Em Belém, alta do dólar aquece mercado de seminovos para quem quer celular e notebooks mais baratos
Varejistas recebem aparelhos usados, com nota fiscal, e dão garantia na troca por novos
A moeda norte-americana se manteve em alta em 2024, e, mesmo recuando nos últimos dias, nesta quarta-feira (15/01), fechou em R$ 6,02, segue acima de R$ 6,00, e isso eleva os preços de celulares e notebooks, por exemplo, e exige novas táticas de quem quer continuar vendendo essas mercadorias.
“As lojas de eletrônicos no Brasil, especialmente aquelas que vendem produtos como celulares e notebooks, estão adotando várias estratégias para lidar com os preços altos em um cenário desafiador", diz Lennon Muniz, empresário de Tecnologia e Telefonia, em Belém, desde o ano de 2010.
Muniz diz que há desde as tradicionais promoções, descontos, formas de pagamento facilitadas, até as táticas mais recentes, como as campanhas com vantagens na hora de comprar, como por exemplo cashback ao adquirir determinados produtos. E, também, a expansão do mercado de seminovos.
Seminovo com nota fiscal e garantia
O empresário observa que "o mercado de seminovos expandiu”. Ele informou que, atualmente, varejistas recebem aparelhos usados na troca por novos e, com isso, se criou um novo mercado para dispositivos seminovos com nota fiscal, garantia e até mesmo excelente estado de conservação.
“Uma ótima pedida para quem está buscando adquirir um dispositivo eletrônico com boa relação de custo/benefício”, frisa Lennon Muniz.
Aos 33 anos, Lennon assinala: “na verdade, estamos enfrentando a maior alta do dólar desde a implantação do plano real, a moeda americana tem chegado a patamares nunca vistos. O mercado está reagindo a isso e o governo está precisando agir para controlar esse aumento desacelerado”.
O empresário pondera que o mercado brasileiro lida com a falta de componentes e o desabastecimento, desde a pandemia, mas enfatiza, que isso está até melhor. As dificuldades mesmo advêm da “instabilidade financeira em relação ao dólar que acaba de maneira direta e indireta precificando todos os produtos importados e seus componentes”, afirma Muniz.
Indústria brasileira depende de insumos do exterior
Guilherme Kuze tem loja de informática há 10 anos, em Belém, e, também, enfrenta a complexa realidade de oscilações de preços em razão do ‘fator dólar’. Ele destaca que o mercado de eletrônicos brasileiro é muito dependente dos insumos e componentes adquiridos do exterior. “Então, o dólar afeta diretamente o preço desses equipamentos”, enfatiza.
Kuze complementa: “notebooks, computadores, impressoras, monitores, toda essa linha é diretamente afetada pela alta do dólar . Além disso, o preço do frete marítimo da China também influencia, e várias outras coisas, mas no momento a alta do dólar é o que está influenciando diretamente no preço dos equipamentos”.
Guilherme Kuze e Lennon Muniz observam uma série de fatores econômicos, tanto internos quanto externos, sobre a possibilidade de baixa do dólar, e, consequentemente, dos preços. Para Lennon, “a cotação do dólar, inflação, custos de produção e cadeia de suprimento serão decisivos. Infelizmente, temos que esperar para ver e torcer para que o cenário possa melhorar”, diz ele.
Guilherme Kuze considera que "a tendência é de que os preços de equipamentos eletrônicos não apresentem grande baixa, porque além do valor deles ser indexado ao dólar, também existem poucos fabricantes, com pouquíssimos produtores, o preço sempre está alto, nunca tem grandes baixas de mercado e num cenário de alta do dólar, a tendência é de que o valor continua alto”.