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BMW e Audi são queridinhos entre os carros de luxo no Pará

Pandemia do coronavírus não afetou drasticamente seguimento

Natália Mello

"O paraense que possui um poder aquisitivo maior gosta de gastar dinheiro com carro”, afirmou Marcello Moura, gerente geral de uma concessionária em Belém, que atua no segmento automotivo de luxo desde 2014. E os dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) comprovam essa afirmação: em 2018, foram emplacados no Estado 64 veículos da marca; em 2019 esse número aumentou para 68; e, até agosto de 2020, o levantamento aponta a venda de 42 carros da fabricante alemã, superando a marca registrada no mesmo período do ano passado.

O que impressiona as concessionárias que atuam no segmento é que, na contramão das dificuldades econômicas experimentadas pela maioria da população mundial na pandemia, o mercado se mantém estável. Na observação de Marcelo, se deve ao fato de um comportamento padrão das pessoas com alto poder aquisitivo: antes do coronavírus, era possível viajar, realizar grandes eventos. Com o fechamento das fronteiras, os recursos dispensados a esse tipo de lazer foi substituído pelo luxo de comprar um carro melhor.

“O volume de dinheiro dessas pessoas mais abonadas, que gastavam em viagens, jantares, ficou reprimido. Então foi uma forma de gastar esse dinheiro. Se demoravam antes para trocar o carro, agora estão trocando com um ano, até mesmo, seis meses, porque eles pensam, o dinheiro está lá, né”, afirma. Um dos números informados por Marcelo é a venda do modelo Q7, que hoje custa mais de meio milhão de reais – em torno de R$ 580 mil. A concessionária vende, por ano, seis veículos. Ou seja, um a cada dois meses. Além desse, outro carro, como o R8, avaliado em R$ 1,5 milhão, foi vendido no ano passado. “Esse é um carro mais esportivo, top de linha. Oriundo das pistas de competição e está nas ruas”, conta.

BMW e Audi

Segundo os números da Fenabrave, foram 322 carros de luxo de seis marcas vendidos em 2019. No ano seguinte, uma pequena queda, esse número baixou para 307. Já este ano, até meados de agosto, o levantamento aponta a comercialização de 204 veículos. A marca que mais emplacou no Estado foi a marca também alemã BMW, seguida da Audi. Veículos como Jaguar (britânica) e Mustang (EUA), fábricas conhecidas internacionalmente por modelos modernos e esportivos de luxo, venderam 52 veículos nesses poucos mais de dois anos, respectivamente.

Apesar da alta demanda pelo segmento esportivo de luxo, Marcelo lembra que esse crescimento poderia ser ainda maior, caso as indústrias não tivessem enfrentado e ainda enfrentem dificuldades devido à falta de alguns componentes. O gerente da concessionária explica que os chamados semicondutores, peças chaves na composição de diversos eletrônicos e matéria-prima para a produção de chips, entraram em falta, e então passou a afetar o mercado do grupo automotivo.

image Automóveis precisam de um material que está escasso: semicondutores (Jahoo Clouseau / Pexels)

“Tudo de eletrônicos requer esses semicondutores. Isso não afetou somente os carros de luxo, mas todo o segmento. A demanda é enorme, tem muita gente querendo comprar. Mas fábricas pararam a produção desses carros por conta da alta demanda por componentes eletrônicos que, com o aumento do tempo das pessoas em casa, passaram a se tornar ainda mais necessários. As montadoras passam pelo mesmo problema. Aí isso ocasionou o descompasso entre oferta e procura”, detalhou.

Apesar das dificuldades citadas, o mercado tende para o crescimento, graças à demanda por carros mais modernos e cada vez mais tecnológicos. O ticket médio, que classifica o valor médio dos veículos vendidos na Audi, por exemplo, cresceu mais de 50%. “As pessoas que investem em carros de luxo têm condição econômica bastante satisfatória. Antes nosso ticket era 250 mil reais, hoje está beirando os 400 mil. Ou seja, o cliente que antes buscava um A3, agora busca um A4. O cliente está investindo em carros mais caros e isso aumentou o valor de venda dos veículos”, ressaltou.

image Mercado tende para o crescimento, graças à demanda por carros mais modernos e cada vez mais tecnológicos (Pexels)

Brasil

Um levantamento publicado em abril deste ano pelo site da Exame, a partir de dados da Agência Autoinforme, apontou que BMW, Ferrari, Porsche e Volvo fecharam o primeiro trimestre de 2021 melhores do que no ano passado, ainda que o segmento tenha caído 1,7% neste período. Só que, em relação ao mês de fevereiro, as 15 empresas associadas à Abeifa (que reúne importadores e fabricantes de veículos) saltaram de 4.258 unidades para 5.887 unidades.

A Porsche se destacou com a venda de 2.449 carros em 2020, aumento de 32,4% em relação a 2019. E, desde janeiro, a marca continua em ascensão, com 749 emplacamentos no primeiro trimestre, contra 713 do mesmo período no ano passado. Só em março, foram vendidas 380 unidades, recorde histórico com 90% de crescimento em relação a fevereiro.

 

Economia