Ceia de natal deve estar mais cara este ano, aponta Dieese
Valores refletem a instabilidade do dólar e reajuste de insumos
Os produtos consumidos nas ceias de natal, como, por exemplo, o peru, normalmente ficam mais caros com a aproximação da data, devido à demanda mais intensa, mas esse movimento ganha novos fatores este ano. O levantamento do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese-PA) indica um aumento que pode chegar a 40% sobre o produto. Consumidores da capital paraense percebem o aumento e apostam na pesquisa de preços para conseguir economizar.
Das causas que justificam os valores elevados, a instabilidade do dólar se soma à alta demanda dos consumidores. A moeda americana fechou em mais de R$ 6, o que aumenta os custos de importação, produção e frete sobre insumos essenciais neste período. Esse cenário, segundo o Dieese, levou a produtos com preços que superam em mais que o dobro a média da inflação, calculada em 4,8%.
No mapeamento da entidade, o quilo do chester perdigão está custando em média R$ 34,49, uma alta de 40,26%. Seguido pelo peru perdigão (29%) e o peru sadia (27%). Os resultados encontrados pelo departamento também surgem nos relatos dos consumidores em Belém, que apontam uma variação muito maior na comparação com os preços no mesmo período do ano passado.
Na avaliação de Jorge Portugal, presidente da Associação Paraense de Supermercados (Aspas), o preço elevado de produtos como o peru de natal não tem qualquer relação com o dólar, por não ser importado. Ele explica que é principalmente a demanda do período de fim de ano que eleva os preços, mas não apenas. Além da movimentação, houve um encarecimento de insumos utilizados na criação desses animais, o que levou a um reajuste no valor do produto final.
“É um aumento normal em função dos insumos, e vem em cadeia, como houve no caso da carne, do frango e de outros. Agora, produtos como a castanha portuguesa está mais difícil de importar, o azeite também subiu muito e outros importados, esse, sim, são afetados pelo dólar”, explica.
A estratégia dos autônomos Breno e Carolina Ataíde para escapar dos preços elevados é a pesquisa. Eles contam que comparam todos os produtos de marcas diferentes e até em estabelecimentos diferentes. O que manda na hora da escolha, segundo eles, é o produto mais em conta, sem olhar a marca, mas considerando também a qualidade do produto.
“A gente pesquisa, e como trabalhamos com bufê, vamos em todos os supermercados olhando qual é o mais barato… A gente vai sempre pelo mais em conta, porque tem marca que não adianta você comprar mais barato e depois ter um gosto ruim”, explicam.
A aposentada Sebastiana dos Santos conta que sempre escolhe o peru ao invés do chester, por exemplo, por ser mais em conta e render mais na sua família, que não é tão grande. “Ano passado, eu consumi a metade do peru”, lembra. Ela afirma que tem encontrado o produto em até R$ 200, por isso também aposta na pesquisa de preço para economizar. Um preço mais razoável para o seu bolso seria algo em torno de R$ 120, valor que ela conseguiu encontrar na manhã desta quinta-feira (19/12).
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Apesar de os supermercados já estarem mais movimentados, a funcionária pública Inailde Barata acredita que ainda é possível encontrar preços melhores. “Está dentro da média para o que eu esperava nesse período, acho que para a semana vai subir”, afirma. Em comparação com o ano anterior, ela destaca que o cenário era mais favorável. “Ano passado estava bem melhor, a gente ainda encontrava de R$ 90, de R$ 60, agora é só de R$ 100 para cima, mas sempre aparece alguma promoção relâmpago”, explica.
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