Rainha das Matas: vencedora em Soure, Samyra Viana enaltece luta pela diversidade na Amazônia
Concurso foi realizado no domingo (6) no Arquipélago do Marajó com envolvimento de 14 candidatas LGBTQIAPN+

O concurso de fantasias do 4º Festival Rainha das Matas, organizado pelo Coletivo Arco-Íris, no município de Soure, no Arquipélago do Marajó, nesse domingo (6) teve como vencedora a estilista Samyra Viana, 22 anos. Ela venceu a disputa que reuniu 14 candidatas LGBQIAPN+ no Parque de Exposição de Soure, apresentando ao público e jurados a fantasia “A Menina do Manguezal – a história de uma catadora de caranguejo”, no contexto do tema central do festival, “Carbono Azul e a Importância dos Manguezais”.
O tema da fantasia retrata muitas histórias de pessoas do interior do estado do Pará, como a própria Samyra Viana. Ela nasceu no município de Colares, e quando tinha sete anos de idade deslocava-se da casa para apanhar açaí e também seguia junto com os avós e tios para áreas de manguezal, onde os familiares iam pegar caranguejos. “Eu celebro muito esse título. Eu buscava por ele, e nós, eu e a minha equipe, conseguimos”, afirma Samira, enaltecendo os profissionais que atuaram com ela no concurso, em especial, Everton Torres, um grande incentivador da nova rainha.
Em Colares, no nordeste do Pará, onde mora, Samyra Viana tem um atelier, de onde presta serviços para outros municípios, como Soure, em que atende a duas quadrilhas juninas. Em 2025, foi a segunda vez que participou do Rainha das Matas – em 2024, ela conquistou a terceira posição. “Eu me sinto muito feliz com esse título que vem saciar muitas mágoas que já passei”, destaca Samyra.
Ela pontua que já passou por inúmeras situações de preconceito por parte de pessoas no dia a dia. Hoje, como diz, o cenário mostra-se um pouco melhor, pois conquistou a simpatia de muita gente onde atua. No entanto, eventos como o Festival Rainha das Matas contribuem para dar visibilidade à comunidade LGBTQIAPN+. “Desde 2024, o evento vem abrindo portas para o meu trabalho, e ele valoriza as pessoas LGBTQIAPN+", diz.
E como bom amazônida, Samyra nunca se entrega diante das adversidades. Além de estilista, ela atua como maquiadora. Já integrou equipes de estilistas no concurso Rainha das Rainhas, do Grupo Liberal. Em 2023, pelo Bancrévea; em 2024, pelo Paysandu, e, em 2025, pela Tuna. O Rainha das Rainhas é referência para a criação do Rainha das Matas. “As pessoas que participam do Rainha das Matas sentem-se abraçadas, e isso é muito importante”, ressalta a rainha Samyra Viana.
Na disputa envolvendo 14 candidatas do Rainha das Matas, houve empate entre Samyra Viana e Brunessa Tavares. No critério de criatividade, Brunessa venceu, mas abriu mão do título para Samyra. Isso porque Brunessa já foi a segunda Rainha das Matas na trajetória do concurso. Elas duas repartiram a premiação de R$ 5 mil, ficando cada uma com R$ 2,5 mil. Brunessa desfilou com a fantasia “Marajó e o Mundo Místico dos Caruanas”.
Festival
Ágata Felina integrou a coordenação do Festival Rainha das Matas, que reuniu eventos variados em Soure desde março. Ela conta que as fantasias no concurso foram todas em material orgânico em sintonia com o tem do festival, “Carbono Azul e a Importância dos Manguezais”.
“Somos manas do Norte falando da preservação da vida na Amazônia, pela preservação dos ecossistemas e contra a homofobia”, enfatiza Ágata Felina. Ela avalia como positiva a realização do festival em 2025. Um manguezal, como frisa Ágata, é um “berçário da vida’, inclusive, diretamente relacionado à vida humana, como fica bem claro no Arquipélago do Marajó e na Amazônia como um todo.
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