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Impacto da alta do dólar nas exportações das indústrias do Pará: veja o que dizem os especialistas

Líderes de diversos setores da indústria avaliam os pontos positivos e negativos do aumento no dólar para a economia do Pará

Bruno Menezes | Especial para O Liberal
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O dólar registrou uma nova alta nesta quarta-feira (18) atingindo a máxima de R$ 6,25. Diversos fatores estão envolvidos no aumento da moeda norte-americana, entre eles o pacote fiscal do governo brasileiro, aprovado pela Câmara na noite de terça (17), e a reunião do Federal Reserve (Fed, o Banco Central Americano). Para entender como esse novo aumento afeta as exportações no Pará, o Grupo Liberal conversou com autoridades de diversos setores econômicos, que trabalham na produção e exportação de produtos.

O vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Pará (FIEPA), Clóvis Carneiro, explica como a instituição avalia esse aumento para as indústrias exportadoras que operam no Pará.

"O aumento do dólar é um incentivo para as empresas exportadoras, porque elas têm suas despesas, a maioria, em reais, e tem as suas receitas em dólar, ou seja, uma valorização do dólar, e uma depreciação do real, isso aumenta a margem de comercialização no mercado externo, o que é muito bom para as exportadoras", diz o vice-presidente.

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Clóvis também ressalta que a valorização do dólar impacta negativamente nos consumidores brasileiros, devido à inflação e a taxa de juros, que deve crescer em 2025.

"Essa alta tem um viés de contaminar a inflação, principalmente os gêneros alimentícios e a questão dos combustíveis, que já apresentam um encarecimento no preço final para os consumidores. Isso gera um ciclo de mais inflação e depreciação do real, o que força, por outro lado, a questão da taxa de juros. O mercado já projeta uma taxa de juros em torno de 14, 14,5% para janeiro de 2025, e tem gente falando já em 16, 17% ao longo do ano", acrescenta.

Ponto positivo

O cenário de aumento no dólar é visto com bons olhos pelo presidente do Sindicato das Indústrias de Carne e Derivados do Pará (Sindicarne), Daniel Freire, que acredita num crescimento de exportação para o mercado internacional.

"Nesse ano de 2024 houve um aumento da exportação de carnes do Pará até outubro, devido a forte alta da cotação do boi, observamos nos últimos dois meses que a China, maior destino das nossas carnes, diminuiu muito as compras. Talvez com esse novo patamar de câmbio nosso produto volte a ser atraente e mantenha os volumes exportados, neutralizando ou amenizando a alta do boi, que foi da ordem de 40% no mesmo período", analisa Freire. 

Deryck Martins é presidente da Associação das Indústrias Exportadoras de Madeiras do Estado do Pará (Aimex), e explica que é importante sempre manter um equilíbrio na relação entre o exportador e importador.

"De forma geral, o câmbio é importante para a exportação, quando ele valoriza, quem trabalha com exportação, que vende para fora, acaba aumentando o seu ganho, mas também é feita essa conversão por parte do importador, quem compra lá de fora acompanha essa flutuação, e nem sempre o aumento significa um ganho real, mas de forma geral é importante manter um equilíbrio, nem muito alto e nem muito baixo, porque isso é importante para a exportação", afirma o presidente.

O Deryck destaca também alguns pontos negativos do aumento, que pode encarecer a compra de insumos importantes para a indústria madeireira.

"Você tem um aumento na competição, porque outros países que produzem o mesmo produto também conseguem colocar uma quantidade maior de produto, aumentando a concorrência. E no caso de você precisar de qualquer insumo que vem de fora, como máquinas e equipamentos, aí é o inverso, já que haverá um aumento no seu custo de aquisição dos insumos como os painéis de madeira, cola, entre outros", conclui.

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