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Pesquisadora argentina fala sobre erotismo e arte no século XIX

Laura Molosetti Costa apresentou sua pesquisa que aborda trabalhos eróticos desenvolvidos por artistas mulheres no período

Lucas Costa

O Salão Arte Pará segue ocupando o Museu da UFPA e Museu do Estado do Pará, com trabalhos desenvolvidos apenas por artistas paraenses. Além disso, os espaços também recebem atividades educativas, que conversam com os temas das mostras que ocupam cada museu. Na tarde desta terça-feira (15), foi a vez da pesquisadora argentina Laura Molosetti Costa, da Universidade Nacional de San Martin, conversar com entusiastas e estudantes de artes sobre o seu tema de pesquisa.

Doutora em História da Arte pela Universidade de Buenos Aires, e diretora de um programa de mestrado na Universidade Nacional de San Martin, Laura apresentou uma palestra com o tema “Arte e Erotismo em Buenos Aires no Final do Século XIX - artistas argentinos e coleções de pintura europeia”, no Museu da UFPA.

O tema da palestra dialoga diretamente com o tema da mostra do Arte Pará que ocupa o local - a exposição “As Amazonas do Pará”. Sob curadoria de Nina Matos, os trabalhos foram desenvolvidos por 26 artistas mulheres paraenses. No caso de Laura, seu trabalho mostra artes eróticas do final do século XIX, também desenvolvidas por mulheres, mas na Argentina.

“O ponto de contato é a perspectiva feminina/feminista, a minha é uma leitura sobre o erotismo do século XIX, do ponto de vista da mulher, e o momento que eu trabalho o fim do século, que foi visto como o momento da misoginia e da mulher fatal, como símbolo do temor dos homens, minha hipótese e o que eu trato de mostrar é que é um momento de empoderamento das mulheres, e que há uma nova mulher em cena que carrega isso atualmente, que se apresenta como um terror que come homens, como uma amazona do século XIX”, explica Laura sobre a relação entre seu trabalho e a curadoria feita por Nina Matos.

“Não é resistência, é um jogo de poder. Há novas mulheres com imenso poder, as divas, as cantores, as atrizes, são os novos tipos de sedução da mulher moderna”, enfatiza.

A biblioteca do museu, onde a palestra foi realizada, ficou lotada por interessados no assunto, desde estudantes de artes visuais e história, até artistas independentes. Samara de Paula, ilustradora que também trabalha com tatuagens, disse achar a abordagem do trabalho de Laura bastante interessante. “Gostei muito do ponto que ela foi atrás, de muitas artistas femininas que são raríssimas, ainda mais no século XIX. Ao contrário do que a gente pensava, elas tiveram alguma notoriedade na época, mas são bem pontuais, algumas sequer eu sabia que existiam. Eu achava que eram artes produzidas por homens”, avalia Samara.

Allyster Fagundes, artista visual e mestrando em artes, contou não ter afinidade com a questão da arte erótica, mas disse que a palestra o fez enxergar o tema com uma perspectiva diferente. “No meu trabalho isso acrescenta muitas coisas, porque além do mestrado eu venho desenvolvendo algumas coisas que abordam essas temáticas do erotismo, não só com o corpo do outro, mas dentro do meu próprio corpo; esse conhecimento, desse eu que também guarda o erotismo. Quando ela [Laura] falou sobre isso, eu pensei ‘poxa eu posso pegar coisas, referências, pessoas que estão próximas de outros artistas que também abordam a temática, e como eles veem esse assunto’”, relatou Allyster.

Agende-se:

Arte Pará 2019
Visitação: até 31/12
Locais:
Museu do Estado do Pará (MEP) - Praça Dom Pedro II, s/n - Cidade Velha
Museu da Universidade Federal do Pará (MUFPA) – Avenida José Malcher, 1192 - Nazaré
Realização: Fundação Romulo Maiorana
Patrocínio: Vale e Faculdade Fibra
Colaboração: SOL Informática, O Liberal na Escola e Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belém (Setransbel)
https://www.artepara2019.org

Cultura