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600 mil lares paraenses não têm acesso à internet

 Na Região Norte, 14,7% dos domicílios não contam com o serviço

Kamila Murakami

Apesar dos avanços tecnológicos nos últimos anos, cerca de 600 mil domicílios paraenses ainda não estão conectados à internet, é o que indicam os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) levantados no último censo. Estas pessoas estão inseridas no total de quase seis milhões de brasileiros que não contam com o serviço de banda larga em casa, de acordo com o Módulo de Tecnologia de Informação e Comunicação (TIC) da PNAD Contínua. Somente na Região Norte do Brasil, 14,7% dos lares estão desconectados.

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O levantamento destaca que 33,2% do total de 5,9 milhões de brasileiros que não têm acesso à internet citaram que o principal motivo para isso é que nenhuma pessoa que vive naquela casa sabe lidar com a ferramenta. Em seguida, entre os outros fatores em destaque no levantamento estão: serviço de acesso à Internet caro (30,0%); falta de necessidade em acessar a Internet (23,4%); serviço de acesso à Internet não estava disponível (4,7%); equipamento para acessar a Internet era caro (3,7%); falta de tempo (1,4%); e preocupação com segurança (0,6%).

Renato Francês é professor titular da Faculdade de Engenharia de Computação e Telecomunicações da Universidade Federal do Pará (UFPA), ele ressalta que um dos maiores desafios para a inclusão digital no Pará está relacionado às particularidades da geografia local, além do fato de a população de 8 milhões de habitantes do estado não estar concentrada na Região Metropolitana de Belém, como acontece em outas unidades federativas do Norte do país.

“Atravessar rios caudalosos como o tapajós, que só de uma margem à outra tem quase 14 quilômetros, impõe uma dificuldade de engenharia gigantesca. Prover acesso a uma comunidade com um pequeno conjunto de famílias, lá no meio do Tapajós, requer um investimento tão grande que se o poder público não fizer isso, a iniciativa privada não faz porque não é lucrativo", explica Renato.

O pesquisador cita que a diminuição da taxa de exclusão digital no estado requer investimentos e a implantação de infraestruturas diferenciadas, que se adequem às particularidades da região. “Do ponto de vista da engenharia são desafios tamanhos, tanto que nós estamos fazendo um esforço gigantesco desde 2007, quando começamos a implantar o Navega Pará e, a partir daí, uma série de programas do próprio Governo Federal que tem que inventar uma série de estratégias para superar esses desafios”, conta.

"Está se discutindo a COP em Belém, e o mundo inteiro passa a depender da Amazônia por causa do caos climático que a humanidade gerou. E a gente não consegue ter desenvolvimento sustentável, sem ter acesso à telecomunicação e inclusão digital”, complementa o professor. 

Os dados do Módulo de Tecnologia de Informação e Comunicação (TIC) da PNAD Contínua indicam que, de modo geral, a situação em todo país tem apresentado melhora e 72,5 milhões de brasileiros acessaram a internet de casa no ano passado. No Pará, conforme dados do PNAD Contínua apurados no site do IBGE, o número de domicílios que contam com o serviço de internet chegou a 2,4 milhões em 2023. O dado indica um aumento de 6,4% em relação a 2022, quando o total era de pouco mais de 2,3 milhões.

Na capital, Belém, também houve aumento. No ano de 2022, aproximadamente 722 mil lares belenenses acessaram a rede banda larga em casa. Já em 2023, o número cresceu para 738 mil, totalizando uma ampliação de 2,2%.

Um outro ponto abordado pela pesquisa é que do total de pessoas em todo Brasil que contam com a ferramenta em casa, 16% (ou 11,6 milhões) possuem algum tipo de dispositivo inteligente que poderia ser acessado pela Internet - câmeras, caixas de som, lâmpadas, ar-condicionado, geladeiras e afins.

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