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Conta de energia dos paraenses vai ficar mais cara no segundo semestre deste ano

A mudança ocorre devido ao acionamento da bandeira amarela e ao Reajuste Tarifário Anual

Kamila Murakami

Os paraenses vão pagar mais caro na conta de energia a partir do segundo semestre deste ano. A mudança acontece devido ao acionamento da bandeira tarifária amarela informado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) esta semana, que vai gerar um acréscimo de R$1,88 a cada 100 kWh consumidos no mês de julho. Com o reajuste, o Pará deve se manter como o estado com a conta de luz mais cara do país.

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“Em minha casa a família toda é preocupada com o desperdício de energia gerado por luzes, ventiladores, carregadores, até mesmo ar condicionado. Mas, é questionadora a situação de contratar o serviço de energia solar visando até uma "folga" a fim de um "conforto" e no final das contas pagar quase o dobro do valor, sem folga e conforto”, narra Jonny.

Agora, com o anúncio da mudança de bandeira, que vai tornar a tarifa mais cara, o músico se diz preocupado e “sufocado”. “É uma surpresa totalmente desagradável. A cada mês que passa, a pressão aumenta e somos obrigados a nos adequar, abrir mão de coisas essenciais”, enfatiza.

Conforme divulgado pela agência reguladora de energia, a mudança de bandeira neste mês de julho aconteceu devido à previsão de chuvas abaixo da média para o período, além da expectativa do aumento na carga e do consumo de energia nesta época do ano.

Com a escassez de chuva, as usinas hidrelétricas passam a funcionar no limite de produção, o que torna necessário o uso das usinas termelétricas, que produzem energia a partir da queima do carvão mineral. A opção, no entanto, custa mais caro aos cofres públicos e o valor é repassado para as contas de energia dos consumidores.

Reajuste Tarifário Anual

Além do aumento previsto com troca de bandeiras, a partir do dia 07 de agosto os paraenses terão mais um acréscimo na conta de energia: o Reajuste Tarifário Anual. O ajuste é feito todos os anos, no aniversário de concessão da empresa de energia que opera no estado. Por meio de nota, a Aneel disse que o reajuste está em análise pela área técnica, mas até o momento não foi estabelecido de quanto será o aumento.

“O processo deverá ser deliberado e aprovado em reunião pública da diretoria colegiada da Agência, ainda sem data definida para o assunto entrar em pauta. As novas tarifas ‘deverão’ entrar em vigor em 7 de agosto”, informou o órgão.

Também em nota, a Equatorial Energia disse que “conforme contrato de concessão para prestação do serviço público de energia elétrica, a definição do reajuste tarifário pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) ocorre anualmente no aniversário do contrato, que no caso do Pará se dá em agosto. Neste contexto, a Equatorial Pará informa que a Aneel ainda não definiu o índice de reajuste tarifário para clientes do Pará.”

O paraense Carlindo Lins é consultor de energia e destaca que, diferente do ano passado - no qual foi realizada a revisão tarifária - este ano a Aneel fará apenas o reajuste. “O mais importante é que os indicadores do ciclo tarifário que foram definidos no ano passado serão mantidos durante o intervalo até a próxima revisão, que vai de 2023 até 2027”, cita.

O especialista explica que, embora o Pará seja um grande gerador e exportador de energia, a partir das usinas hidrelétricas de Tucuruí e Belo Monte, a produção não entra na composição tarifária e o estado não é compensado pelo que produz. Além disso, de toda eletricidade que é produzida no estado, apenas 28% é aproveitado pelos consumidores paraenses. Os outros 72% são enviados ao restante do país.

Os custos operacionais e os investimentos necessários para o funcionamento da rede elétrica acabam sendo cobrados na conta de energia dos consumidores paraenses, de forma que a tarifa seja necessária para custear toda a cadeia energética.

De acordo com Carlindo, no caso do Pará, as linhas de distribuição são extensas para poder alcançar a população que vive nas regiões mais longínquas, e o valor do investimento e os gastos com custos operacionais são rateados por uma média de três milhões de consumidores. “O paraense acaba sendo penalizado por morar em um estado de dimensões tão grandes e com uma densidade demográfica tão baixa", enfatiza.

Um outro ponto abordado por Carlindo é que a mudança nos hábitos de consumo por parte da população, como a adesão à energia solar, também acaba impactando nas contas dos consumidores em geral. "O que está acontecendo agora é que o consumidor cativo está pagando mais caro também por conta da migração dos consumidores que migraram para a energia subsidiada, seja no mercado livre ou energia solar. Isso está virando uma bola de neve, porque a conta que fica vai crescendo ano a ano”, conclui o consultor de energia.

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