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Com posse de Trump nos EUA, setor industrial paraense prevê quedas nas exportações

A reeleição tem gerado certo receio, porém, é unânime entre os setores, inclusive políticos, aguardar os desdobramentos antes de dar mais detalhes.

Elisa Vaz

A posse do novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Republicanos), que ocorreu nesta segunda-feira (20), pode trazer impactos econômicos, políticos e diplomáticos ao Brasil, que é o maior parceiro do país norte-americano dentre as Américas. No caso do Pará, o esperado é que haja um peso maior à questão industrial, como fontes adiantaram ao Grupo Liberal. A expectativa é de que, logo nos primeiros dias de mandato, o presidente determine uma série de medidas que nortearão seu segundo governo na Casa Branca.

Em termos de relações econômicas, a reeleição tem gerado certo receio, porém, é unânime entre os setores, inclusive políticos, aguardar os desdobramentos antes de dar mais detalhes. A reportagem conversou de forma exclusiva com o vice-presidente executivo da Federação das Indústrias do Pará (Fiepa), Clóvis Carneiro, que citou uma possível retração nas exportações industriais do Estado a partir deste ano.

Indústria

“A nossa relação com os Estados Unidos não é tão grande, falando do Pará. A China é o maior comprador. Mas, um dos alvos da política de Trump é recuperar a indústria siderúrgica americana e, com isso, ele deve gradativamente aumentar as tarifas para o aço importado da China e de outros lugares. O Pará é um grande vendedor de minério de ferro. Se houver uma diminuição nas compras siderúrgicas nos EUA, é óbvio que as exportações do Pará vão ser atingidas”, menciona.

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Como explica Carneiro, a indústria siderúrgica é um setor de base que propicia o desenvolvimento dos diversos outros tipos de indústria, a exemplo da construção civil e da automobilística. Na opinião do vice-presidente da Fiepa, o principal desafio do Pará é se habilitar a exportar para os EUA. “Eles compram muito manufaturados, mas não do Pará, principalmente do Rio e São Paulo. Provavelmente, isso vai ser afetado, porque o Trump deve implementar gradualmente um programa de elevação de tarifas, para revalorizar a indústria americana”.

A nível federal, o representante da classe industrial comenta que as tarifas relativamente altas que o Brasil já pratica hoje, por si só, protegem a indústria. Porém, o país precisa de um Plano de Política Industrial, na sua avaliação. Melhorando a indústria, Clóvis diz que o país poderá competir com bens industriais de melhor valor agregado.

Comércio

A presidente da Associação Comercial do Pará (ACP), Elizabeth Grunvald, diz que as medidas podem impactar as exportações do Brasil e, consequentemente, o comércio de bens e serviços locais. Porém, ela acredita que, neste primeiro momento, não haverá mudanças significativas nas relações econômicas com o país norte-americano. Além disso, irá aguardar para avaliar as medidas efetivas a serem adotadas por Donald Trump, especialmente a tarifação de bens importados da China e, eventualmente, de outros mercados.

"Havendo restrições às importações de mercadorias chinesas nos Estados Unidos, a China deverá direcionar suas mercadorias para outros mercados, exercendo forte pressão sobre as indústrias de transformação, inclusive na brasileira. Isso poderá exigir algum grau de proteção à indústria nacional”, diz. Ainda segundo Grunvald, o varejo pode ser afetado em relação às margens de lucro das grandes empresas importadoras, pelo aumento do custo de importação de produtos e o pagamento das dívidas em dólar, o que poderá ser repassado ao consumidor final”.

Ela ressalta, ainda, que o Pará vive um momento muito bom, com possibilidade de expandir as parcerias internacionais, com foco na economia verde e biodiversidade, o que diminuiria a dependência e abriria novas portas para o setor produtivo do Estado. “Portanto, acreditamos que não teremos ameaças muito importantes que possam impactar de forma significativa o comércio local”.

Agropecuária

O Grupo Liberal também entrou em contato com a Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (Faepa). O zootecnista e diretor da entidade, Guilherme Minssen afirma que os Estados Unidos têm uma importância bem diversificada em produtos como carnes, óleos vegetais, madeira e fruticultura. De todos os produtos exportados, a Faepa tem especial trabalho na exportação de carnes vermelhas, pela qualidade e alta competitividade do setor, segundo ele.

"Não acreditamos em mudanças neste setor, mas precisamos ter muita atenção, pois os americanos são nossos maiores concorrentes no mercado de grãos. E o novo cenário político americano, a médio prazo, pode nos trazer um grande avanço em políticas comerciais, pela evolução que estamos tendo na produtividade e principalmente pelos preços da balança comercial, via dólar aquecido e real desvalorizado”, adianta.

Economia