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Dólar a R$6: Como você pode viajar para o exterior com a alta da moeda? Veja dicas de economistas

Planejamento financeiro, compra parcelada da moeda e destinos econômicos são algumas soluções para quem não quer adiar o sonho da viagem internacional.

Jéssica Nascimento

Com o dólar atingindo a marca de R$ 6, viajar para fora do país pode parecer mais distante, mas especialistas garantem que, com organização e estratégias bem definidas, é possível realizar viagens internacionais sem comprometer as finanças pessoais. Segundo eles, planejamento é a chave para minimizar os impactos da alta da moeda estrangeira. Por isso, o Grupo Liberal conversou com economistas para entender como os paraenses podem driblar o recorde da moeda norte-americana e viajar para o exterior. 

Planejamento e disciplina financeira são fundamentais

Para que o paraense consiga se organizar e realizar uma viagem internacional mesmo com o dólar em alta, é fundamental adotar estratégias de planejamento financeiro rigoroso e escolhas conscientes que minimizem os impactos da alta da moeda estrangeira. Isso é o que defende o economista André Cutrim, pesquisador da Universidade Federal do Pará (UFPA). 

Segundo ele, o atual cenário econômico exige, desta forma, muita organização, pesquisa e, acima de tudo, disciplina. O economista ressalta a importância de organizar o orçamento de forma detalhada e disciplinada. “Com o dólar em alta, o ideal é planejar com antecedência, criando um orçamento que inclua passagens, hospedagem, alimentação, transporte e até gastos com lazer e compras”, explicou.

Cutrim destaca que um planejamento rigoroso com metas de poupança mensais ajuda a criar uma reserva financeira sólida.

“Uma estratégia prática é a compra parcelada da moeda estrangeira. Adquirir o dólar aos poucos, especialmente quando há baixas momentâneas, ajuda a diluir riscos das oscilações e evita prejuízos”, pontua.

Para ele, plataformas digitais de câmbio podem ser usadas para monitorar as cotações em tempo real, o que ajuda na tomada de decisão.

O pesquisador da UFPA também recomenda escolher destinos com menor custo de vida: “Países da América Latina, como Argentina, Uruguai e Colômbia, ou até mesmo na Ásia, como Tailândia e Indonésia, são opções viáveis que oferecem experiências culturais ricas sem um orçamento exorbitante.”

No que diz respeito às passagens aéreas, é fundamental buscar promoções e utilizar programas de milhagens, conforme André Cutrim.

“As empresas aéreas e plataformas especializadas frequentemente oferecem descontos significativos em períodos de baixa temporada. Programas de fidelidade e cartões de crédito que acumulam milhas também são aliados valiosos para baratear o custo da viagem”, disse.

Outra opção, segundo o economista, é planejar o voo com flexibilidade de datas e horários, como viajar em dias de semana ou horários alternativos. Isso pode resultar em passagens mais baratas.

“Quanto à hospedagem, o viajante pode considerar alternativas como hostels, apartamentos de aluguel por temporada, ou até mesmo a hospedagem compartilhada (Airbnb)”, destacou.

Além de tudo, Cutrim também lembrou que outra possibilidade seria a de participar de programas de hospedagem voluntária, como o couchsurfing ou plataformas que oferecem acomodação em troca de trabalho voluntário, como o workaway. “Essas opções podem reduzir consideravelmente os custos com acomodação, um dos principais gastos de uma viagem internacional”, afirmou.

De acordo com ele, uma recomendação importante é priorizar a economia no destino. “Evitar restaurantes caros, optar por refeições em mercados locais ou cozinhar em acomodações com cozinha pode reduzir bastante os custos com alimentação”, indicou.

O economista avalia que “o viajante deve pesquisar sobre transporte público e pacotes de passeios com antecedência.” Para ele, isso permitirá evitar despesas desnecessárias. Cartões turísticos de cidades, que oferecem descontos ou entradas gratuitas em atrações, também são opções inteligentes.

Evitar surpresas: compre dólares aos poucos

O vice-presidente do Conselho Regional de Economia do Pará e Amapá, Pablo Damasceno Reis, reforça a dica sobre a compra antecipada da moeda como forma de se proteger. “O ideal é se programar seis meses ou até um ano antes da viagem e ir comprando dólares aos poucos. Isso evita surpresas com a disparada da moeda”, afirmou.

Reis também destaca que alugar um carro com antecedência e dividir despesas entre familiares ou amigos podem reduzir gastos no destino: “Viajar em grupo permite dividir transporte e alimentação, o que gera economia. Já quem viaja sozinho, às vezes, encontra mais vantagens em pacotes turísticos pelo custo-benefício.”

Ajuste as expectativas: destinos nacionais podem ser opção

Diante das incertezas econômicas e da desvalorização do real, Eduardo Costa, economista e professor da UFPA, considera importante rever o orçamento da viagem. “Antecipar a compra de moedas é fundamental, já que a tendência é que o dólar permaneça em alta. Se não houver condições favoráveis para o exterior, viajar pelo Brasil pode ser uma alternativa mais viável no momento,” aconselha.

Costa alerta que quem planeja usar cartão de crédito no exterior deve calcular com atenção a taxa de conversão, pois pode surpreender na fatura: “É importante saber os custos reais da viagem no ato da compra para evitar surpresas desagradáveis.”

Organização em família ajuda a driblar o dólar alto

Planejamento financeiro e um olhar atento às oscilações do mercado foram a estratégia utilizada pela coordenadora de marketing Taynar Costa em sua viagem ao exterior com a família. “Nossa reserva foi planejada com um acréscimo de 20% para cobrir possíveis variações da moeda,” explica.

Costa relata que a família comprou moeda gradualmente durante o ano, aproveitando quedas eventuais na cotação. Além disso, priorizar roteiros e experiências ajudou a não extrapolar o orçamento. “Estabelecemos uma ordem de prioridades e pagamos as atividades mais importantes com antecedência. Também optamos por cartões internacionais, evitando o IOF dos cartões nacionais”, completou.

Críticas à política econômica: percepção de classes sociais

Embora tenha preferência por não se identificar, uma professora e pesquisadora de universidade pública compartilhou uma visão diferente da alta do dólar. “Para quem viaja, seja o dólar R$ 5 ou R$ 6, a diferença não pesa tanto. O custo de vida dos países, como na Europa, acaba sendo o maior desafio”, afirmou.

Segundo a professora, “os mais ricos são os mais ‘mão fechadas’, mas eles não têm o menor escrúpulo, pois eles só ganham com essa política. Dólar caro não é problema para ele. Dólar caro só mexe no imaginário do pobre de classe média!”

Ela ainda criticou a política econômica e as tarifas aéreas elevadas: “O problema real são os lucros exorbitantes do sistema financeiro. É muito mais grave ver empresas sendo perdoadas por dívidas que prejudicam os brasileiros do que o impacto pontual do dólar caro.”









 

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