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Brasil Origem Week: fruticultura paraense prospecta novos mercados na Europa

Um dos diferenciais da produção do Pará é a sustentabilidade, além da qualidade da Amazônia

Elisa Vaz, direto de Portugal

Reduzir as fronteiras entre o Brasil e a Europa e fomentar negócios para os produtores brasileiros em solo português é o principal objetivo do Brasil Origem Week, evento que teve início na última quinta-feira (6) e segue até este domingo (9) em Porto, Portugal, e que conta com a presença de vários paraenses. Do açaí ao cacau, passando pelo abacaxi, sucos de frutas, polpas e mel, a exposição apresenta ao público a qualidade da produção paraense e cria expectativas para que o Estado alcance novos mercados e aumente sua exportação.

Coordenador do Brasil Origem Week, Marco Lessa diz que há estágios diferentes de divulgação da cadeia produtiva do Pará. “Existem alguns produtores que já estão exportando, tem outros que estão aptos para exportar, mas ainda não encontraram a oportunidade, e tem outros que precisam aprender. Esses que ainda estão em uma fase de preparação para exportação nós não podemos soltar as mãos deles. Muito pelo contrário, é preciso mais proximidade e orientação para que a gente tenha uma gama de iniciativas no Estado inteiro e possa exportar desde o cacau até as biojoias”, declara.

Mais espaço

Sendo o primeiro produtor de cacau e de abacaxi do Brasil, o Pará tem na fruticultura um grande potencial de negócios, para além do que já tem sido feito hoje. Segundo o gerente de fruticultura da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap), engenheiro agrônomo Geraldo Tavares, a escolha dos produtores para o evento foi baseada na cadeia à qual eles fazem parte.

“Escolhemos os frutos das principais cadeias do Pará. Por exemplo, o Estado é o primeiro produtor nacional de abacaxi, estamos trazendo uma cooperativa que trabalha com abacaxi; também somos o principal produtor de cacau, então trouxemos representantes da cacauicultura; e, obviamente, o açaí. A procura é muito grande porque essas culturas são interessantes a nível internacional. A gente já tem um mercado, e aqui é uma forma de ampliar os negócios e promover esses produtos em larga escala”, explica.

O evento, na opinião de Geraldo, é uma vitrine e uma porta de entrada para o mercado internacional. Falando apenas do açaí, em 2023, foram exportados quase US$ 28 milhões, e um ano antes US$ 38 milhões. Isso, porém, representa apenas 10% do que é produzido pelas indústrias, então ainda há muito espaço a conquistar, de acordo com o gerente de fruticultura da Sedap.

Sustentabilidade

Uma das vantagens dos pequenos produtores é a sustentabilidade. O diretor técnico da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater-PA), Rosival Posidônio Nascimento, afirma que o governo do Estado, por meio da entidade, trabalha justamente nessa agenda. “Nós não podemos produzir hoje sem ter sustentabilidade, sob pena de cada vez mais pagarmos um preço muito caro, como tem acontecido. E os nossos produtores têm trabalhado e buscando tecnologias apropriadas para que possamos adotar a sustentabilidade”, comenta.

Entre as tecnologias que ele citou está o melhor uso da terra. “Começamos a trabalhar a terra que já foi produzida, que está parada, utilizando no processo produtivo e deixando de acoplar o processo produtivo às áreas novas, áreas de mata, realmente para diminuir o impacto ambiental”, destaca o representante da Emater-PA.

Divulgação

Produtor de abacaxi de Floresta do Araguaia, no Pará, Alex Duarte participa do Brasil Origem Week representando a Cooperativa dos Agricultores São Francisco (Cooasafra). Ele comenta que a cidade se destaca por ser considerada a capital nacional do abacaxi, e o intuito da participação no evento foi divulgar o produto. “Hoje é produzido o abacaxi pérola, que tem um período de durabilidade no mercado maior até chegar ao produtor e ao consumidor, ele vem se destacando por isso, e Floresta do Araguaia é o maior produtor de abacaxi”, diz.

Além do fruto in natura, Alex também trouxe a Portugal derivados, como o abacaxi desidratado, 100% natural, sem adição de conservantes, que é produzido no município, mais especificamente na região da Escolinha, onde está localizada a maioria dos cooperados, e a geleia de abacaxi com pimenta, que, de acordo com ele, é um destaque “muito grande” e tem conquistado o público.

Também estão expostos na sua banca os papéis artesanais produzidos por membros da Associação de Mulheres Empreendedoras (AME), de Floresta do Araguaia. O papel é feito a partir da palha do pé do abacaxi, que resulta em sacolas em vários formatos e cores. “Para nós é uma alegria estar participando desse evento, e a nossa pretensão é trazer os produtos de Floresta do Araguaia para o mercado europeu, começando por Portugal, que está abrindo as portas para gente. É uma grande oportunidade de mostrar nosso abacaxi e derivados dele”, comemora.

A empresa Fitomel, de Belém, participa com a representação do farmacêutico Raimundo Vogado. Ele conta que já são mais de três décadas de atuação, e que a organização tem parceria com agricultores familiares do Pará, já que o mel vendido é todo adquirido da região do Salgado, e com apicultores, por meio do fornecimento de materiais e equipamentos.

“Nosso objetivo é trabalhar só com mão de obra de agricultura familiar, dando suporte para eles. Adquirimos esse mel de Icoaraci, e hoje somos a única empresa de mel no Norte do país que tem condições para exportar para qualquer lugar do mundo, inclusive aqui na feira fizemos contato com pessoas interessadas, por causa da qualidade do mel que o Pará está produzindo”, celebra. Ele ainda diz que a empresa tem parceria com artesãos que utilizam restos de madeira para fazer as embalagens do mel.

Apoio

Já Geraldo Tavares menciona que o governo do Estado também ajuda de outras formas. A primeira, em relação ao cacau, é por meio do Fundo de Desenvolvimento da Cacauicultura do Pará (Funcacau), ligado à Sedap. A secretaria faz, ao longo da última década, a promoção da cacauicultura via Programa de Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Cacauicultura (Procacau), que viabiliza o Funcacau, em que os produtores são taxados a cada tonelada vendida para fora do Estado. Esse recurso vai para o fundo, cujo recurso promove a cadeia por meio de eventos e projetos. Além disso, outra iniciativa é o Programa Estadual de Qualidade do Açaí, que proporciona capacitação aos produtores.

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