Rita Lee: jornalista Guilherme Samora fala sobre a autobiografia da cantora e relação de amizade

‘Rita Lee - Outra Autobiografia’ já é um dos livros mais vendidos do Brasil

O Liberal
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Rita Lee construiu e deixou um legado artístico inquestionável. Muitos trechos de momentos de sua vida e carreira são retratados em seus livros, a exemplo do último livro lançado no dia 22 de maio, "Rita Lee - Outra Autobiografia”, escrito em parceria com o jornalista Guilherme Samora, amigo, editor e estudioso do legado cultural de Rita. "Genialidade ímpar", é assim que o jornalista e escritor inicia as respostas à entrevista da equipe do Grupo Liberal, quando questionado sobre a diferença entre os livros autobiográficos, da Rainha do Rock e Padroeira da Liberdade.

"Rita Lee - Outra Autobiografia" já é um dos livros mais vendidos do Brasil. Lançado pela Globo Livros, traz relatos ainda mais íntimos da vida pessoal da artista, destaca Guilherme. Em comparação a primeira, “Rita Lee-uma Autobiografia”, lançada em 2016, o jornalista pondera que no primeiro tinham muitas histórias da Rita artista, já em 2023, tem relatos do que aconteceu em seus últimos anos de vida. Confira a entrevista com Guilherme Samora.

Qual a diferença entre as edições de 2016 e 2023 das autobiografias e como se deu sua participação?

Rita é de uma genialidade ímpar. Gosto sempre de pontuar que ela escreveu todas as obras dela do começo ao fim. Meu papel, ali, era basicamente de ler antes de todos (quer sorte maior que essa?). A maior diferença, no meu olhar, desses dois volumes de autobiografias dela é que a primeira conta muito mais a história da Rita Lee artista. Claro, com todas as passagens humanas da vida dela, mas com foco grande na artista. Essa nova obra é extremamente humana. É de uma intimidade que jamais vi ou li em livro algum. É honestidade que escorre das palavras dela, algumas vezes de maneira muito crua, sem maquiar o que aconteceu nesses últimos anos. Ao mesmo tempo, sem autopiedade, com muita poesia e uma maneira de ver a vida que só ela conseguia. E a Globo Livros respeita demais a obra de Rita. Eles lançam, tudo, como ela entrega e quer.


Amigo, fã e personagem do texto. Phantom (fantasminha que dialogava com a autora), encarnado por você, estará de volta?

Phantom está de volta. Foi um pedido da Rita. Assim que ela escreveu o livro todo, me disse: "Phantom tem que estar aqui comigo". E eu não digo não para Rita. É um privilégio, uma bênção e, também, uma responsabilidade. Afinal, não é tarefa fácil dialogar com a escrita perfeita dela.


Como está sendo lidar com a ausência física de Rita Lee?

Está muito difícil. Não sei o que é o mundo sem Rita. Ao mesmo tempo que estou morrendo de saudade, eu sinto a presença dela em tudo. E a Rita é muito maior do que esse mundo, muito acima da matéria. Ela está com a gente pra sempre no legado enorme que deixou.


Tens tatuada a letra de “Saúde”. É a sua canção favorita ou qual seria?

Essa é uma pergunta dificílima. Eu nunca consigo apontar as músicas que mais gosto. Ela tem centenas de composições e mantém um padrão de genialidade que não conheço em outro artista. 'Saúde', eu tatuei para me lembrar de viver no aqui e agora. Assim como tatuei 'Ambição' na costela. Um trecho de 'Coisas da Vida' no braço esquerdo, 'Reza' nas pernas... enfim, tenho várias letras da Rita, escritas por ela, espalhadas pelo corpo. É uma maneira de ela me lembrar coisas importantes e de estar sempre por perto.


Sempre crítica aos políticos e ao exercício do poder, acreditas que se tivesse mais tempo, essa característica continuaria em sua obra?

Ah, mas ela transitava por tudo lindamente. Não tem como falar por ela, né? Agora, uma que podemos ter a absoluta certeza é a causa animal. Ela sempre disse que essa é a causa de seu coração.


O bom humor e a criatividade são marcas de sua trajetória, tens alguma história que gostas de relembrar?

Uma vez, levei um disco dela, que ela não gostava muito, para autografar. Ela tirou o disco da capa e assinou em cima das músicas! Só para que eu não conseguisse mais tocar na vitrola. Sorte a minha que eu sempre tenho mais de um de cada álbum da Rita.


Sobre acervo inédito, destacarias uma produção em específico, que deve surpreender aos fãs?

Realmente, tem muita coisa. Ela é capricorniana, sempre gostou de produzir, de trabalhar. Isso é algo muito forte, de personalidade. Mas, agora, o foco é o livro, que ela teve tanta vontade de escrever e de ver sendo lançado no dia de Santa Rita de Cássia. Estamos fazendo, tudo, do jeito que ela pediu. Viva, Rita!

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