No ar como protagonista em Renascer e Justiça 2, Juan Paiva fala sobre momento: ‘Palavra é gratidão'
O ator conversou com o Grupo Liberal e falou sobre a dimensão dos seus personagens diante do público
Esta semana, ‘Renascer’, novela das 9 da TV Globo, exibiu a morte de José Venâncio, vivido por Rodrigo Simas. Porém, um dos destaques da cena foi Juan Paiva, que interpreta João Pedro, filho de José Inocêncio (Marcos Palmeira).
No capítulo, o coronel Egídio (Vladimir Brichta) quer matar João Pedro, mas o tiro de espingarda acerta Venâncio, que estava ao lado do irmão em um carro. Ao ver que irmão foi atingido, João Pedro corre com ele nos braços para a casa do pai, mas ele não resiste aos ferimentos.
O ator, de 26 anos, entregou uma performance dramática que comoveu a web e levou a cena para um dos assuntos mais comentados das redes sociais.
“O Juan é uma pessoa admirável e um dos melhores atores da geração. Foi uma sequência difícil e trabalhosa. Não fizemos as cenas em ordem cronológica, viajamos para gravar na serra do Rio de Janeiro, mas conseguimos nos divertir”, disse Simas sobre o companheiro de profissão.
Mesmo com a pouca idade, Juan Paiva tem um currículo recheado de trabalhos. Na teledramaturgia, ele participou de Totalmente Demais, Malhação: Viva a Diferença e Um Lugar ao Sol, e nos filmes M8 - Quando a Morte Socorre a Vida e Nosso Sonho.
Agora, ele vive João Pedro, na TV Globo, e Balthazar em Justiça 2, do Globoplay. A série terá 28 episódios ao todo, com liberação de quatro semanalmente. Nesta segunda-feira (29), a Tela Quente irá apresentar uma edição especial da série Original Globoplay que estreou na plataforma neste mês.
Juan Paiva é um dos personagens principais, que fica preso 7 anos injustamente. Ao sair da prisão, o motoboy Balthazar precisa retornar para a sua vida, mesmo que tenha perdido muita coisa nesses anos, como a avó, que morreu. Porém, ele segue sendo perseguido. Com o personagem, Juan mostra a realidade de muitas pessoas negras no país.
No lançamento de Justiça 2, no Rio de Janeiro, Juan Paiva conversou com o Grupo Liberal. Confira:
1 – Você se inspirou em alguém próximo para viver o Balthazar, que representa milhares de brasileiros.
JP: O Brasil tem vários personagens assim, que sofrem esse tipo de injustiça. Enquanto eu estava gravando em Brasília, vi uma matéria em que o garoto tinha acabado de ser preso. Na verdade, graças a Deus, ele estava saindo da cadeia após um mês tentando provar a sua inocência. Aqui no Rio também, acabou de sair da cadeia um conhecido, que passou dois anos preso por algo que ele não fez. Então eu acho que são muitas histórias que a gente acaba não vendo, e o Balthazar vem me dando essa resposta para dar voz a essas pessoas que não estão podendo ter essa voz. Tenho certeza que o público vai ter um retorno diferente depois de assistir a série. Espero que mude o conceito de algumas pessoas, essas que julgam e apontam sem saber de uma verdade.
2 – Você conversou com algum motoboy para compor o Balthazar?
JP: Não, a gente teve pouco tempo de preparo, já veio tudo escrito. Foi tudo muito rápido. Veio logo a viagem e as coisas foram acontecendo, a execução do trabalho. Mas a sempre dá uma pesquisada para entender um pouco mais do que a gente está falando. Graças a Deus hoje tem internet, então fica mais fácil esse acesso.
3 – Você já andava de moto?
JP: Sim, ando de moto na vida. Tirei minha carteira de moto e carro justamente para o trabalho em 2018, já para poder garantir esse lugar. Para tentar adiantar alguma coisa para não ter dublê. Eu gosto de fazer tudo, gosto de ser um ator que se arrisca em lugares, então dirigir e fazer cenas de ação, quero procurar fazer as minhas próprias cenas de verdade. Quero me colocar ali, porque eu acho que isso me conecta na história e traz uma memória emotiva também que facilita quando a gente vai fazer uma cena de emoção, porque vem lembranças do que a gente fez.
4 – O público sofre com o João Pedro e agora vamos sofrer com o Balthazar. É isso?
JP: Olha, acho que são histórias totalmente diferentes. Balthazar é um personagem que sofre uma injustiça por simplesmente lutar pelo seu próprio direito, que é algo ensinado pela sua avó, que é alguém que ele cuida e ama. É um cara guerreiro!
5 – Você é super destaque em Renascer e agora é protagonista em Justiça 2 também, como é estar à frente na TV de dois personagens marcantes?
JP: Fico muito feliz e grato pelo meu trabalho chegar em lugares que eu nunca imaginei, o número de pessoas atingidas por ele vem crescendo. Acho que a palavra é gratidão. Grato à Deus por esse momento que para mim está sendo muito especial, que eu venho desde os 8 anos de idade lutando para que as pessoas possam assistir o meu trabalho e a minha arte. Isso agora está acontecendo então, a palavra é gratidão! Estou muito feliz com tudo.
6 – Tu como homem preto deve se sentir tocado muito mais com Justiça 2, como avalias essa série e de que forma ela pode atingir a sociedade?
JP: Acho que é uma grande responsabilidade que eu tenho em mãos poder dar voz a essas pessoas que sofrem esse tipo de injustiça. Ouvi alguns relatos e a gente sabe que realmente é difícil combater algo que é maior que você, quando se é preto, favelado e minoria. Acho que a arte que a gente vem fazendo tem esse poder de atingir lugares e tentar mudar pelo menos 1/3 disso que vem acontecendo com a nossa realidade no todo, no geral, no Brasil.
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