Terceiro Capanga e Les Rita Pavone se juntam e lançam vídeo '15 mil dias na Terra/ Sinos de Balém'
Trabalho faz pensar sobre a rotina do ser com suas angústias e a busca por tempo e local mais humanos
O público que gosta de inovações sonoras já pode conferir o vídeo que as bandas paraenses Terceiro Capanga e Les Rita Pavone acabam de lançar no YouTube interpretando um medley das canções "15 mil dias na Terra' e "Sinos de Balém". A gravação traz todo aquele ar descolado das duas bandas que fazem um som pop de qualidade, com letras bem interessantes capazes de mexer com os ouvintes. No caso desse vídeo, são escutados e interpretados pelos cantores e músicos versos bem-humorados e sarcásticos acerca do que é (sobre)viver no emaranhado de sentimentos e pensamentos provocados por uma cidade/sociedade em que o (a) protagonista das canções se vê enganado (a) pelo tempo e pela engrenagem indiferentes ao labirinto onde se está, no melhor estilo Franz Kafka. O vídeo pode ser conferido aqui.
Gabriel Gaya, um dos vocalistas da banda Les Rita Pavone, destaca que "a Les Rita surgiu como ideia no distante ano de 2006, lançou o primeiro single em 2012, mas se estabeleceu como banda a partir de 2013". "Por isso, contamos o nascimento da banda a partir do primeiro show que foi em novembro de 2013, na Casa Dirigível. O Terceiro Capanga surgiu em 2019, com o disco 'Balcão. Então, estão com mais ou menos cinco anos de carreira", diz.
No vídeo recém-lançado, quem canta é Rafael Pavone. Ele não faz mais parte organicamente da banda mas sempre participa em ocasiões especiais como essa, como informa Gabriel Gaya. O grupo é formado por: Gabriel Gaya: voz; Arthur da Silva: violão e voz; Jimmy Góes: guitarra; Helênio Cezar: Baixo, e Luiz Otávio de Moraes: bateria. Já o Terceiro Capanga reúne o duo Ricardo Maradei e Toni Germano. Eles estão atualmente mais focados em gravações de novas músicas e eventualmente, em apresentações ao vivo, os dois tocam com músicos convidados.
Semelhanças e opostos
A ideia de ter as duas bandas tocando em um único vídeo, como diz Gabriel Gaya, surgiu a partir da constatação de uma certa semelhança musical e lírica da música “15 mil dias na Terra” (do Terceiro Capanga) com a música “Sinos de Balém”, do Les Rita Pavone. "Então, decidimos fazer um medley das duas músicas tocadas juntas como se fossem uma só", acrescenta Gabriel.
Lançado no YouTube no último dia 24 de dezembro e, no Instagram, no dia 25, o vídeo das bandas revela uma construção instigante de letra e sons. "A letra de '15 mil dias na Terra' expressa uma certa angústia sobre a rotina. Já a de 'Sinos de Balém' tem uma angústia pós-adolescente. As duas músicas se interligam nesse sentido, os dois 'eu' líricos se encontram nessa intersecção de angústias existenciais. As duas músicas são tocadas juntas com um retorno a um verso de '15 mil dias na Terra' no final", explica Gabriel.
Disco
Ele conta que tem uma parceria com Ricardo Maradei, da "Terceiro Capanga".Essa composição está quase pronta. "Mas acredito que essa junção das duas músicas ficou tão boa que o mais correto no que concerne as duas bandas é sempre tocar essas músicas juntas nessa época de Natal, fazer disso uma tradição", pontua Gabriel Gaya.
A Les Rita tá com um disco pronto pra lançar no primeiro semestre de 2025 intitulado “El Baile Rock”. O trabalho tem um repertório que condensa esses 12 anos de história. "É bem provável que façamos também algum evento de carnaval em parceria com outras bandas, e espero fazer bastante shows este ano também, principalmente pra divulgar o disco. Já os 'Capangas' estão gravando um disco que eu acho que tá saindo neste ano de 2025", finaliza o vocalista da Les Rita Pavone. O ´video pode ser assistido aqui.
Confira a letra de '15 mil dias na Terra/ Sinos de Balém':
Espanto e acordo, o dia esquentou
E nem lembro a hora que deitei.
Tem meia no meu pé e ele não secou
Olho pro espelho sem saber
Se eu já morri e nem notei.
Só agora vi que o tempo me enganou
Saio, corro e encaro o clarão
Tem carro buzinando e uma multidão
É uma manhã azul e eu pra lá de blue.
De tarde falta ar no meu pulmão.
Tomo um café pra não dormir em pé
E quando é momento de voltar
Esperto, esqueço tudo que passei.
Escrevo, invento um som em outro lugar
O sossego é um tesouro escondido (fogo, fogo, fogo, fogo)
Um isqueiro emprestado ao amigo, eu sei
Todos os dias quando eu leio os jornais
E as manchetes passam a se repetir
Cenas de crimes e anúncio de hotéis
Vejo as coisas em preto e branco e croquis
Há 20 anos vivo nesse lugar
É tanto amor que chega até a doer
Toda essa lama fez minha pele florir
Por dias mais bonitos, preciso dormir...
Meu caro amigo, sinto lhe abandonar
Mas abandono a cidade também
Senão pra sempre um Zé perdido serei
Em ruelas que eu conheço (uuuuu)
Em ruelas que eu conheço (uuuuu)
Em ruelas que eu conheço (uuuuu)
Tão bem...
O sossego é um tesouro escondido
Um isqueiro emprestado ao amigo, eu sei
Preciso dormir...