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Belém é destaque no turismo gastronômico do Brasil; COP 30 pode potencializar mais o setor

Segundo o IBGE, embora sol e praia sejam os motivos mais buscados para uma viagem, o interesse dos brasileiros por gastronomia aumentou após a pandemia; Capital paraense ganha relevância com cenário.

Jéssica Nascimento

Das 21,1 milhões de viagens nacionais e internacionais em 2023, 21,5% dos brasileiros tiveram como foco a cultura e a gastronomia. É o que revela a pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgada em setembro. O estudo analisou dados de viagens relativos à pandemia de Covid-19, de 2020 e 2021, em comparação com o ano passado. Resultado: apesar de sol e praia serem os motivos mais buscados para uma viagem, a pesquisa indica que esse tipo de viagem caiu 9,4%, enquanto o interesse por gastronomia aumentou 6,6% entre 2020 e 2023.

Neste cenário, Belém se destaca pelo turismo gastronômico como referência mundial. Desde 2015, a capital paraense tem o título de internacional de Cidade Criativa da Gastronomia, concedido pela Unesco, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. O Brasil tem quatro cidades de gastronomia criativa. Além de Belém, fazem parte da lista Florianópolis, Parati e Belo Horizonte.  

Segundo Nazareno Alves (54), chefe de cozinha e proprietário de um grupo de restaurantes de comidas e bebidas regionais da cidade, o turismo representa, na média, 30% a 35% do negócio. “Um negócio, principalmente um restaurante, aqui em Belém, dificilmente se sustenta sozinha e o turismo agrega lucro, aumenta emprego e renda”, esclarece o empreendedor. 

O turismo tem grande importância para o faturamento e lucro dos restaurantes, conforme Alves, uma vez que o negócio não se sustentaria somente com o consumidor belenense. “A cidade de Belém não tem poder aquisitivo que possa sustentar o ano todo, devido à falta de muito investimento, de indústria e aí o turismo vem agregar muito pro meu negócio, traz muitos benefícios pra gente”, explica. 

Como Belém pode fortalecer a economia com o turismo gastronômico?

Com uma peculiaridade histórico-cultural, a cidade tem potencial para fortalecer a economia por meio do turismo de gastronomia, de acordo com Marcel Assis. Turismólogo e estudante de doutorado em Meio Ambiente na UFPA. Assis ressalta que, segundo dados do Ministério do Turismo, 95% do fator de decisão do turista internacional na escolha do destino é a gastronomia e a identidade local. 

Para isso, “a economia de Belém tem de ser fortemente aquecida com essa nova perspectiva de demanda para o setor do turismo, já que o turismo gastronômico é uma tendência Nacional, a destacar pelo Plano Nacional de Turismo Gastronômico, lançado em 2022”, explica o turismólogo.  

Quais os impactos da COP 30 neste contexto?

“A COP 30 caiu do céu, né? Graças a Deus houve essa grande articulação do governador, do Helder Barbalho, em trazer o evento pra Belém. A gente nem esperava isso, nunca sonhava”, revela Nazareno Alves. Ele lamenta que a cidade tenha perdido a Copa do Mundo para Manaus, uma vez que, segundo ele, o evento traria investimento em infraestrutura e em vários setores, como hotelaria e gastronomia. 

O empreendedor revela estar feliz com a realização da COP 30 em Belém: “vai gerar muito emprego e renda, vai fortalecer muito o turismo, enfim o mundo vai ter os olhos voltados pra Belém, pra Amazônia e a gente sabe do potencial que tem aqui. Os melhores peixes estão na nossa região, os melhores frutos estão na nossa região.”

“A expectativa é que Belém receba mais de 40 mil pessoas, durante o evento, e com o aumento da demanda, espera-se que a culinária e identidade local possam ser reconhecidas”, afirma Marcel Assis. Para o turismólogo, a cidade deve se consolidar como destino referência no Brasil em gastronomia. 

O motivo, segundo Assis, é o fato de que a cidade pode se tornar palco de grandes eventos e festivais gastronômicos, influenciados pelo evento. “É importante destacar que a realização da COP deve proporcionar aos agentes inseridos no contexto do turismo gastronômico, em Belém, oportunidades e parcerias, o que contribui para um efeito econômico positivo para economia e turismo gastronômico”, reforça. 

Como Belém deve se preparar para receber o turismo gastronômico da COP 30?

Segundo Marcel Assis, a rede de turismo da cidade, durante o evento internacional, deve investir e incentivar a criação de roteiros gastronômicos com inclusão de mercados, restaurantes e produtores locais. “Esses roteiros podem incentivar os visitantes a explorar a cidade de maneira mais profunda e autêntica e, assim, efetivar Belém como destino de excelência no âmbito do turismo gastronômico nacional”, enfatiza.

Para aumentar a competitividade de Belém como destino referência em gastronomia no país, conforme o turismólogo, a rede local de turismo deve inovar e estimular o turismo criativo, tendência existente em outros destinos. “O que se espera é que Belém não seja somente uma cidade gastronômica durante a COP, mas que deixe um legado duradouro que estimule o turismo e a valorização da culinária  e a identidade local amazônica”, reflete Assis. 

Como bares e restaurantes podem melhorar o atendimento?

Conforme Fernando Soares, o que precisa ser feito é a qualificação, formação, reciclagem e capacitação de mão de obra. “Você não tem uma gama de colaboradores com capacitação profissional adequada para o grandeza do potencial gastronômico da região”, explica o assessor jurídico do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares do Estado do Pará (SHRBS/PA). 

Para o período da COP 30, Soares vê um problema maior. “Você vai conviver com 60, 70, 80 mil pessoas de diversas nacionalidades e, além do problema do atendimento, você tem a barreira da língua, onde você precisa formar o pessoal com, pelo menos, o inglês básico”, aconselha. Os funcionários, segundo ele, devem ter a capacidade de entendimento do que o cliente fala. 








 

 

 

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