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Alimentos e bebidas da ceia de Ano Novo estão mais caros em Belém

Bacalhau, ameixa seca, cerveja e champanhes estão entre os itens que mais subiram, segundo o Dieese Pará

Laís Santana

A busca pelos itens que compõem a ceia de Ano Novo tem movimentado os supermercados de Belém. Os consumidores que pretendem comemorar a virada de ano encontrarão alimentos e bebidas, principalmente as importadas, com preços mais caros. O aumento no preço dos produtos foi puxado, em grande parte, pela alta na cotação do dólar. 

Este ano, a dona de casa Benedita Cardoso optou por preparar uma ceia menor, somente para a família, respeitando também as medidas de segurança contra a Covid-19. Para a mesa de frutas, Benedita já havia separado no carrinho de compras de um supermercado no bairro de Fátima os itens que não poderiam faltar: uva, maçã, pera e castanha portuguesa.

“Eu vou levar só essas frutas porque não vai ser uma mesa grande, para muitas pessoas. Foi até bom não fazer nada grande, pelo menos assim economizamos um pouco, já que os preços não estão nada baratos. Eu até passei em outro supermercado para pesquisar preço, mas achei o preço da castanha melhor aqui e, por isso, vou levar logo”, contou. 

Um dos principais fatores para o aumento no valor dos alimentos e bebidas nesta época é a alta do dólar. No final do ano passado, a cotação da moeda girava em R$ 4 e hoje está sendo cotado em torno de R$ 5. Além dos produtos importados, os itens nacionais também sofreram alta de preço, de acordo com pesquisa realizada pelo escritório regional do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese/PA).

O levantamento apontou que o peru, por exemplo, neste final de ano está mais caro, já que sofreu reajuste em torno de 20% e está custando em média R$ 20,61 por kg, sendo comercializado com preços que variam de R$ 19,48 a R$ 23,99. 

Outros produtos que são utilizados como alternativa para a festa de Réveillon também estão mais caros. Nesta lista está o pernil com osso, que chega a ser comercializado em média a R$ 26,70 o kg, valor determinado pelo reajuste de quase 60% nos últimos 12 meses. Já o chester, outra opção bastante encontrada nas ceias de final de ano, está custando em média R$ 18,48 o kg e teve reajuste de quase 24% nos últimos 12 meses. 

Já o frango - tanto resfriado quanto congelado - sofreu um reajuste elevado de cerca de 30% em relação ao ano passado e pode ser encontrado custando em média R$ 10,02. Segundo o Dieese/PA, devido ao fator preço, o produto continua sendo uma das comidas mais procuradas para este final de ano. 

O bacalhau, comida importada tradicional das mesas mais privilegiadas nesta época do ano, também está mais caro em relação ao final do ano passado. O bacalhau do Porto, por exemplo, teve um reajuste nos últimos 12 meses de quase 17% e está custando em média R$ 103,43 o kg, com os preços variando entre R$ 81,90 a R$ 118,90. Já o bacalhau Saithe também está mais caro e pode ser encontrado custando em média R$ 55,20 o kg com os preços variando entre R$ 51,90 a R$ 58,90 o kg.

Os consumidores que optarem pelo pescado na ceia de Ano Novo podem ter como alternativa mais barata o pirarucu que mesmo apresentando reajuste em relação ao ano passado tem preço mais barato que o bacalhau. Nos mercados municipais, o kg do pirarucu está sendo comercializado entre R$ 40 a R$ 50.

Um dos itens indispensáveis da ceia (tanto de Natal como de Ano Novo) são as frutas de época. Em relação ao final do ano passado, estes itens estão mais caros. O Dieese/PA já havia constatado a elevação no preço das frutas típicas na época do Natal. A mesma situação foi verificada novamente agora para a ceia de virada de ano.

A pesquisa da entidade aponta que, entre as frutas, os maiores reajustes nos preços foram observadas nas seguintes produtos:

- Ameixa seca: 71,06%

- Maça Argentina: 45,57%

- Pera Portuguesa: 45,54%

- Abacate: 40,72%

- Amêndoas: 38,24%

- Maçã nacional: 39,01%

- Pera D’anjour importada: 35,55%

- Laranja pera: 34,26%

- Uva Red Globe: 24,48%;

- Kiwi: 23,79%

- Frutas cristalizadas: 23,74%

- Damasco seco turco: 13,99%

- Manga Rosa: 13,54%

- Abacaxi: 13,35%

- Passas escuras sem semente: 5,44%

- Castanha Portuguesa: 4,37%.

Várias outras frutas de época (tanto importadas como nacionais) também tiveram reajustes expressivos nos últimos 12 meses. De acordo com o Diesse/PA, poucas quedas foram observadas no período. 

Bebidas

Em relação às bebidas, a pesquisa mostrou que a grande maioria está mais cara que no mesmo período do ano passado. O estudo considerou o preço de refrigerantes, cervejas e até champanhes comercializados em supermercados da capital paraense. 

No caso das cervejas, os reajustes não foram uniformes e podem oscilar entre 10% até 21% em relação ao mesmo período do ano passado. Nos supermercados, a cerveja em lata varia de acordo com a marca e pode ser encontrada com preços entre R$ 2,21 a R$ 4,56.

Os refrigerantes comercializados em lata nos supermercados também estão mais caros em relação ao mesmo período do ano passado, com reajustes que podem chegar a mais de 5%, dependendo da marca. O preço de uma lata de refrigerante varia de R$ 1,89 a R$ 2,35. 

Outra opção de bebida bastante consumida nesta época é o vinho, também encontrado para todos os gostos e para todos os orçamentos. Podendo ser nacionais e importados, os preços oscilam dependendo da marca, quantidade e local de compra. Os importados são bem mais caros e podem chegar a mais de R$ 100 a garrafa. O uísque também tem para todos os gostos e todos bolsos. O nacional é a opção mais barata: uma garrafa do Natu Nobilis está custando em média R$ 43, o Passaport Nacional está custando em média R$ 60. Já a garrafa do uísque importado, dependendo da marca e dos anos de envelhecimento, pode ser encontrado nos supermercados com preços que em alguns casos chegam a mais de R$ 5 mil. 

Até mesmo a champanhe, bebida mais tradicional da virada de ano, também está mais cara em relação ao final do ano passado. Quanto aos preços, as mesmas variam de acordo com as marcas. As champanhes importadas são bem mais caras, uma garrafa da marca Moet e Chandon Brut Importada Ouro 3 litros pode ser encontrada com preços que alcançam R$ 4 mil. A Sidra considerada a champanhe mais popular também está mais cara, custando em média R$ 13,70 (Sidra Tradicional), com preços variando entre R$ 13,20 e R$ 13,99.

Também para fazer a festa de fim de ano, uma das saídas é a compra dos espumantes nacionais que podem ser encontrados com preços bem mais em conta variam entre R$ 30 a mais de R$ 70.

Na avaliação de Jorge Portugal, presidente da Associação Paraense de Supermercados, a alta dos preços impacta diretamente nas vendas, mas a estratégia que pode ser utilizada pelo consumidor é buscar alternativas para determinados alimentos. “Por exemplo, a Maçã Argentina pode ser substituída pela Maçã Nacional, que é de excelente qualidade, a Castanha Portuguesa pode ser substituída por outra fruta, e por aí vai. Esse ano, devido a pandemia, houve um aumento nas vendas, uma vez que as pessoas optaram por se reunir em casa e, com isso, têm ido mais aos supermercados”, destacou Portugal. 

A recomendação dada pelo Dieese é pesquisar, pois as diferenças de preços entre um mesmo produto nos supermercados é grande. “Independente do tipo de prato ou da bebida a ser consumida neste final de ano, o importante é que todos, ricos ou pobres, de qualquer raça ou credo possam participar. É isto que esperamos”, pontuou Roberto Sena, supervisor técnico do Dieese/PA.

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