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Trio paraense Sopro faz estreia fonográfica com EP; Arthur Nogueira faz parte do grupo

Também fazem parte do trio Mateus Estrela e Leonardo Chaves. Os três produziram álbum de Adriana Calcanhotto

O Liberal

O trio paraense “Sopro” lançou o primeiro trabalho nesta semana, na quinta-feira, 29, em formato EP. Formado por Arthur Nogueira, Mateus Estrela e Leonardo Chaves, artistas que trabalharam juntos previamente na produção do álbum “Só”, de 2020, de Adriana Calcanhotto, eles se reuniram para compartilhar o trabalho autoral que, segundo eles, “se situa no tempo em que vivemos, e que se divide entre o fascínio pelo fluxo de informações e a necessidade de desacelerar para construir suas relações”. O EP chegou ao público pelo selo Dobra Discos, com distribuição da Altafonte Brasil.

Conceituado por Arthur Nogueira como “canção eletrônica”, a proposta do Sopro é tratar das relações de nosso tempo, muitas vezes restritas às telas do celular. O nome do trio-projeto, e também do EP, se refere à velocidade e fragilidade da comunicação e das relações na Internet, que passam como um sopro. “Pensamos muito que essa roupagem embala bem a mensagem do EP sobre essa relação da auto-imagem e relações interpessoais no tempo do imediatismo e superficialidade da modernidade”, compartilha Leonardo Chaves. O EP “Sopro” contra cinco faixas: “Luz Azul”, “Espelho”, “Esboço”, “Felicidade” e o remix de “Luz Azul” por Mateus Estrela.

“Luz Azul”, single que abre o EP, faz referência a luz azul dos aparelhos tecnológicos para falar sobre a forma como os indivíduos podem se perder na ilusão e velocidade das redes sociais. “Espelho” se aproveita da reflexão do espelho e traz um jogo entre o eu e o outro – aquilo que vemos e o que escolhemos ver quando contemplamos nós mesmos e quem está do nosso lado.

A canção “Esboço” fala sobre os caminhos para se construir uma relação, atravessados por impedimentos que limitam a profundidade e a troca entre as pessoas. Em seguida, “Felicidade” traz uma citação incidental do poema de mesmo nome do Antonio Cicero para aprofundar a temática da superficialidade das relações em nosso tempo. No poema, é celebrada a relação de cumplicidade quando se olha alguém nos olhos e nos reconhecemos ali. Arthur explica: “Felicidade é um desabafo sobre isso, de uma pessoa para outra: o problema não é durar muito ou pouco, é não ser profundo”. O EP fecha com um remix feito por Mateus Estrela do single “Luz Azul” – assim como o título pode ser lido de trás para frente, a luz azul abre e encerra esse primeiro trabalho do trio.

Arthur compartilha que o ritmo de criação no Sopro foi lento, dos ensaios à produção das músicas. Foi um processo bem-vindo. “É a primeira vez que trabalho da forma como o Sopro trabalha, direto no estúdio, criando melodias, escrevendo letras, produzindo e imaginando arranjos, tudo ao mesmo tempo, de forma colaborativa. Como artista solo, sempre tive a palavra final sobre o meu trabalho; já com o Sopro, fico mais relaxado, deixo rolar. É um bom aprendizado”, ele conta.

Com o projeto Sopro, o trio espera construir novos processos criativos e propor uma reflexão sobre as relações contemporâneas e convidar o público a um respiro de ar fresco em meio ao ritmo acelerado. Esse é apenas o primeiro passo. “Há ainda um mundo de sonoridades e ideias que temos pra botar pra fora e mostrar uma faceta inédita nossa”, completa Leonardo Chaves.

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