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Thiago Amud lança álbum 'Enseada Perdida' e celebra a canção como voz de histórias

Lançamento será em vinil e nas plataformas de streaming, e cantor e compositor fala da carreira e de música paraense

Eduardo Rocha

A música brasileira segue uma trajetória traçada por canções que contam a história dos tempos e das pessoas por meio de ritmos diversos. E essa tradição, a se reinventar por meio de novos versos e notas musicais, traz à tona o trabalho do cantor e compositor carioca Thiago Amud, que nesta quarta-feira, dia 29, lança seu quinto álbum intitulado "Enseada Perdida". O disco tem lançamento em vinil e nas principais plataformas de streaming. Este álbum marca o início das atividades da gravadora Rocinante em 2025. Em entrevista ao Grupo Liberal, esse artista conta sobre o novo trabalho e fala da carreira e de música paraense.

Thiago segue à risca essa criatividade e versatilidade da música brasileira e solidifica uma obra envolvendo canções em sambas, sambas enredo, frevo, rock, ritmos de candomblé, fado e outros para falar sobre temáticas variadas. Para tirar qualquer dúvida sobre isso, vale a pena conferir os álbuns dele: "Sacradança" (2010), "De Ponta a Ponta Tudo é Praia-Palma" (2013), "O cinema que o sol não apaga" (2018) e "São" (2021). Algumas das gemas desse artista são "Baía de Janeiro' (single do novo álbum), "E a galera ria", "História da Revolução Caraíba", "Graça" e "Mar de Minha Mãe".

No mar das canções, Thiago Amud conta como se deu a formação do repertório do novo álbum. "No fim de 2023, constatei que um bocado de canções nunca gravadas apresentavam, em conjunto, certa unidade. Algumas tinham sido compostas depois do 'São' (que lancei em 2021), outras eram um pouco anteriores a ele. Mas desde o começo eu também suspeitava que talvez essa unidade se revelasse plenamente apenas para mim, pois há, em algumas dessas canções, fatos pessoais, estados emocionais que eu deixei vazar. Então, assumi que este seria um álbum de orquestrações pujantes e contrastes nítidos, tudo comentando minhas taquicardias", detalha.

Vozes e imagens bem-vindas

O novo álbum traz as participações especiais de Chico Buarque e de Caetano Veloso. Thiago conta como ocorreram esses dois convites para o novo álbum. "O estímulo, a grande chamada, veio do cantor e compositor Zeca Veloso, quando me sugeriu que eu gravasse algo meu com o pai dele, Caetano. Mas o que não se imagina é que a pessoa que primeiro articulou a gravação com Chico também foi Zeca", revela.

"Apenas depois de receber esses dois 'sins' eu me animei a gravar disco novo. As movimentações de Zeca foram decisivas", acrescenta Thiago. Chico canta no frevo "Cidade Possessa" e Caetano aparece em ""Cantiga de ninar o mar". 

O nome do novo disco “Enseada Perdida” segue a linha dos outros álbuns, com imagens poéticas e curiosas. “Enseada perdida é uma imagem que aparece na letra de 'Baía de Janeiro', samba enredo que fala das praias aterradas da Baía de Guanabara”, explica.

"Morei por pouco mais de três anos em Belo Horizonte. Regressando ao Rio, lidei com uma reconfiguração quase total de minha vida, e esse processo se sobrepôs ao estranhamento em relação à cidade que eu reencontrava depois da pandemia. Então, neste disco há um embricamento entre a história do eu e a do mundo", afirma Thiago.

Do Pará

Ele diz que quer muito cantar em Belém, ressaltando que a família toda do pai, inclusive, o próprio, é de Manaus (AM). Thiago Amud conhece o trabalho de autores paraenses. "Sou parceiro do Joãozinho Gomes e do Jorge Andrade. Torço para que Patrícia Bastos grave uma canção minha, ela sabe qual. Travei contato com músicos de Macapá, como Enrico di Miceli e Zé Miguel. Cantei lá em 2024. Estou ligado em Nilson Chaves, Vital Lima, Ronaldo Silva, Floriano", pontua.

"Sei da importância de Manoel Cordeiro, de Dona Onete. Sou amigo da Natália Matos. Um de meus principais parceiros é Thiago Thiago de Mello que, embora seja carioca, é cultor e praticante da lírica amazônida de seu pai, o poeta Thiago de Mello. E meu maior impacto musical recente foi conhecer o trabalho de Walter Freitas. É o tipo de artista que exige que a gente alargue a percepção", completa Thiago Amud.

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