Anúncio de reajuste nos planos de saúde preocupa paraenses
De acordo com a FenaSaúde, medida é importante para garantir a manutenção dos serviços oferecidos
O orçamento das famílias paraenses que pagam plano de saúde deverá ganhar um novo reajuste nos próximos dias. Isso porque a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) irá anunciar qual será a correção monetária que servirá de referência para o mercado brasileiro e afetará, também, os serviços coletivos - esses poderão ter aumento de 9,7%, conforme projeções de instituições financeiras. Em nota à reportagem do Grupo Liberal, a Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde) destacou que o mecanismo é legítimo e indispensável para a manutenção dos convênios, uma vez que em 2022 o prejuízo nas operações médicas-hospitalares chegou a R$ 11,5 bilhões.
Em contrapartida, a Câmara dos Deputados começa neste mês a realização de três audiências públicas - a primeira no dia 12 de maio - para discutir mudanças na Lei dos Planos de Saúde. São mais de 260 propostas, feitas pelo deputado Duarte (PSB-MA), com sugestões de mudanças na legislação. O objetivo é a formação de um texto que harmonize as relações do consumidor com as prestadoras de serviço médico, evitando, então, uma sobrecarga no Sistema Único de Saúde (SUS). Entre as sugestões, a inclusão de grupos de atendimentos ou procedimentos entre as coberturas obrigatórias no âmbito dos planos, como o serviço de fisioterapia e fonoaudiologia, fazem parte.
Para a FenaSaúde, sem os reajustes adequados, a operação dos planos de saúde corre sério risco de ser inviabilizada. A entidade estima que 263 operadores foram fechados em 2022 devido às despesas estarem acima da receita. “Entre os fatores que influenciam o reajuste, estão o crescimento da frequência de uso dos planos de saúde; o fim da limitação de consultas e sessões de terapias ambulatoriais com fonoaudiólogos, psicólogos, entre outros; a inflação dos custos da saúde; a obrigatoriedade de oferta de tratamentos cada vez mais caros, com doses, em alguns casos, a cifras milionárias e com critérios frágeis de incorporação ao rol da ANS; a ocorrência de fraudes; e a judicialização”, destacou em nota.
O comunicado ressaltou, ainda, que as operadores associadas busquem medidas para manter o equilíbrio nos contratos com os reajustes e a manutenção dos serviços, “como ações de gestão, controle de custos, combate a fraudes, abusos e desperdícios, estímulo ao uso consciente dos planos e defesa da incorporação adequada de novas tecnologias. O aumento da oferta de planos com cobertura regional e coparticipação também são estratégias buscadas pelas operadoras para modular os preços e garantir a continuidade do acesso aos planos. Quando estes recursos não são suficientes, os beneficiários têm, ainda, o direito à portabilidade com aproveitamento de carências”.
Família deverá cortar lazer para equilibrar contas
A engenheira química Vânia Cunha, de 37 anos, afirma que sente preocupação com a possibilidade do reajuste ser superior aos gastos já estimados. O controle mensal bem definido deverá passar por mudanças e certos lazeres poderão ser cortados do dia a dia. “Um aumento na mensalidade vai fazer a gente rever os nossos gastos e a nossa preocupação aumenta mais ainda porque estamos à espera de um bebê, que deverá ser incluído no plano e com certeza será um gasto maior do que estávamos prevendo. Uma das primeiras coisas que vamos reduzir ou deixar de fazer são as relacionadas a lazer, porque deveremos dar prioridade a outras situações e uma delas é o nosso plano”, comenta.
Despesas com plano de saúde consomem mais de 10% da renda mensal
Quem também já se prepara para um corte de gastos é a administradora Amaurides Castilhos, de 51 anos. Ela paga plano de saúde para si e para a filha de 21 anos, somando um total de cerca de R$ 1.500 por mês com o convênio. Junto com o temor pelo reajuste da ANS, a preocupação anual com a mudança de faixa etária, que também provoca diferença nos preços, faz parte da rotina. “O nosso salário não aumenta proporcional ao reajuste e são vários reajustes ao mesmo tempo. Um dos maiores que impacta realmente é o plano de saúde, a gente deixa de comprar um bem material, deixa de ter um lazer, ir pro cinema ou teatro, deixa de considerar uma viagem, porque, se não, você não consegue pagar”, diz.
“Então, a gente tem que fazer essa jogada, porque a gente sabe que saúde é caro, mas, realmente os planos de saúde estão ficando cada vez mais difíceis de a gente conseguir pagar. Além disso, tem a questão do atendimento: o plano aumenta, mas está se tornando complicado até conseguir um médico na rede particular. A maioria dos profissionais renomados não estão mais com atendimento pelos convênios, é particular, e cada consulta é em torno de R$400 ou R$500”, finaliza Amaurides.
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