Escassez de peças afeta motoristas, mecânicos e seguradoras no Brasil
Segundo a Anfavea, escassez de peças é, em parte, resultado da falta de matérias-primas durante a pandemia
A falta de peças automotivas está causando demoras significativas para os motoristas que precisam de reparos em seus veículos. A espera nas oficinas pode chegar a meses. O problema também está gerando preocupação entre os mecânicos e as seguradoras, que enfrentam dificuldades para lidar com o desabastecimento.
Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), essa escassez de peças é, em parte, resultado da falta de matérias-primas durante a pandemia, que afetou a produção de componentes como borracha e plástico. Além disso, o conflito na Ucrânia agravou ainda mais a situação, especialmente no setor de componentes eletrônicos.
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Em 2021, pelo menos 370 mil veículos deixaram de ser produzidos no Brasil
Devido à falta de peças, a Anfavea estima que, em 2021, pelo menos 370 mil veículos deixaram de ser produzidos no Brasil. No ano anterior, esse número foi de cerca de 200 mil veículos.
Antônio Fiola, presidente do Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios, explicou ao Bom Dia Brasil (Globo), que muitas das peças são fabricadas exclusivamente pelas montadoras, e o fechamento de turnos de trabalho neste ano tornou essas peças ainda mais escassas. Essa escassez está afetando diversos setores, incluindo oficinas de reparo.
Fiola observa: "Uma solução imediata seria as montadoras retomarem os níveis de produção para atender à demanda do mercado, especialmente porque nos aproximamos das estações de primavera e verão, quando ocorrem chuvas e aumenta a procura por serviços de colisão. Os veículos ficam parados nas oficinas, sem a possibilidade de substituição, causando prejuízos aos proprietários e às seguradoras, que muitas vezes precisam fornecer carros de reserva. As montadoras são as únicas que não sofrem com esse impacto."
Seguradoras falam em aumento de preço se problema permanecer
As seguradoras também estão sentindo os efeitos dessa escassez de peças. Marcelo Sebastião, presidente da entidade que representa o setor, afirma que atualmente entre 10% e 15% dos veículos que chegam às oficinas mecânicas enfrentam problemas relacionados à falta de peças. Se essa situação persistir, os consumidores podem acabar pagando mais caro pelos serviços.
Ele explica: "Caso o mercado não se estabilize, essa é uma preocupação real. Porque essa condição acaba impactando nos custos do seguro, o que resulta em custos mais elevados para o consumidor, devido aos atrasos na entrega e suas consequências, como a prorrogação do período de uso do carro reserva. Isso também afeta a qualidade do atendimento ao cliente, o que pode resultar em atrasos na entrega do veículo, contrariando as expectativas do proprietário."