MENU

BUSCA

Economia do Pará pode resistir a alta no dólar, explica especialista

Economista aponta “corte de gastos” como solução e critica postura de Lula

Maycon Marte

Após declarações do presidente Lula de que o governo precisa tomar atitudes para conter a alta no dólar comercial, a moeda americana registrou novo aumento nesta terça-feira (2). Para o economista paraense Rafael Boulhosa, a economia do estado deve resistir a este cenário por ser baseada principalmente na exportação de minérios e depender mais do mercado asiático. No entanto, destaca que além de lidar com todo o déficit criado no primeiro semestre deste ano, o governo precisa evitar discordâncias com o Banco Central e conter declarações imprudentes do atual presidente. 

VEJA MAIS

Dólar dispara no mercado financeiro

Cotação do dólar hoje: qual o valor do dólar para real nesta quarta-feira (03/07)
Moeda americana chegou ao patamar de R$5,67 nesta manhã. A baixa foi de 0,03% em relação ao último fechamento

Embora reconheça que o dólar incide com alguma influência sobre as exportações do Pará, o economista destaca que “o índice de atividades na economia chinesa influencia mais nas exportações paraenses”. No cenário local, a alta da moeda norte-americana é muito mais relevante quanto aos insumos e materiais importados, o que fica mais caro em decorrência da variação do dólar. “O problema é na verdade o que a gente importa e aí tem alimentos, máquinas e equipamentos que ficam bem mais caros”, aponta.

Na avaliação do especialista, declarações imprudentes do atual presidente e a sua discordância com o Banco Central, somadas ao déficit gerado no primeiro semestre, instalaram um clima de insegurança no mercado. “Os investidores, sejam eles brasileiros ou internacionais, percebem um estado de insegurança, pegam o seu lindo dinheirinho e levam ele para fora do país… para investir em um lugar mais seguro”, explica.

Balança Comercial

“A tendência é que de certa forma a balança comercial melhore porque na hora que o dólar sobe os exportadores brasileiros se sentem mais motivados e competitivos em exportar”, destaca Boulhosa. No entanto, embora seja um movimento aparentemente positivo, o economista lembra que somado à inflação, pode recair em possíveis prejuízos à atividade comercial interna. Segundo ele, “o que é produzido dentro do Brasil tende a aumentar de preço” para acompanhar os mesmos valores ofertados lá fora, o que justificaria aos produtores permanecer no comércio interno.

No Pará

Para o economista e conselheiro regional de economia dos estados do Pará e Amapá, Nélio Bordalo, de Belém, a receita em reais é uma das vantagens para as empresas exportadoras que podem converter seus ganhos do dólar para o real, aumentando os valores. No entanto, também ressalta o prejuízo com o encarecimento na importação de insumos. “Empresas que dependem de insumos importados enfrentam custos mais altos, o que pode pressionar suas margens de lucro. Isso afeta especialmente… produtos de consumo como eletrônicos, veículos e produtos de luxo, que ficarão mais caros para os consumidores paraenses, reduzindo o poder de compra e a demanda por esses produtos” afirma.

Sobre o reflexo do cenário nacional na balança comercial do Pará, a Coordenadora do Centro Internacional de Negócios da Federação das Indústrias do Pará (Fiepa), destaca algumas expectativas. “Com o aumento das exportações, pode ter alguma consequência, sem dúvida, uma alta na balança comercial. A gente pode prever essa alta daqui uns dois meses, três meses. Já que sofremos um crescimento nesse período, então alguns contratos devem estar sendo fechados, de câmbio, para que isso posteriormente seja entregue às vendas, no caso ao exterior”, explica.

Cassandra destaca o potencial da balança comercial do estado, que segundo ela, registrou uma variação de crescimento equivalente a 5,64% em comparação ao período de janeiro a maio do ano passado. Apesar disso, lembra que os dados apontam uma variação negativa de 2,30% entre abril e maio deste ano, mas espera uma reação melhor no segundo semestre com as safras de produtos da região, a exemplo da exportação de açaí. Entre as suas expectativas, a coordenadora conta com os empenhos do governo para neutralizar impactos e equilibrar as relações no mercado.

“Nós, como indústria, entendemos que o Governo Federal com certeza vai entrar dentro de um cenário de equilíbrio que possa trazer uma maior tranquilidade para esse aumento da moeda norte-americana e que a gente sabe, por mais que tratemos aqui no setor da parte internacional, isso compromete a margem de lucro dos nossos empresários, das nossas empresas, e torna tudo muito mais caro, o custo de produção também elevado, redução ainda mais de lucro. Isso tudo, de alguma forma, compromete o preço final e com isso os nossos consumidores também”, afirma Lobato.

Contenção de danos

Cortar gastos e falar menos, assim destaca o economista Rafael Boulhosa, sobre soluções que o presidente e o governo deveriam adotar para acalmar o mercado e melhorar o cenário econômico atual no país. “O governo precisa parar de jogar informações que façam com que o mercado se sinta inseguro e cortar gastos. Não tem essa história de aumentar imposto, o mercado não aguenta mais”, enfatiza.

Economia