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Sons do Choro do Pará ganham o palco do Waldemar Henrique

A partir das 20h desta quinta (4), cerca de 70 alunos do projeto da FCP, instrutores e mestres convidados vão tocar composições desse gênero musical com mais de um século de muita história

Eduardo Rocha
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Se existe um gênero musical que fala das entranhas históricas e culturais do brasileiro e é capaz de ser conferido ao longo do território nacional é o choro. E como a própria história ou histórias do Brasil precisam ser contadas para a atual e novas gerações, o choro merece ser assimilado e tocado para os novos públicos. Por isso, o primeiro módulo de 2024 do projeto Choro do Pará, da Fundação Cultural do Pará (FCP), será encerrado nesta quinta-feira (4), a partir das 20h, com um concerto no Teatro Waldemar Henrique, na Praça da República. Para garantir a continuidade desse gênero.

Como atrativos, a entrada é franca e o o repertório inclui músicas de renomados compositores como Luiz Gonzaga, Candinho, Pixinguinha, Benedito Lacerda, Humberto Teixeira, Radamés Gnattali, Jacob do Bandolim, Paulinho Moura, Zé Dantas e Altamiro Carrilho.

O Choro do Pará funciona há mais de 18 anos. É uma das primeiras escolas gratuitas de choro do Brasil, de ensino não formal, que oferece a músicos profissionais, amadores, alunos de graduação em música e alunos das escolas técnicas de música, aulas que ocorrem regularmente na Casa das Artes por meio de oficinas de percussão, violões de seis e sete cordas, cavaquinho e instrumentos solo.

A importância do choro como gênero musical está em seu valor histórico e cultural. “O choro nasceu no Rio de Janeiro no final do século XIX e é uma síntese da música negra, branca e indígena. Tem características rítmicas e harmônicas que influenciaram muitos gêneros musicais brasileiros, como o samba, a bossa nova e o MPB", destaca o músico e compositor Paulo Moura, coordenador de Linguagem Musical da FCP e responsável pelo projeto.

image Coordenador do Choro do Pará, músico e compositor Paulo Moura toca o gênero desde os anos 70 (Foto: Sérgio Malcher)

Além de contribuir para preservar e divulgar o legado cultural do choro, iniciativas como essa oportunizam ao público o aprendizado de um instrumento musical, gratuitamente, o que pode mudar a vida de muitas pessoas, dando uma profissão e um meio de expressão artística.

Como frutos, o Choro do Pará já gerou grupos do gênero, como o Charme do Choro, Fruto do Fruto e Choro com Café. A musicista Carla Cabral completou em maio último 20 anos de carreira. Ela começou a tocar em 2004 com o percussionista Nazareno Silva, que a convidou para integrar o grupo Sapecando no Choro. Daí, ela foi se aperfeiçoar no Choro do Pará. Carla toca cavaco nos grupos Charme do Choro e O Mercado do Choro.

"O Choro do Pará é muito importante, porque dá oportunidade para a gente aprender um gênero musical que funciona como base, ponto de partida para outros gêneros e estilos, como uma língua-mãe da música brasileira", destaca Carla Cabral.

image Grupo Charme do Choro: Belém como palco do choro do Brasil (Foto: Divulgação)

Ouvir e tocar

Paulo Moura diz que vala pena ouvir chorinho por ser o primeiro gênero genuinamente brasileiro, existia até antes do samba. "É uma música de execução muito elaborada, para tocar choro tem que estudar mesmo, inclusive, o mestre Adamor é quem diz: 'Quem toca choro, toca qualquer tipo de música. É uma música muito requintada, pode ser balançada, pode ser dolente, é sempre uma música muito interessante, o choro é tudo isso mesmo", diz.

E vale a pena tocar e ouvir choro "para a gente conhecer a verdadeira música brasileira. O choro exige do músico um grande empenho, então, tocar choro é um aprendizado, como diz Paulo, que toca o gênero desde o final dos anos 70. "Eu fico muito feliz com este novo momento do Choro do Pará, que desde 2006 forma instrumentistas para o Estado", declara Adamor do Bandolim, 82 anos, tocando choro desde os 15.

image Adamor do Bandolim: desde os 15 anos de idade tocando choro (Foto: Reprodução Redes Sociais)

Belém do Choro

Adamor faz parte da relação que a capital do Pará tem com esse gênero musical. Antes mesmo da Casa do Choro, surgida em 1979 por iniciativa de Aldemir Ferreira, Belém já tinha vários de chorões (apelido de quem toca choro) que se reuniam na casa de um e de outro. A partir de 1979, começou o movimento do choro, com Adamor do Bandolim, o próprio Gilson Ribeiro, da Casa do Gilson (com 38 anos), e outros que intensificaram a disseminação do choro em solo paraense.

Nesse time, entre outros nomes, a partir do começo dos anos 80, Paulo Moura, Yuri Guedelha, Menineia, Bochecha e saudoso cartunista Biratan Porto formaram o grupo Corta Jaca. Em 1987, foi aberta a Casa do Gilson para esse gênero musical, e, em 2006, Jaime Bibas chamou alguns músicos de Belém para formar um laboratório de choro no antigo IAPI, hoje Casa das Artes (sede do Choro do Pará).

No primeiro ano de atividades, saíram logo os grupos Charme do Choro e Chorando pra Cachorro, na Ilha de Mosqueiro que hoje tem Choro com Café, capitaneado pelo Paulo Jorge, ex-aluno do Choro do Pará. Como resultado do Choro do Pará, pode-se dizer que essa arte de Chiquinha Gonzaga, Waldyr Azevedo, Ernesto Nazareth, Raphael Rabello, Henrique Cazes, saudoso maestro Paulo Moura, Joel Nascimento, Nó em Pingo d´Água e tantos outros está em boas mãos paraenses.

 

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Cultura
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