Cotação do dólar hoje: qual valor o dólar fechou nesta segunda-feira (10/02)?
Real se aprecia com commodities enquanto Trump não confirma 'tarifaço'
Apesar do sinal predominante de alta da moeda americana no exterior, o real experimentou um leve movimento de apreciação nesta segunda-feira, 10, embalado pelo apetite de estrangeiros por ativos domésticos, em dia de avanço de preços de commodities como petróleo e minério de ferro.
Segundo operadores, o anúncio ontem do presidente Donald Trump de imposição de tarifas de 25% sobre aço e alumínio a partir de hoje e de tarifas recíprocas ainda nesta semana não trouxe grande aversão ao risco. Investidores ainda esperam a decisão oficial e especulam sobre possível recuo tático de Trump, como ocorreu nos casos de México e Canadá.
Pela manhã, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, indagado sobre eventual resposta do governo brasileiro sobre a taxação de 25% sobre importações de aço e alumínio pelos EUA, disse que a decisão é só se manifestar "oportunamente", com base em intenções concretas. O Brasil figura no grupo dos três maiores exportadores de aço aos EUA, ao lado de México e Canadá. À tarde, o vice-presidente Geraldo Alckmin reforçou que acredita no diálogo, ressaltando que, em episódios anteriores de taxação, houve estabelecimento de cotas.
Com o avanço da moeda americana no exterior, o dólar até abriu em alta por aqui e chegou a superar o nível de R$ 5,80 na primeira hora de negócios, com máxima a R$ 5,8246, mas arrefeceu longo em seguida e registrou a mínima da sessão ainda pela manhã, a R$ 5,7648. Após rondar a casa de 5,78 ao longo da tarde, o dólar fechou a R$ 5,7860, em queda de 0,13%, passando a acumula desvalorização de 0,87% em fevereiro e de 6,38% em 2025.
Operadores notam que a liquidez foi reduzida, o que sugere ausência de mudanças relevantes de posições. Principal termômetro do apetite por negócios, o contrato de dólar futuro para março teve volume fraco, abaixo de US$ 10 bilhões.
O economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, vê a apreciação do real como fruto de entrada de recursos estrangeiros, com a alta das commodities e a atratividade das operações de carry trade. Ele cita a possibilidade de investidores virem ao Brasil como forma indireta de aproveitar a melhora de expectativas para a China.
"Bancos de investimento dizem que é muito difícil investir na China. A bolsa lá apresenta um rali muito grande. Comprar ativos de países com exposição à economia chinesa seria uma alternativa E o Brasil com suas blue chips se encaixa nessa definição", afirma Borsoi.
Operadores também veem a possibilidade de certo recuo de prêmios de risco que haviam sido embutidos na taxa de câmbio no fim do pregão da última sexta-feira, 7, após a ventilação de possível reajuste do Bolsa Família em razão da alta de alimentos, na esteira da entrevista ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Wellington Dias, em entrevista ao portal Deutsche Welle. A proposta foi desmentida em nota pela Casa Civil no início da noite de sexta-feira, mas após o fechamento do mercado de câmbio Fontes da equipe econômica já haviam dito que se tratava apenas de ruído.
"Houve um estresse na sexta-feira com a notícia de que poderia haver aumento do Bolsa Família, que depois foi desmentido pelo ministério da Fazenda. O dólar até se valorizou um pouco na tarde de sexta, mas hoje já está em queda", afirma o economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala, para quem a perspectiva de mais aumento da taxa Selic ampara o real. "Com um diferencial de juros alto, há uma pressão forte para a apreciação da taxa de câmbio, podendo levar o dólar para a casa dos R$ 5,50. O carrego está muito alto, tornando o real atrativo para investidores estrangeiros".
Amanhã sai o IPCA de janeiro, que deve mostrar variação de 0,16%, segundo mediana de Projeções Broadcast, após alta de 0,52% em dezembro. Analistas ouvidos pelo Broadcast afirmam que boa parte da desaceleração do índice será explicada pela entrada do bônus de Itaipu na tarifa de energia elétrica. O Boletim Focus desta segunda-feira trouxe nova piora das projeções de inflação e perspectiva de taxa Selic em 15% no fim deste ano.
No exterior, o índice DXY - que mede o desempenho do dólar em relação a uma cesta de seis divisas fortes - operou em leve alta e rondava os 108,300 pontos no fim da tarde, após máxima aos 108,440 pontos. A moeda americana subiu na comparação com a maioria das divisas emergentes e de países exportadores de commodities, com exceções como o real, o peso chileno e o dólar australiano.
Investidores aguardam a divulgação nesta semana da inflação ao consumidor e ao produtor nos EUA para calibrar as apostas em torno dos próximos passos do Federal Reserve. Por ora, o BC americano diz que a política monetária está "bem posicionada" e vai acompanhar os indicadores para avaliar os impactos das medidas de Trump sobre atividade e inflação. O presidente do Fed, Jerome Powell, fala no Congresso americano amanhã, 11, e na quarta-feira, 12.