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Com juros a 430% no ano, cartão de crédito exige cuidados; confira dicas para não se endividar

Economista reforça necessidade de anotar e controlar os gastos e defende que, em caso de inadimplência, usuário deve abandonar a modalidade

Elisa Vaz

Os juros cobrados nas operações com cartão de crédito alcançaram 430,5% ao ano em março, um aumento significativo em comparação a fevereiro, quando estava em 417,4%, segundo dados do Relatório de Política Monetária, divulgado pelo Banco Central (BC). Este é o maior nível em seis anos, e gera ainda mais preocupação em quem usa a modalidade de pagamento no dia a dia.

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Segundo o economista Valfredo de Farias, o cartão de crédito não é o vilão dos consumidores, mas eles precisam saber utilizar o crédito para que não fiquem dependentes e saibam controlar bem o orçamento.

“Por exemplo, hoje para fazer uma assinatura de serviço na internet, de aplicativos, de softwares, você precisa de um cartão de crédito; para fazer um plano recorrente em academias e outros locais também; e, às vezes, em um momento de aperto momentâneo, que você não recebeu o salário, pode utilizar o cartão de crédito e depois compensar. Então ele se torna um aliado, até pelas vantagens como milhas e cashback. Bem administrado, o cartão é uma coisa boa”, afirma.

Cuidados

Mas, a partir do momento em que o usuário cria uma dependência, o cartão passa a ser uma modalidade ruim a se escolher. De acordo com o economista, isso acontece quando a pessoa começa a comprar muito com o cartão de crédito, estoura o limite, não tem controle, faz muitos gastos e, no final, não tem dinheiro disponível para usar, apenas o cartão.

“Quando você chega nesse nível de dependência, é porque está utilizando de forma muito preocupante o cartão. A partir desse momento em que você precisa pagar o cartão para liberar espaço nele para comprar coisas essenciais do dia a dia, é porque já está no nível de dependência muito grande com o cartão. É o momento de começar a se preocupar”, alerta Valfredo.

Ele explica que esse problema existe porque muitas pessoas utilizam o cartão como se fosse parte da renda. Esse comportamento pode resultar em atraso do pagamento da fatura, cobrança de juros altos e inadimplência. Uma forma de quebrar este ciclo é ter poucos cartões de crédito, segundo o especialista, evitando a possibilidade de descontrole de gastos.

Além disso, estabelecer um limite plausível, não muito grande, e de acordo com a renda, é essencial. “Ter um limite no cartão maior que a renda é um risco, porque, em algum momento, você vai usar todo o limite desse cartão e a chance de não ter recurso para pagar é muito grande, e vai se enrolando. Então, a dica para quem não quer se endividar com o cartão é ter um ou dois, no máximo, e sem limites muito altos. Quanto menor o limite, mais controle você vai ter”, ressalta.

Por exemplo, na avaliação de Valfredo, se o trabalhador ganha um salário mínimo, pode ter um limite de até R$ 2.000. Se você ganha R$ 5.000, o limite de R$ 5.000 é suficiente. “Ou seja, para quem ganha pouco, uma vez e meio o valor do salário e, para quem ganha muito, o limite no teto da renda”, orienta.

Alerta

Outro cuidado que o economista cita é com as vantagens que os cartões oferecem, como cashback e milhas. A dica dele é, se a pessoa utilizar o crédito apenas para ganhar esses benefícios, o ideal é pegar o mesmo valor da compra e transferir para uma conta segura, com o objetivo de, no final do mês, ter o dinheiro para quitar aquela conta e ver o benefício fazendo sentido: “Todo gasto que você fizer no cartão, vai transferindo esse mesmo valor para uma outra conta e, quando chegar a fatura, ele já está ali justamente para pagar o cartão”.

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Anotar os gastos e as parcelas de cada mês também é fundamental, diz Valfredo, porque, assim, o consumidor sabe quanto do limite está comprometido a cada fatura e evita gastos que ultrapassem o que pode pagar. E, em caso de inadimplência, embora seja um conselho “radical”, o economista não descarta que o usuário deixe de usar o cartão, mesmo que isso signifique quebrá-lo, segundo ele.

“Pouquíssimas pessoas que se endividaram com o cartão conseguiram sair dessa seara sem deixar de utilizar o cartão. Isso é uma bola de neve que não para de rodar nunca e, a cada vez, ela vai aumentando. O correto seria o seguinte: negociei com o cartão, eu quebro esse cartão para não ter a chance de usar mais. Ou então, se a pessoa for mais disciplinada, ela esquece cartão, não consome mais nele”, indica. A ideia é que, dentro de três meses, o orçamento esteja mais controlado sem o uso do crédito.

Dicas para ter mais controle com o cartão de crédito

  • Anotar os gastos e acompanhar cada fatura
  • Não ter muitos cartões de crédito
  • Evitar limites altos, principalmente na comparação com o salário
  • Não fazer uso desnecessário do crédito
  • Evitar muitas compras parceladas
  • Se usar o crédito para benefícios, guardar dinheiro referente a cada compra
  • Em caso de inadimplência, não usar o cartão até se organizar

Economia