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Desenrola Brasil: golpistas já distribuem links falsos em redes sociais e aplicativos de mensagem

Brasil é líder global em fraudes aplicadas a partir de links falsos, como mostra um relatório da empresa de cibersegurança Kaspersky

O Liberal

Lançado na última segunda-feira (17), o programa Desenrola Brasil, de renegociação de dívidas, já tem sido usado como isca para fraudes que circulam no WhatsApp e nas redes sociais. Ao fazer uma busca pelo termo "desenrola" na biblioteca de anúncios do Facebook, centenas de links patrocinados aparecem.

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Uma parte desses endereços redireciona para sites fraudulentos. Por exemplo, um deles simula um chatbot de autoatendimento que faz perguntas e promessas enganosas sobre o programa de renegociação de dívidas, como descontos de 99%. Em outro link, um material chamado "Guia do nome limpo" é vendido por R$ 27, com pagamento via PIX ou cartão de crédito.

A Agência Lupa checou que há um link circulando no WhatsApp desde a última segunda-feira (17) instruindo pessoas a acessarem um site falso, que seria da Serasa. A empresa diz que faz renegociação de dívidas apenas por meio dos canais oficiais da empresa - o site Serasa Limpa Nome, o aplicativo para smartphone Android e iPhone e o WhatsApp (11) 99575-2096. E os bancos participantes do Desenrola têm canais próprios para os correntistas interessados em quitar dívidas adquiridas entre 2019 e 2022.

Segundo a coordenadora de soluções da Serasa, Franciele Tiburcio, é comum que golpistas se passem por representantes de empresas que renegociam dívidas nas redes sociais para oferecer propostas incompatíveis com o que é praticado no mercado. "Prometem retirar a negativação na hora e aumentar o score [pontuação] de crédito em 24 horas, o que é impossível", afirma.

Em um vídeo falso checado pelo UOL, por exemplo, consta que as dívidas serão perdoadas com 99% de desconto. Mas, os percentuais oferecidos pela Caixa e pelo banco Inter chegam ao máximo de 90%, e apenas para algumas condições. O valor final é decidido em negociação com o banco.

Prática

Tudo isso é feito com o objetivo de levar o endividado ao link falso. Nesse caso, o site é uma falsificação da plataforma da Serasa, em uma suposta edição especial do Desenrola Brasil, mas a empresa esclarece que não é responsável pelo endereço.

Um relatório da empresa de cibersegurança Kaspersky aponta que o Brasil é líder global em fraudes aplicadas a partir de links falsos, prática que usa uma isca e, por isso, é chamada de phishing, em referência ao verbo pescar, em inglês. Foram identificadas 76 mil tentativas de phishing no Brasil apenas em 2022.

Os estelionatários usam esse engodo para furtar dinheiro e informações pessoais, que podem ser usadas em outros golpes financeiros, como compras online, criação de contas-laranja e outros crimes. Os golpes também ocorrem no Telegram e Viber, em menor proporção.

Divulgado nesta terça-feira (18), o novo relatório da Kaspersky mostra que 65% dos brasileiros não sabem reconhecer se um site é legítimo. Para evitar fraudes, a empresa recomenda desconfiar de promessas exageradas, verificar o endereço do site, que pode conter erros gramaticais e trocas de letras por números, e ter um antivírus instalado no aparelho.

O Ministério da Fazenda informou que divulga orientações sobre o programa nas redes sociais. E as pessoas podem denunciar as fraudes às instituições representativas do setor bancário, como a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e a Associação Brasileira dos Bancos Comerciais (ABBC).

Economia