador do Amapá, João Capiberibe esteve na Sudam no primeiro dia de evento e cobrou mais integração entre os representantes públicos. “Eu desafio o governo federal a criar uma consultoria sobre a Amazônia. A chance que nós temos é uma integração, em uma decisão política de fazer a transição da Amazônia, de sairmos da emergência climática ou crise climática para um outro tipo de relacionamento com a nossa região. O presidente Lula precisa tomar conhecimento de que não haverá saída para a Amazônia sem uma intervenção direta do governo”, argumenta.
Sendo uma solução para o Brasil, e não um problema, na opinião dele, a Amazônia precisa ser conservada. “Tenho absoluta convicção de que a maior riqueza da Amazônia não está no subsolo mineralizado, está na biodiversidade que é desconhecida e está sendo queimada e destruída”, opina. Capiberibe também é um defensor da verticalização da produção do Marajó, que, para ele, “tem uma diversidade gigantesca que precisa ser pesquisada”.
Desenvolvimento
Uma das ferramentas que podem garantir o desenvolvimento local é o acesso ao crédito, porém, se isso ocorrer de forma isolada, pode criar mais endividamento, na opinião do diretor de crédito do Banco da Amazônia (Basa), Roberto Schwartz. “A gente precisa organizar o acesso ao crédito de uma forma orquestrada e participativa. Quando a sociedade civil está organizada, incluída e cada um tocando a sua parte nessa etapa a gente consegue materializar. Esse é um mantra dentro do Banco da Amazônia, nós precisamos cada vez mais ser sérios, termos eficiência, sermos rápidos, mas também sermos responsáveis na colocação do crédito”.
A representante do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), ligado ao governo federal, Natalia Mori, disse que o diálogo busca uma interlocução entre a Sudam e o Ministério, para trazer a escuta dos movimentos sociais. “O seminário é bem estratégico e é realizado a partir da provocação da sociedade civil do Marajó, uma região que demanda um olhar especial com relação às políticas principais, que compõem o Plano Nacional de Desenvolvimento Regional. Cabe aos agentes públicos ouvir”, enfatiza. Outros Ministérios que enviaram representantes foram o do Desenvolvimento Agrário, da Cultura e dos Direitos Humanos, além da Secretaria Geral da Presidência da República.
Projeto
Outro grande desafio do Arquipélago do Marajó é a conectividade. Com o intuito de alcançar populações mais afastadas da região com internet gratuita e de qualidade, o projeto “Se Liga”, da Federação dos Povos Quilombolas e Populações Tradicionais da Amazônia (Fepquiptram), busca proporcionar a inclusão digital naquela região, promovendo um direito básico de acesso à internet. A entidade parte do princípio de que “sem conexão não há avanço social”.
De acordo com o presidente da Federação, Edson Andrade, a participação no evento da Sudam é de “extrema importância”. “Quando nós implantamos o projeto, implantamos um projeto para 20 celulares em um raio de 80 metros quadrados (m²). Hoje, nós implantamos um novo projeto para 512 celulares simultaneamente em um raio de 370 quilômetros quadrados (km²), ou seja, nós podemos chegar no Marajó através de fibra, de satélite e de rádio. O Marajó é gigante, frente a todas as necessidades que nós temos, então a Federação busca contribuir com a Sudam e com os outros órgãos. Fizemos várias parcerias para que a gente possa chegar nesses lugares”, detalha.
A programação na Sudam continua nesta terça-feira (17), das 9h às 18h.