'Subversivo Ser', música de Raoni Figueiredo, ganha clipe e fala de sexualidade e envelhecimento

Inspirado nas questões de gênero, sexualidade e o envelhecimento desta população, a música "Subversivo Ser", do cantor Raoni Figueiredo, 34 anos, ganha videoclipe gravado no Casarão do Boneco com lançamento previsto para esta sexta-feira, 4, no canal do Youtube do artista. A faixa faz parte do segundo álbum “A casa ainda é você”, que chegará às plataformas digitais no final de novembro.

Raoni, além de cantor, é filmmaker. Ele conta que a música foi inspirada em um documentário, que produziu com o amigo e diretor, Dário Azevedo, que faleceu vítima de Covid no ano passado. "Dário além de um pai pra mim, era professor da UFPA e tinha escrito sua tese de doutorada que tratava de falar de sujeitos homoafetivos já idosos e suas memórias sobre a escola, daí veio a ideia de produzir o doc. que se chama 'Velhos Sujeitos Outros Transgressivos' e trata diretamente dos assuntos gênero, sexualidade e velhice", destacou.

"A música Subversivo Ser é uma ode à luta e resistência que assim como a comunidade LGBTQIA+, todo pobre, preto, mulher, pessoas de religião de matriz africana, e tantos outros enfrentam constantemente em suas vidas, são batalhas diárias que precisam ser vencidas todos os dias para se conquistar e viver de forma digna sendo o que se é", disse complementando.

Sobre as suas influências, o jovem artista conta que gosta de cantores e bandas, tais como: Sérgio Sampaio, Beatles, Tim Bernardes, Caetano Veloso e Los Hermanos. "Tem muita gente mais velha que ajudou produzir meu jeito de pensar e tocar. Mas eu estou sempre ouvindo coisa nova, e não deixo de me inspirar e acompanhar. Acredito que não somente 'Subrversivo Ser', mas o álbum todo traz isso, algumas músicas tem mais de 10 anos. Mas elas trazem uma pegada muito nova, do pop, Beats e synths eletrônicos, e a maneira como foram produzidas também são bem atuais como tipo de música produzida hoje no país", declarou.

Raoni relembra que está há 11 anos na música e, acredita que a cena musical de Belém está crescendo e cada vez mais artistas estão garantindo seus espaços. "Já deu pra ver muita coisa boa surgindo na cidade. Belém tem uma cena cultural muito efervescente, e as vezes gostaria que alguns projetos e bandas durassem mais. É impressionante ver o tanto de gente boa, talentosa, que trabalha muito para que sua música, sua arte cheguem até as pessoas. Afinal não adianta só escrever uma música bonita não é? A gente já deixou de ser só músico faz um tempo, a gente produz, entende de audiovisual, escreve projetos e etc… O cenário musical exigiu isso da gente, não sei até onde isso é bom, mas é inegável que a galera se dedica muito pra que seu trabalho seja ouvido e eu acho isso muito especial", pontuou.

O cantor faz ainda o convite para além de assistir ao clipe, também o público procurar pelo documentário. A relação entre eles está presente e também é complementar ao seu primeiro álbum, "Goteira", afirma. "Assistam o documentário, foi feito de forma independente e está todo no YouTube. Como já disse algumas músicas desse álbum tem mais de 10 anos, e ele deveria ter sido meu primeiro álbum e ser lançado em 2018. Em 2020 eu decidi retornar as gravações, já com Rubens Guilhon guitarrista da banda Joana Marte, ele seria o produtor desta vez, e gravaríamos no estúdio Budokaos. Logo que começamos veio a pandemia e tivemos que parar tudo. Nesse período, isolado em casa eu acabei compondo algumas músicas e em parceria com outro amigo produzimos um álbum que se chama 'Goteira', que acabou saindo primeiro, ano passado. De certa forma 'Goteira' e 'A Casa Ainda é Você' estão muito ligados e tem referências para além das sonoras muito próximas", finalizou.