Bancos não permitirão empréstimos a autônomos inadimplentes

Do total de crédito de microempreendedores individuais (MEIs) nos bancos, 5,5% estão inadimplentes, segundo o Banco Central

Roberta Paraense

Famílias e empresas que já estavam inadimplentes antes da crise causada pelo novo coronavírus continuarão sem muitas possibilidades de renegociar suas dívidas. É que o Banco Central criou medida para facilitar novos empréstimos, mas os bancos não permitirão que os autônomos inadimplentes se prevaleçam da decisão. Como se trata de um período atípico, os especialistas recomendam que os endividados continuem barganhando a negociação ou tentem novos créditos com juros mais baixos em outras instituições financeiras para quitar o que está em atraso.

Atualmente, do total de crédito de microempreendedores individuais (MEIs) nos bancos, 5,5% estão inadimplentes, segundo o Banco Central. Os autônomos, grupo mais afetado pela paralisação das atividades, se encaixam nessa categoria. Entre eles, dos que faturam entre um e dois salários mínimos mensais, parcela mais vulnerável na atual crise, 7,6% têm faturas em aberto por mais de 90 dias.

O coordenador do Grupo de Educação Financeira da Amazônia (Gefam), Alexandre Damasceno, orienta que as pessoas que estão inadimplentes organizem todas as suas dívidas. Além disso, nesse momento, é preciso mudar o comportamento financeiro. “É preciso pensar que não estamos em um período favorável financeiramente, é necessário economizar ao máximo”, explica. Para barganhar a renegociação de dívidas, o indicado é fazer uma pesquisa entre os bancos e escolher os que oferecem as melhores taxas, condições de pagamento e vantagens. Mas, antes disso, os consumidores devem saber se há recurso para negociar uma dívida. Segundo o especialista, a resposta está na organização financeira.

O aconselhável é fazer a negociação pessoalmente, pois, por telefone, existe um padrão fixo estabelecido pelo banco. “Se possível, é melhor conversar com o gerente e expor a ele sua situação”, diz Alexandre. Para sair do vermelho, o planejamento ainda é o mais indicado. “Ter uma organização com a criação de planilhas para verificar a entrada e a saída de recursos é essencial”, comenta o educador financeiro. Dos R$ 600 que os autônomos devem receber do auxilio emergencial liberado pelo governo, o recomendável é guardar uma quantia para futuras emergências durante a crise, se possível.

Dívidas

Os cinco maiores bancos do país – Banco do Brasil, Bradesco, Caixa, Itaú e Santander – processaram mais de 2 milhões de pedidos de renegociação de dívidas. O valor das negociações chega a R$ 200 bilhões, conforme levantamento parcial divulgado pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban).

Nas operações, as instituições deram carência de dois a três meses no vencimento de parcelas em várias linhas, como crédito pessoal, crédito imobiliário, crédito com garantia de imóveis, crédito para aquisição de veículos e capital de giro.

Belém 

Devido o isolamento social, no Brasil, a queda do Produto Interno Bruto (PIB) está estimada em 1,18% para 2020. Em Belém, o cenário de dificuldades econômicas também é desolador. Segundo o secretário de economia do município, Rosivaldo Batista, 60% da economia da cidade vem do comércio e do serviço. “Com a diminuição das vendas, fechamento de restaurantes e hotéis, vamos ter muitas dificuldades, devido à queda do consumo. Falta de emprego e temos pouco dinheiro circulando”, explica. Para o especialista, durante a quarentena é necessário escolher o prioritário e evitar endividamento. 

“Não podemos deixar de comprar, mas sim, comprar apena o principal e deixar de lado o supérfluo. O ideal, agora, é tentar renegociar dívidas, trocar de uma de juros alto para os mais baixos”, recomenda. Rosivaldo ainda diz que o inadimplente deve procurar bancos públicos, pois são os melhores em condições de negociação e opções de crédito. “Fazer um consignado para pagar dívidas de cartão de crédito, por exemplo, é uma saída. Assim fica adimplente e com uma dívida menor. Nesse momento de crise, é preciso sim, tentar renegociar”, garante o economista.

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