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Entressafra é responsável por elevar preços do açaí em Belém; entenda a sazonalidade do fruto

A safra, que vai de julho a dezembro, é a época de produção do açaí, sazonal e natural do meio ambiente

Elisa Vaz

Uma nova pesquisa divulgada pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostrou que o litro do açaí está mais caro em Belém, com altas chegam a 3,3% em um mês. O que faz esses reajustes ocorrerem anualmente é a chamada entressafra, que dura de janeiro a junho.

A safra, que vai de julho a dezembro, é a época de produção do açaí, sazonal e natural do meio ambiente. No restante do ano, os produtores e as indústrias não têm como fazer o cultivo do fruto em larga escala e, com menos alimento disponível no mercado, os preços tendem a subir.

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Empreendedor e dono de um ponto de venda na feira da Pedreira, Heron Amaral afirma que o litro do açaí está mais caro para o consumidor. Na safra, custava cerca de R$ 14, e agora já chegou a R$ 24. Mas, isso é um reflexo do mercado, e ele diz que “sem repassar, é melhor parar [de vender]”. O paneiro de açaí que Heron comprava na safra custava R$ 70, e, agora, o empreendedor precisa desembolsar R$ 220. 

A escassez, pelo que ele tem percebido, começa em dezembro, mas se intensifica em janeiro, voltando ao normal apenas em julho. Então, os preços altos, segundo ele, devem continuar até a metade do ano.

“No período de entressafra há uma escassez muito grande do fruto. Nós temos três dificuldades: o preço fica um absurdo; a produtividade do fruto não fica a mesma coisa; e, além do mais, o tamanho dos paneiros diminuem. São três fatores que fazem o preço ficar tão absurdo”, explica.

Consumo se mantém

Mesmo com as altas, o movimento de clientes não diminui. Pelo contrário: Heron até acha que aumenta, porque, em outros pontos, os vendedores podem vender frutos de má qualidade, para baratear o processo. No horário em que a reportagem visitou o ponto de venda, nesta terça-feira pela manhã, havia uma fila de consumidores aguardando o processo de embalagem do açaí.

Um dos consumidores que estavam no local era o bacharel em direito Dicson Oliveira, de 33 anos. Ele é de Tucuruí, mas costuma passar períodos em Belém. Na comparação com o interior, ele acha o custo do açaí mais alto na capital, mas entende que a alta no início do ano é uma questão de mercado que acontece em qualquer cidade do Pará.

“Nós vemos o aumento do preço do açaí acontecendo, mas sabemos que a chuva influencia muito. A alta vem muito rápido. Eu sou do interior, de Tucuruí, e o litro do açaí lá estava, em média, R$ 13 ou R$ 14; em uma semana subiu para R$ 20. É uma alta muito grande, mas é por causa das nossas questões climáticas, que afetam a produção e fica difícil fazer a retirada do produto para chegar até a mesa da população. Agora, lá em Tucuruí, está começando a baixar para R$ 18, aqui em Belém é mais caro”, diz.

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A variação positiva de preços faz o consumidor buscar formas de economizar. Para ele, a única maneira de fazer isso é reduzir o consumo. Em vez de tomar o alimento de três a quatro vezes por semana, como faz normalmente, reduz para duas vezes, sem abrir mão do final de semana. “Quem toma açaí sabe que tem que se preparar para isso, é igual preço da carne, sobe e baixa. Se eu pudesse, comia todo dia. Troco qualquer comida que tiver na mesa pelo açaí”.

Já o balanceiro Jorge Fernandes, de 67 anos, que trabalha no Ver-o-Peso e estava na feira da Pedreira comprando açaí, diz que, mesmo com os preços altos, não deixa de comprar. Ele não tem o costume de tomar açaí, mas sua esposa gosta muito, então ele acaba gastando com o alimento. “Compro R$ 40, agora deu um litro e meio, isso vai durar dois ou três dias, aí quando acaba já volto de novo”, ressalta o consumidor.

Jorge também entende os fatores que elevam o preço do açaí e nota esse comportamento anualmente. “Nesse início de ano fica mais caro porque está na entressafra, no inverno aumenta mesmo. Lá para o meio do ano, quando começar o verão, volta ao normal. Em maio ou junho começa a cair”, opina ele.

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