Combustível, ambiente e desmatamento: evento sobre óleo de palma em Belém debate produção e desafios
Abertura do Palmacon ocorreu nesta quarta (23) e reuniu políticos, especialistas e empresários para debater os avanços e desafios da produção do óleo de palma
Principal evento nacional do setor de óleo de palma, o Palmacon 2024 teve início na manhã desta quarta (23) no Hangar Centro de Convenções. O evento é organizado pela Associação Brasileira dos Produtores de Óleo de Palma (Abrapalma) e tem como objetivo discutir a cadeia produtiva do produto e derivados, como alimentos, cosméticos e energia.
A abertura do Palmacon reuniu políticos, produtores rurais, empresários e especialistas. Presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (FAEPA), Carlos Xavier defendeu o potencial do Pará quanto à agropecuária. “No Brasil, só nós, paraenses, temos condições de produzir a palma de óleo”, afirmou. A palma de óleo é a planta que dá origem ao óleo de palma, óleo vegetal mais consumido do mundo. No país, o Pará lidera a produção dele.
Óleo de palma e a possível produção de combustível
Segundo Xavier, o estado tem as condições climáticas e ambientais necessárias para a produção de combustível ‘limpo’ com origem no óleo de palma por causa do índice de chuvas e da temperatura. “Vamos ter a oportunidade em novembro do ano que vem de mostrar pro mundo quem somos nós daqui da Amazônia”, disse o presidente da FAEPA.
“Só ficar calado não adianta. Nós temos que responder e responder à altura”, declarou sobre críticas externas que a região sofre quanto ao desmatamento. Conforme Carlos Xavier, que também faz parte do empresariado do agronegócio, não há mais o desejo de desmatamento no bioma, contudo a agropecuária não pode ser culpada por omissões de outros agentes contra o crime ambiental.
Agricultura familiar X Danos ambientais
Para Giovanni Queiroz, secretário de Desenvolvimento Agropecuário e Pesca do Pará, o óleo de palma contribui há muito tempo com o meio ambiente a partir do sequestro de carbono do ar. Segundo ele, o governo estadual objetiva adequar isso à vida do agricultor familiar com base em lucratividade e financiamento.
“A mata nossa, como ela é nativa, estável, ela sequestra muito pouco carbono. Tem um processo de sequestro de dia e eliminação à noite”, explica o secretário. Conforme Queiroz, no caso de outras monoculturas, há o sequestro e fixação do elemento, o que é importante.
Sobre casos de desmatamento para produção do óleo, o secretário afirmou que o governo não admite plantio em nenhuma área desmatada. “Não tem financiamento e tem fiscalização que proíbe verba. Não podemos mais admitir o desmatamento. Nós temos áreas antropizadas, alteradas, áreas já que não tem produção que justifique”, afirmou Giovanni Queiroz.
Produtor de óleo de palma tem parceria internacional
Mauro Almeida tem 46 anos e é agricultor familiar de Tomé-Açu, município paraense. Ele tem o apoio de uma empresa de extração de óleo de palma de Portugal para onde vende diretamente o óleo vegetal.
“A produção de dendê pra nós veio agregar valor porque a gente consegue diversificar a produção. Isso é um fator importante porque ela veio agregar aquilo que nós já tínhamos - a mandioca, a fruticultura”, destaca.
Além do azeite de dendê, Almeida cultiva cacau, açaí e outras monoculturas. Para ele, o evento Palmacon é importante, visto que a produção do óleo de palma tem destaque no país e no estado.
O que é o óleo de palma?
O óleo de palma é um produto extraído do dendezeiro, uma palmeira originária da África, que já faz parte da alimentação humana há mais de 5 mil anos. Também chamado de azeite de dendê, o produto é o óleo vegetal com maior produção mundial.
Ele está presente em alimentos industrializados, cosméticos, maquiagem, creme dental, sabão e outros itens de higiene. Ele ainda pode ser usado na fabricação de biodiesel e na geração de energia elétrica. Pelo menos metade dos produtos embalados nos supermercados contém óleo de palma. A estimativa é que cada pessoa consuma cerca de oito quilos do produto ao ano.
Quais as desvantagens e controvérsias do óleo?
Embora seja benéfico, o óleo de palma causa dano à saúde, principalmente se consumido em excesso e em alguns tipos de preparo. Ele pode chegar a ter 50% de teor de gordura saturada, enquanto no palmiste este índice chega até a 80%.
Em alguns dos preparos na indústria, o óleo é mantido em temperatura ambiente, em um estado semi sólido, e pode causar intoxicações no corpo, em casos de oxidação.
No meio ambiente, as áreas de plantação de palmeiras do dendê avançaram sobre florestas tropicais mediante desmatamento. A introdução das monoculturas contribuíram para a emissão de gases do efeito estufa, principal causador do superaquecimento global.