Diálogo é o caminho para prevenir violência dentro das escolas, afirmam pesquisadores
Equipe de psicologia escolar e educacional da UFPA orientou a população mediante as angústias causadas pelo atentado em Suzano (SP)
O diálogo franco e aberto com os estudantes é o principal caminho para prevenir a violência dentro das escolas. Quem orienta são pesquisadores de psicologia escolar e educacional do Laboratório de Soluções Educacionais da Universidade Federal do Pará (UFPA), a partir da dúvida sobre como lidar com o tipo de tragédia que aconteceu em Suzano (São Paulo) e seus impactos.
O questionamento foi enviado ao grupo, reiteradamente, por pais de alunos e educadores de várias escolas de Belém que ainda estão assustados com o atentado, ocorrido na Escola Estadual Professor Raul Brasil, no último dia 13 de março, resultando na morte de oito alunos e duas funcionárias.
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Mesmo considerando a resposta complexa, há consenso de que redes de apoio, atenção e ações conjuntas são fundamentais. “A principal questão, a meu ver, é mantermo-nos próximos dos adolescentes, com diálogo franco e aberto. Há muitos sinais quando há violência e/ou sofrimento. Isso acaba passando despercebido por diversos fatores”, indicou a psicóloga Aline Menezes, que divide a coordenação do Laboratório de Soluções Educacionais com os professores Paulo Goulart e Rachel Ripardo.
Ela reforça que acompanhar o desenvolvimento de crianças e adolescentes, dialogar sobre assuntos difíceis e se constituir como uma referência real de suporte a quem eles podem recorrer, são caminhos importantes para que situações difíceis não evoluam a tragédias.
“Essa tarefa, monumental, é de todos. Esse também é um dever da sociedade: como a mídia, a notícia e as informações, como fazemos para trocarmos informações sobre isso. Tudo isso impacta na construção de uma cultura que, muitas vezes, mais enaltece do que combate a violência", detalhou Aline.
ENFRENTAMENTO
Para compartilhar com a população as orientações necessárias, os pesquisadores organizaram a roda de conversa “Caminhos para o enfrentamento da violência nas escolas”, que reuniu cerca de 250 participantes, na tarde desta quarta-feira (3), no auditório do Instituto de Ciências Jurídicas (ICJ) da UFPA, no bairro do Guamá.
A programação teve recorte intedisciplinar entre as áreas da Psicologia com as notificações de violência; Jornalismo com a responsabilidade da forma de divulgar esse tipo de informação na mídia; Ciências da Educação com o enfrentamento na vida escolar; e Direito com a mediação judicial em uma forma de solução de conflito ao invés das punições tradicionais.
"O movimento mais adotado na sociedade é de encontrar culpados, mas isso não resove. Precisamos discutir como podemos contribuir para esse enfrentamento e para que as escolas sejam construtivas, pacíficas e saudáveis. Depois do ocorrido em Suzano, alunos, pais e educadores de Belém demonstraram muita angústia", contou Aline Menezes.
"Eles perguntaram 'E se isso acontecer aqui? O que está por trás disso?'. Há visões desconexas de que o atentado é isolado de um cenário mais amplo de violência. Nossa visão é que não devemos combater o ativador, mas, sim, a cultuta de ódio e de violência, construindo um abiente sudável", conluiu a pesquisadora.
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