MENU

BUSCA

Cesta básica corrói poder de compra após reajuste do salário mínimo no Pará, diz economista

O Grupo Liberal ouviu especialistas e consumidores que comentaram o que muda com o reajuste.

Gabi Gutierrez

O reajuste do salário mínimo para R$ 1.518,00, em vigor desde janeiro de 2025, trouxe um aumento nominal de R$ 106,00, representando um ganho real de 2,5%. No entanto, no Pará, o impacto desse acréscimo tem sido limitado diante da alta dos preços dos alimentos, que continuam a pressionar os orçamentos das famílias. O Grupo Liberal ouviu especialistas e consumidores que comentaram o que mudou com o reajuste.


VEJA MAIS

Cesta básica fica 2% mais cara em Belém
Levantamento divulgado ontem pelo Dieese é referente ao mês de novembro e mostra que o preços dos 12 produtos mais consumidos pelos moradores da capital paraense continuam sofrendo reajustes


Economistas paraenses explicam o impacto da inflação aos consumidores
Em Belém, o índice superou a média nacional e registrou 0,46% em novembro

O economista André Cutrim Carvalho ressalta que esse comportamento é reflexo da perda do poder de compra. “O aumento do salário mínimo, apesar de positivo, é corroído pelos reajustes desproporcionais de alimentos e serviços básicos. Isso força as famílias a fazer escolhas difíceis, abrindo mão de itens menos essenciais para garantir a sobrevivência”, explica.

Planejamento 

Apesar do aumento de R$ 106,00 no salário mínimo, muitas famílias ainda enfrentam dificuldades para equilibrar as contas. Vanessa Corrêa, manicure e mãe de três filhos, acredita que o reajuste não trouxe mudanças significativas. “O salário aumentou, mas o preço da alimentação continua subindo. Parece que não mudou nada, porque mais da metade da minha renda vai só para comida. É difícil melhorar com tudo tão caro”, lamenta.

Vanessa Corrêa ainda diz: “Mesmo com planejamento, há coisas que a gente simplesmente não consegue comprar. É um mês um pouco disso, outro mês um pouco daquilo, e vai indo”, explica a manicure.

A estudante Lilian Lisboa também reforça a necessidade de priorizar. “Hoje, alimentação é o que mais pesa no bolso. A maioria das pessoas que eu conheço tenta guardar um pouquinho todo mês ou aproveitar promoções para comprar um ‘luxinho’. Mas é difícil, porque tudo aumentou e o salário não acompanha”, reflete.

Pouco impacto no poder de compra geral

Apesar do aumento salarial injetar cerca de R$ 199 milhões por mês na economia paraense, o Dieese estima que o salário mínimo necessário para cobrir todas as despesas de uma família de quatro pessoas seria de R$ 7.067,68. “Esse dado revela a distância entre o piso atual e as necessidades reais das famílias”, destaca Everson Costa​.

Embora o reajuste traga algum alívio, o consumo de produtos considerados "supérfluos" ou de maior valor agregado segue restrito para muitas famílias. Vanessa é mãe de três e revela que a alimentação tem pesado no bolso. “Mais da metade da minha renda vai para comida, e mesmo assim a gente tem que se programar para comprar o que precisa. Quando quero comprar algo fora do básico, só dá com muito planejamento e pesquisa de preços”, relata.

Preços dos alimentos pressionam o consumo

Os números mostram que, embora a média de aumento da cesta básica tenha ficado abaixo da inflação oficial, itens essenciais tiveram altas expressivas. Carne (11,28%), leite (16,19%) e arroz (19,29%) estão entre os produtos que mais encareceram o orçamento familiar. Por outro lado, o tomate (-22,90%) e o feijão (-8,68%) apresentaram queda, mas não compensam o impacto geral​.

Além disso, o peso do custo logístico na região Norte aumenta ainda mais a pressão sobre os preços. “No Pará, os desafios econômicos são agravados pela logística cara e pela desigualdade regional. Sem políticas que garantam o acesso a bens essenciais a preços mais competitivos, o impacto positivo do reajuste do salário mínimo se torna limitado”, analisa Cutrim.

Economia