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Plácido Domingo admite assédio e pede perdão às vítimas

Tenor havia negado com veemência as acusações, até agora: 'Sinto pelo sofrimento que causei'

Redação Integrada com informações do G1

O tenor espanhol Plácido Domingo, acusado por várias mulheres nos últimos meses de assédio sexual, afirmou ontem que lamenta o sofrimento causado e que assume "toda a responsabilidade" por seus atos. "Quero que saibam que sinto muito pelo sofrimento que causei a vocês", afirma o artista, de 79 anos, em um comunicado. As informações são do G1.

A declaração representa uma guinada na postura do tenor, que até agora havia negado com veemência as acusações. O comunicado foi divulgado poucas horas antes de a Associação Americana de Artistas Musicais (AGMA) publicar as conclusões de sua própria investigação, anunciada em setembro do ano passado.

Nas conclusões, a AGMA aforma que Plácido Domingo teve um "comportamento inapropriado, do flerte até propostas sexuais, dentro e fora de seu local de trabalho".

"Muitas testemunhas expressaram medo de represálias profissionais como razão para não falar antes", indica a associação, antes de afirmar que seus administradores "aceitaram as conclusões do relatório e tomarão as ações correspondentes", sem revelar detalhes sobre as medidas.

"Assumo toda a responsabilidade de minhas ações", completa o cantor no texto, no qual afirma que entende que "algumas mulheres podem ter medo de se expressar abertamente, pelo temor de que suas carreiras sejam afetadas".

Domingo, que em sua longa e prolífica carreira atuou nas óperas mais prestigiosas do mundo e venceu 12 prêmios Grammy, foi acusado por pelo menos 20 mulheres de beijá-las à força, agarrá-las ou acariciá-las, em incidentes que aconteceram, em alguns casos, há 30 anos.

Várias mulheres afirmaram que sofreram pressão do cantor par que tivessem relações sexuais com ele e que, às vezes, adotava represálias profissionais quando suas insinuações eram rejeitadas.

O tenor assegura que passou meses "refletindo sobre as acusações que várias colegas apresentaram" contra ele e acrescenta: "Respeito que estas mulheres finalmente se sentiram à vontade para falar".

O cantor também indica que está "comprometido com promover uma mudança positiva na indústria da ópera, para que ninguém mais tenha que passar por uma experiência assim". Ele disse ter "o desejo fervoroso" de que o mundo da ópera seja mais "seguro" para todos e que seu exemplo "estimule outros".

O comunicado foi publicado poucas horas depois de um júri em Nova York declarar o ex-produtor de cinema Harvey Weinstein culpado de agressão sexual e estupro.

As denúncias contra aquele que foi um dos homens mais poderosos de Hollywood provocaram o movimento contra o assédio e as agressões sexuais #MeToo, que se ampliou por todo o mundo e em vários âmbitos, da política à música.

Após as acusações, Plácido Domingo abandonou em outubro a direção da Ópera de Los Angeles, cargo que ocupava desde 2003.

Também desistiu de se apresentar na Metropolitan Opera de Nova York. A Orquestra da Filadélfia e a Ópera de San Francisco cancelaram suas apresentações previstas para a temporada, assim como a Ópera de Dallas cancelou um concerto programado para março.

O espanhol, no entanto, seguiu com suas apresentações em vários países da Europa nos últimos meses. E nos próximos tem concertos programados para Hamburgo, Moscou, Madri, Viena, Verona e Londres.

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