Rosângela Darwich convida público a desvendar "Rimas Falsas" em Belém, nesta terça (25)
Escritora lança livro às 18h na Casa da Linguagem, com programação com atrações literárias
O mergulho na poesia para a escritora paraense Rosângela Darwich é algo muito profundo, capaz de descobrir possibilidades variadas com as rimas, ou melhor, o "quase rimar", como ela diz. E assim surgiu o livro "Rimas Falsas", que será lançado nesta terça-feira (25), a partir das 18h, na Casa da Linguagem, com direito à roda de conversa mediada pelo poeta Paulo Vieira.
Sobre o título escolhido para o livro, Rosângela destaca: "Gosto muito de “quase rimar”, o que acho que aprofunda o ritmo de um poema. Assim, percebi que acabo encontrando rimas que são quase rimas e, por isso, as chamei de falsas e as homenageei com o título do livro".
Rosângela prossegue nessa abordagem. "O poema na contracapa é um exemplo. As rimas falsas nem sempre ficam no final dos versos e minha ideia é que elas transformem o poema inteiro em um espaço de rima, de ritmo". Isso pode ser constatado em versos como "Rimas falsas não invalidam o que é dito; não as desminto. / De volta ao nível do mar, ao tamanho natural das ondas, rima o ar salgado em conchas".
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Por falar em poemas, "Rimas Falsas" reúne 68 deles, escritos por Rosângela entre 2021 e 2023, à exceção do último poema, que ela dedicou à neta Alice Hannemann, nascida em 29 de fevereiro de 2024. "Os poemas tratam de ocorrências reais ou imaginárias que tento traduzir enquanto emoção, enquanto beleza. Eles são recortes da vida cotidiana que no momento em que escrevo identifico como sendo minha própria vida", diz a autora.
O livro sai publicado pela editora Mezanino Editorial e será lançado na Biblioteca Francisco Paulo Mendes, na Casa da Linguagem, um local carregado de poesia, como frisa Rosângela. "Com ele, pretendo reunir um grupo de estudantes que estão sendo capacitados para participar de uma pesquisa de campo que coordeno, na área de psicologia social, motivo pelo qual teremos uma roda de conversa, animada pelo poeta Paulo Vieira. Será um lançamento com espaço para leitura de poemas e troca de ideias, aberto a todos os presentes, o que achei que faria muito sentido acontecer no dia do meu aniversário", revela a poetisa.
Rosângela Darwich é autora de outros livros: “Quando Fernando Sétimo Usava Paletó” e “Levasse as Coisas na Flauta” (prêmio Semec, Belém, 1982 e 1988), “Há Horas” (ed.ufpa, 2018), “Quando Fernando Sétimo Usava Paletó” – com os poemas dos dois primeiros livros – e “Tua Voz a Lápis” (Amo!, 2021), e “AniMais: rimas, mugidos, trinados”, livro infantojuvenil (Amo!, 2023).
Escrita
Rosângela conta que começou a escrever poemas aos 19 anos, quando ainda estudava psicologia e fazia parte de um grupo de amigos muito dedicado ao teatro. A participação em um concurso da Semec, tendo seu livro selecionado, a impulsionou a seguir em frente. Interessante ela ter lançado o terceiro livro somente trinta anos após o segundo. "Precisava dessa pausa e me permiti escrever ao longo desses anos apenas para mim e para os leitores de dentro de mim", assinala. Entre as referências dela figuram Drummond, Fernando Pessoa, Clarice Lispector e Cecília Meireles.
Acerca do ofício de escrever poemas, a autora afirma: "Vale a pena escrever porque vale a pena pensar e sentir, viver e se deixar acontecer de diferentes formas. Para mim, um poema é a vida ali na minha frente. Quando escrevo, não estou simplesmente dentro dela; estou olhando para ela. É uma perspectiva sempre surpreendente. Vale muito a pena. Compartilhar poemas com outras pessoas é como contar um segredo aos gritos, no meio de uma praça. Alguém ouvirá, e isso é muito bom: o segredo acabou".
"Coordeno uma pesquisa que se chama 'Poesia no Dia a Dia: Grupos Vivenciais e Resiliência'. Aí se pode perceber a força que acredito que a poesia pode nos oferecer ao nos aproximar de nós mesmos e, ao mesmo tempo, das outras pessoas. A poesia se insere sempre no nosso dia a dia, embora nem sempre seja claramente percebida. Ela está ali quando sorrimos sem motivo. Ela é o motivo. É assim que acontece no meu caso e acredito que cada pessoa tem uma maneira especial de lidar com a beleza", relata.
Para se aproveitar a poesia não tem receita pronta. Mas, Rosângela sugere: "Se permitir. A pessoa precisa deixar que o poema simplesmente aconteça dentro dela, sem querer que ele responda o que ela sempre soube. Esse acontecimento é o encontro de imagem com emoção, ritmo é aquele tipo de verdade tão profunda que às vezes se veste de rimas falsas".