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Busca por empréstimo no Pará cresce 2,1% no primeiro semestre de 2024

Estado vai na contramão do cenário nacional, que registrou diminuição de 1,1% nos créditos durante o mesmo período

Camila Azevedo

As buscas por empréstimo no Pará cresceram. Dados do Indicador de Demanda dos Consumidores por Crédito da Serasa Experian indicam que o estado registrou aumento de 2,1% na demanda de créditos durante o primeiro semestre de 2024, período compreendido de janeiro a junho. O número vai na contramão do cenário nacional: no Brasil, houve uma diminuição de 1,1% nas procuras desses recursos - retração menor do que a de 2023, quando o valor caiu para 12,5%.

O Pará está entre os seis dos sete estados do Norte que apresentaram crescimento na busca por empréstimos. O destaque, no entanto, é para o Amapá, com 9,1% a mais de consumidores demandando créditos, seguido pelo Acre, com alta de 6,5%, e Roraima, com 6,4%. Segundo a Serasa Experian, que leva em consideração uma amostra significativa de CPFs para definir os dados, Tocantins foi a única unidade federativa da região que teve uma diminuição acentuada, chegando a 4,6%.

O aumento na quantidade de procura é refletido no aumento dos valores emprestados. Números obtidos através do Banco Central (BC) apontam que o Pará, no primeiro semestre de 2023, foi responsável por mais de R$ 443 milhões em empréstimos para pessoas físicas. Já em 2024, foram cerca de R$ 502 milhões. Este ano, o mês que bateu o recorde de transações foi junho, tendo R$ 87,3 milhões em créditos concedidos para os paraenses - 15% a mais do que o registrado no mesmo período de 2023.

Taxa de juros

O economista Rafael Boulhosa ressalta que entre os motivos dos empréstimos realizados está a necessidade de pagar dívidas antigas. Os juros dos bancos podem ser menores do que os juros rotativos dos cartões de crédito, por exemplo. “Empréstimos podem ser para pagar uma conta, para comprar alguma coisas… Se for, realmente, uma situação de emergência, pegar um empréstimo é melhor ou menos pior do que deixar o cartão vencer, do que deixar de pagar aquele bem e o banco tomar”.

As buscas por empréstimo seriam maiores, Boulhosa afirma, se os encargos fossem menores. A Selic, taxa básica de juros da economia brasileira, está em 10,50% atualmente - ela é usada pelo BC para controlar a inflação no país e influencia nos valores que serão cobrados nos créditos. “Estão em alta. O parecer técnico do BC indica que é necessário uma taxa de juros alta para evitar a inflação. Quando o BC eleva essa taxa, é para evitar que haja a expansão monetária”, enfatiza o economista.

“Essa taxa de juros, por mais que, tecnicamente, para controlar a inflação, está correta, do ponto de vista do crédito, ela dificulta a vida. Isso faz com que muita gente pergunte em quanto vai ficar o parcelamento, por exemplo, na compra de uma moto, carro ou apartamento. O juros vai estar embutido e sempre vai existir, porque essa pessoa que vende alguma coisa também vai estar pagando juros para o fornecedor, seja em uma casa, televisão…”, completa Rafael.

Solução passa por cortes de gastos do governo

O economista defende que reduzir as altas taxas de juros que impedem os paraenses de acessar os empréstimos passa por um corte de gastos do governo. “Tem tido muita despesa. Não é um dinheiro que impacta positivamente na economia, que proporciona uma melhoria na qualidade do investimento do Brasil. Com isso [redução dos gastos], por exemplo, pode haver redução das taxas de juros, da carga tributária… Então, tudo isso vai encarecendo as coisas de forma a ficar mais difícil você comprar algo e fazer empréstimos”.

Inflação pode aumentar

A inflação brasileira corre risco de aumentar e isso pode dificultar ainda mais a situação dos consumidores do Pará. Conforme destaca Rafael, se isso acontecer, o cenário certo é o aumento das taxas de juros. “O remédio que o governo poderia dar seria a redução de gastos, que tiraria a pressão sob a demanda. Esse é um ponto. O outro seria uma redução da carga tributária. A taxa de juros alta desestimula a população a consumir, tira a vontade das pessoas de gastarem dinheiro”, diz.

A situação econômica não é das melhores, no momento, e a dica que o economista dá é esperar uma estabilização. “Se você quiser fazer aquisição de um bem de maior valor, tente esperar um pouco mais. A taxa de juros está alta. Procure formas mais baratas. Algumas pessoas pegam consignado, mas muitos pegam para comprar bobagens. Com as taxas altas, compre apenas o essencial e não pegue dinheiro emprestado para ninguém, esse é um risco”, finaliza Rafael.

Demanda dos consumidores da região Norte por crédito no primeiro semestre de 2024

Amapá → + 9,1%

Acre → + 6,5%

Roraima → + 6,4%

Amazonas → + 4,3%

Pará → + 2,1%

Rondônia → + 1,7%

Tocantins → - 4,6%

(Fonte: Serasa Experian)

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