Em Belém, tutores dizem que gastos com pets podem ultrapassar R$ 1.000 por mês
Empresários do setor revelam estratégias para enfrentar a inflação e manter clientes no mercado pet
Os custos para manter animais de estimação em Belém têm pesado cada vez mais no orçamento das famílias. Tutores relatam que os gastos mensais com alimentos, medicamentos e itens essenciais podem ultrapassar R$ 1.000 por mês, especialmente para pets com necessidades específicas. Para os empresários do setor pet, o cenário também é desafiador e buscam estratégias para minimizar os impactos.
Os itens com preços atrelados ao dólar e a alta nos custos de transporte e matérias-primas têm dificultado o controle dos valores repassados ao cliente, dizem os donos de lojas com insumos para animais de estimação. Apesar disso, os empresários de pet shops em Belém buscam estratégias para minimizar os impactos, como a negociação com fornecedores e a ampliação da variedade de produtos disponíveis.
Estratégias para estabilizar preços
Para Carlos Raposo, dono de um pet shop, os produtos mais afetados por variações são medicamentos e alimentos, essenciais para a saúde dos pets. “Ração e remédios são prioridades, e o cliente sempre compra, mesmo com alta nos preços. Para doenças ou problemas como carrapatos, o tratamento é indispensável”, afirmou. Apesar de janeiro ser tradicionalmente mais fraco em vendas, ele destacou que itens básicos, como alimentos e medicamentos, sustentam o faturamento.
Como estratégia, ele explica que os estoques reforçados em dezembro ajudam a evitar repasses imediatos de aumentos ao cliente. “Compramos estoques grandes em dezembro para evitar repassar os aumentos ao cliente no começo do ano. A maioria dos produtos tem matérias-primas atreladas ao dólar, e isso impacta os custos”, afirma
Annanda Pires, também é dona de um pet na Grande Belém, também relata que a inflação tem pesado no setor, com foco em produtos importados. “Os custos de insumos, matérias-primas e logística aumentaram bastante. Rações, medicamentos e acessórios foram os mais impactados”, explicou. Ela reforçou que a alta nos preços reduz o poder de compra dos clientes, que também estão migrando para o comércio online, aumentando a concorrência no mercado.
Para enfrentar essas dificuldades, Annanda tem adotado estratégias como negociação com fornecedores e ampliação do mix de produtos disponíveis na loja. “Estamos oferecendo mais opções, mas sem perder a qualidade, para que o cliente consiga alternativas dentro do orçamento. Também buscamos não repassar os aumentos integralmente, pois perder clientes pode ser ainda mais prejudicial”, completou.
Impactos no orçamento dos tutores
Monique Leão, tutora de um cachorro e seis gatos, revelou que o orçamento mensal para cuidar dos pets já chega a R$ 1.200. “As rações e a areia higiênica tiveram aumentos significativos. A areia que comprava por R$ 59 no ano passado agora está R$ 69, então precisei trocar por uma marca mais barata”, contou. Para manter a qualidade da ração, Monique teve que cortar despesas pessoais, como saídas e refeições fora de casa.
Ela destacou a importância de manter o padrão de cuidado com os animais, mesmo diante das dificuldades. “Os pets fazem parte da família, então sempre dou prioridade a eles. Adaptar o orçamento é necessário para garantir que não falte o essencial, principalmente alimentos e itens de higiene”, disse.
Já Mariana Carvalho, tutora de Bob, um cachorro idoso de 13 anos, enfrenta custos ainda mais altos devido às necessidades específicas do animal. “Os tratamentos e rações para saúde intestinal e renal são caros, nenhuma custa menos de R$ 100. Por isso, precisamos nos organizar em casa, dividindo os custos entre os membros da família”, relatou.
Mariana enfatizou que cuidar de um pet exige planejamento financeiro, especialmente no caso de animais idosos. “Além das rações especiais, tem os medicamentos e consultas, que chegam a R$ 200 cada. Para manter tudo em dia, é preciso um cronograma financeiro, já que qualquer descuido pode sair muito caro”, afirmou.