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Economista paraense afirma que alta na Selic é um ‘remédio’ para a ‘doença’ da inflação

Consumidores devem esperar empréstimos e produtos parcelados mais caros

Maycon Marte

O economista paraense, Rafael Boulhosa, afirma que “o aumento da Selic é feito para controlar a inflação e para captar recursos”, sendo apenas uma ação do Banco Central (BC) para tentar amenizar o cenário econômico. O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC alterou a taxa Selic para 10,75% ao ano, na quarta-feira (18/9), um aumento de 0,25 ponto porcentual em relação ao valor anterior de 10,5%. O especialista explica que o principal impacto da medida é desestimular o consumo, devido a influência direta da taxa sobre os juros em movimentações como empréstimos e aplicações. No cotidiano, os paraenses podem encontrar, por exemplo, produtos parcelados com valores mais altos.

“Produtos que sejam principalmente parcelados tendem a ficar mais caros, porque quando uma empresa vende alguma coisa parcelada, ela está trabalhando com a questão da taxa de juros sobre o tempo que ela vai demorar para terminar de receber o pagamento pelo produto, bem ou serviço que ela vendeu”, explica o especialista.

Na contramão dos que precisam lidar com dívidas, o especialista reforça uma outra perspectiva da situação. Para ele, os preços mais altos desestimulam o consumo e forçam um comportamento mais econômico entre os consumidores, que tentam fugir das novas taxas. “A população se sente desestimulada a comprar mais, principalmente se for parcelado, o que estimula a poupar considerando a taxa de juros”, afirma.

Tempo de reação

Apesar da alteração ter acontecido a apenas alguns dias, Boulhosa observa que o efeito pode ser sentido de maneira imediata em algumas movimentações, como, por exemplo, a taxa de juros do que foi financiado e do cheque especial das pessoas. Em contrapartida, produtos que já estavam prontos e prestes a serem comercializados não devem mudar imediatamente.

Quanto aos segmentos mais afetados, ele estima que todos sejam atingidos de alguma maneira, com menos efeitos sobre o consumo de alimentos, que, segundo ele, tem pouco índice de parcelamento. No entanto, os que investem valores precisam ficar atentos, pois como reforça Boulhosa, para esse setor a mudança é imediata.

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Cenário econômico

“O que é importante que se entenda, é que o Banco Central não é o causador dessa situação, ele é o remédio. O remédio você só toma quando está doente para corrigir alguma coisa, exatamente o que o Banco Central faz”, avalia Boulhosa. Na sua leitura do cenário econômico, ainda descreve um descontrole de gastos do Governo, que força o BC a reagir com medidas de atenuação. Para ele, o caminho de um cenário mais equilibrado é a contingência de gastos, ao invés de “apenas aumentar a captação de recurso por meio de tributos e impostos, o que ajuda a elevar a inflação”.

“O Banco Central só está reagindo a necessidade do que vem acontecendo, que é basicamente um governo que não consegue controlar seus gastos. Eu não estou falando de investimento, mas de gasto mesmo, porque investimento é uma coisa positiva, enquanto o gasto pode ser necessário ou não, e principalmente no Governo Federal, atualmente a gente vê muitos gastos desnecessários, um inchaço da máquina pública absurdo”, conclui.

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