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Pedra que cresce em vesícula do boi vale mais que ouro; entenda

O produto é altamente valorizado no mercado internacional por causa de seu uso na medicina tradicional

Beatriz Rodrigues

A pedra da vesícula de boi, também chamada de pedra de fel ou cálculo biliar bovino, é pouco conhecida no meio da pecuária tradicional, no entanto, no mercado internacional, o produto é altamente valorizado. Isso acontece devido a seu uso na medicina tradicional, especialmente a chinesa.

Um aspecto disso é que em grandes cidades da China, uma grama desses nódulos de bile endurecida chegam a ser negociados por até US$ 230 (em torno de R$ 1.300, na conversão atual). O valor é o dobro da cotação atual do ouro.

No Brasil, já existem empresas especializadas em comprar o produto de frigoríficos e pequenos produtores para revender para compradores de outros países, tanto que na semana passada o jornal americano The Wall Street Journal publicou uma reportagem sobre esses cálculos biliares produzidos pelo rebanho brasileiro.

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Segundo o relato da repórter Samantha Pearson, a demanda é crescente, impulsionada pelo envelhecimento da população e pelo aumento de doenças como hipertensão e obesidade na China. O jornal ainda afirmou, citando dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), que ingredientes usados pela medicina tradicional chinesa movimentam uma indústria de US$ 60 bilhões anuais.

No Brasil, a extração dos cálculos biliares não é uma atividade ilegal, assim o comércio opera em grande parte na informalidade. Segundo um empresário da área, para o UOL, parte do problema é a burocracia da Receita Federal, que, de acordo com ele, “prefere deixar de arrecadar quando o produto é vendido por pequenos produtores, estabelecendo obrigações que eles não têm como cumprir”.

O The Wall Street Journal chegou a citar assaltos a fazendas e frigoríficos, além de contrabando sofisticado, com pedras escondidas em produtos diversos para evitar fiscalização. Em outros países da América do Sul, como o Uruguai, já houve inclusive condenações por tráfico ilegal deste produto, destacando o crescimento desse mercado paralelo no continente.

Por que as pedras da vesícula de boi são raras?

Ainda não há uma explicação clara na medicina veterinária sobre por que essas pedras se formam apenas em uma pequena parte dos animais, enquanto outros animais similares (até mesmo com a mesma genética e alimentação) vivem sem desenvolver esses nódulos.

O que se sabe, entretanto, é que a prevalência é maior entre animais mais velhos e de raças leiteiras. Esses animais são cada vez mais raros na pecuária brasileira, onde há uma alimentação mais controlada e períodos de engorda mais curtos, fatores que contribuem para a redução da incidência natural dessas pedras.

(*Beatriz Rodrigues, estagiária sob supervisão de Vanessa Pinheiro, editora web de Oliberal.com)

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