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Programação especial vai celebrar o Dia Internacional do Contador de Histórias

No Pará, a Rede dos Contadores de Histórias do Pará (Recontah) fortalece essa prática e realiza programação especial

Alexandra Cavalcanti

É difícil encontrar alguém que não goste de ouvir uma boa história. Principalmente se ela é bem contada a ponto de parecer que se passa diante dos olhos. Embora pareça simples, esse ofício requer uma série de conhecimentos e quem o exerce é chamado de contador de histórias e para homenageá-los foi criado um dia especial, celebrado neste 20 de março. A data foi criada na Suécia, em 1991, com o objetivo de reunir esses profissionais e promover a contação de histórias. Por aqui, desde 2019, a Rede dos Contadores de Histórias do Pará (Recontah) busca fortalecer as ações coletivas dos contadores de histórias. A ideia é bem simples e, ao mesmo tempo, grandiosa: agregar e propor debates sobre a profissionalização do ofício; realizar formações e contribuir com a criação de políticas públicas voltadas para os contadores de histórias, além de fortalecer ações nos espaços de leitura da capital.

A ideia, apesar de ser um desafio, tem dado certo e servido principalmente para fortalecer esse ofício, que ao contrário da velocidade do mundo online continua a fluir na calma das palavras que criam imagens. “Contar histórias é algo mais artesanal, forma de comunicação em que o narrador e ouvinte interagem, dialogam, trocam experiências enredados pelo fio da palavra, desde tempos imemoriais”, define a professora, pedagoga e contadora de histórias, Ana Selma Barbosa, coordenadora do Recontah.

E antes que alguém  diga que no mundo não há mais espaço para a contação de histórias, a professora faz questão de explicar. “A arte de contar histórias não se perdeu com as inovações tecnológicas,  como o livro, a televisão, rádio e o computador. Ao contrário, se refez e renasceu  como uma fênix.  Sua morte foi decretada mais uma vez com a internet e toda velocidade de informações em tempo real. Então o planeta foi tomado por um vírus , o caos e a insegurança assombraram a humanidade, contadoras e contadores de histórias, narram  na grande teia da internet e suas performances acontecem nas telas dos celulares, tabletes e computadores ampliando o público e reverberando suas vozes aos quatro cantos do mundo”, avalia.

E a partir daí, o Dia Internacional do Contador de História, que já era bastante celebrado, passou a ganhar um destaque especial. “É um dia importante para lembrar à humanidade de sua essência humana. Lembrar que somos seres de narrativas. Nos constituímos nas histórias que narramos por toda nossa vida e em todos os grupos aos quais nos relacionamos. A contadora e o contador de histórias são pessoas que se dedicam a manter as fogueiras ancestrais da humanidade acesas”, resume.

Em vários países são organizados eventos para celebrar a data. Em Belém, a Recontah também preparou uma programação especial, tanto presencial quanto online.

Quem quiser participar é só chegar nos locais e horários marcados e se preparar para entrar no universo da contação de histórias.   

No domingo (20), às 10h, o universo da contação de histórias estará no Horto Municipal de Belém, na Rua dos Mundurucus esquina com a Passagem do Horto. Lá, cinco integrantes da Recontah farão uma Roda de Histórias, compartilhando com crianças e adultos as belezas e reflexões das narrativas. Entre os contadores estarão: Kadu Santoro, Karla Pessoa, Elaine Casseb, Marluce Araújo e Ester Sá. Na ocasião, os presentes vão se encontrar com as histórias: "O Patinho que fazia Quã, do paraense Guaracy Jr (contada por Kadu Santoro), "As estrelas nos Olhos dos meninos" baseada no texto do livro Contos e Lendas da  Amazônia, de Reginaldo Prandi (contada por Karla Pessoa) e "Ubuntu: Uma história de Solidariedade" (contada por Marluce Araújo).

Também no domingo (20), mas às 17h, na página do Recontah, no facebook vai promover uma live reunindo os integrantes da rede Ana Selma Cunha, Janete Borges, Rita Melém, Kaylane Castro (Belém), Eliane Soares e Marluce Caetano (Marabá), Jorginho Quadros (Paragominas) e Alci Santos (Oriximiná). Nesse encontro virtual acontecerá um bate-papo sobre a arte da narrativa, regado, claro, a histórias como: a do “Rapaz que prendeu a Matinta”, contada por mim; “O nascimento das estrelas”,  que será narrado por Eliane Soares, “Coração de rio”, com Kaylane Castro  e muitas outras histórias que serão partilhadas”, explica a coordenadora. 

Trajetória - A Recontah surgiu da união de vários contadores que tinham um objetivo em comum: espalhar as histórias por onde passam. Isso porque todos eles já atuavam  no ofício de histórias, mas procuravam uma rede que os reunisse e ajudasse a fortalecer essa prática.

Isso aconteceu justamente no dia 20 de março de 2019, Dia Internacional dos Contadores de Histórias, quando uma ação proposta nas redes sociais convocou os contadores de histórias para apresentarem seus trabalhos nesse espaço. “Percebemos então que estávamos em rede e precisávamos nos oficializar para que o trabalho fosse reconhecido como uma profissão, e desta forma buscar políticas públicas para a valorização do papel do contador e da contadora de histórias na sociedade”, lembra Ana Selma.

Foi assim que em 22 de junho de 2019, no encerramento do Festival Internacional "Histórias para cambiar el mundo”, ação da Red  Internacional de Cuentacuentos,  coordenado por Ana Selma Cunha, o grupo de contadoras e contadores de histórias que participavam do evento se reuniu, dialogou e decidiu pela criação da Recontah-PA, que integra cerca de setenta contadores de histórias.

Atualmente a Rede abriga contadores dos municípios da Região Metropolitana de Belém e conta também com membros de Paragominas, Marabá, Altamira, Cachoeira do Arari e Parauapebas.  “Buscamos ampliar mais a Rede com o objetivo de fazer uma cartografia que possa mostrar quem são e onde estão esses senhores do tempo que usam as histórias para revelar verdades da vida”, explica Ana Selma.

A diversidade da Rede agora chama atenção pelas múltiplas áreas do conhecimento de quem a compõe: Educação, Artes Cênicas, Psicologia, Serviço Social, Arte Educação, Artes Visuais e profissionais que atuam como pesquisadores do ofício de contar.

“O ato de narrar é ancestral e na Amazônia faz parte do cotidiano das comunidades tradicionais, porque ao narrar, os mais velhos ensinam aos mais novos suas histórias de vida, suas culturas e desta forma vão perpetuando seu passado. Por isso, a importância de contar histórias vai muito além de um momento de lazer, de descontração, e é sim um aprendizado, um ato de sensibilidade, de educar, de transformação”, afirma a coordenadora.

 

Agende-se:

Programação do Recontah para o Dia Internacional do Contador de Histórias. No domingo (20), às 10h, no Horto Municipal de Belém, na Rua dos Mundurucus esquina com a Passagem do Horto e às 17h, na página do Recontah no facebook

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