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Verde Ver-O-Peso será encenada na maior feira livre do Brasil

Peça paraense mais antiga em cartaz será apresentada para os feirantes no dia do aniversário do cartão postal de Belém

Enize Vidigal

No Dia Mundial do Teatro, que será celebrado nesta quarta-feira, 27, quando também se comemora os 392 anos do Ver-o-Peso, o cartão postal de Belém vai receber o mais antigo espetáculo cênico paraense, o "Verde Ver-o-Peso", em cartaz há 37 anos. A peça será apresentada pela primeira vez para o público do local que inspira o enredo sobre o povo e a cultura regionais.

A data escolhida não poderia ser mais emblemática. "Sempre quisemos apresentar o Verde Ver-o-Peso para o público do Ver-o-Peso", diz o diretor e ator Geraldo Salles. O espetáculo gratuito é realizado pela Secretaria de Estado de Cultura (Secult) em parceria com o Serviço Social da Indústria (Sesi). A apresentação será na Escadinha do Cais do Porto, na Praça Pedro Teixeira, às 18h.

"Verde Ver-o-Peso" fala sobre a rotina daquela feira: o amanhecer, o rapa, as frutas, as ervas, o sincretismo religioso, os urubus, a xepa e outros elementos, numa mensagem crítica sobre a devastação da Amazônia, mas carregada de comédia e com característica de musical.

No palco que será armado estarão os ilustres artistas paraenses Natal Silva, no papel da cabocla "Maria Igarapé"; Mário Filé e Paulo Cunha, interpretando os urubus que narram a história; Paulo Fonseca, Paulo Vasconcelos, Zezé Caxiado, Yeyé Porto, Álvaro Gouveia e Nazy Tavares se revezando em vários personagens; além do próprio Geraldo Salles numa cena com Natal. A cantora Lucinnha Bastos terá uma participação especial. A peça será exibida após as atividades do Ver-o-Peso para que os feirantes possam assistir.

O "Verde Ver-o-Peso" é um espetáculo de construção coletiva e que passa por constantes adaptações, explica Geraldo, um dos diretores mais antigos em atividade no teatro do Pará. Com 75 anos de idade e 50 dedicados ao teatro, ele estreou no espetáculo "O Auto da Compadecida", sob a direção de Cláudio Barradas e também participou da primeira turma formada pela Escola de Teatro e Dança da Universidade Federal do Pará (UFPA) ao lado das grandes atrizes Nilza Maria e Mendara Mariani - esta última já falecida. Foi com essa bagagem que Geraldo se mantém na direção do "Verde Ver-o-Peso" por tantos anos.

"Eu dirigi todas as versões do 'Verde Ver-o-Peso'. O espetáculo foi idealizado por mim, que queria apresentar algo sobre Belém, o Pará, a Amazônia, o povo daqui, os costumes e os problemas sociais, políticos e econômicos. Onde melhor situar essa história senão no cartão postal da cidade? Realizamos uma pesquisa no Ver-o-Peso e montamos o espetáculo que há 37 anos se renova para abordar assuntos de época. A roteirização final é de José Leal", relata o diretor. 

"Essa peça já percorreu quase todo o Brasil, sempre com sucesso de público. No Sul, rotularam como 'carimbópera', ópera de carimbó. Em Belém, sempre apresentamos duas temporadas por ano". Ele avalia que o sucesso de "Verde Ver-o-Peso" se deve à identificação da plateia com os personagens. "As pessoas riem de si mesmas. Pois, como Moliére (dramaturgo fracês) dizia: 'rindo se criticam os costumes'". Além dessa apresentação, "Verde Ver-o-Peso" será encenada novamente no Teatro Estação Gasômetro nos dias 3, 4 e 5 de maio. 

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