Belém é a quarta capital brasileira que mais lê, diz pesquisa

Itaú Cultural, em parceria com várias instituições, busca fazer um levantamento nacional de projetos de incentivo à leitura

Caio Oliveira
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Belém é a quarta capital brasileira que mais leu em 2019, com 61% da população sendo considerada leitora, segundo ranking divulgado pela 5ª edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, do Instituto Pró-livro. João Pessoa, capital da Paraíba, está em primeiro, com 64% da população, seguida por Curitiba, com 63% e Manaus, com 62%.

Uma boa parte dessa porcentagem de leitores é estimulada por projetos que atuam em todo país, principalmente nas regiões onde há falhas na promoção do acesso à cultura e educação por parte de iniciativas do poder público. Seja em espaços como escolas, bibliotecas públicas ou associações de moradores, esses incentivadores fazem - às vezes, com recursos mínimos - tudo que podem para estimular o hábito da leitura e garantir o direito à educação.

Para compilar essas iniciativas tão necessárias, o Itaú Cultural lançou a pesquisa “O Brasil que Lê”, que consiste em um mapeamento e análise de projetos de formação de leitores e mediadores em todos os estados brasileiros. Segundo o site do projeto, lançado este mês em parceria com o Instituto Interdisciplinar de Leitura da PUC-Rio, a Cátedra UNESCO de Leitura PUC-Rio e a JCastilho Consultoria, o objetivo é dar visibilidade a ações que estão (re)construindo o tecido social brasileiro através da leitura e da cultura, compartilhando conhecimento e apoiando a formação continuada de leitores no país.

A perspectiva é que a pesquisa recolha projetos de leitura e apresente um levantamento sobre práticas, perfis de mediadores e uso de tecnologias de informação e comunicação em promoção de leitura, além de um mapeamento histórico, geográfico e social dessas ações. Quem realiza ou conhece algum trabalho desse tipo, deve inscrevê-lo no site obrasilquele.catedra.puc-rio.br.

A captação de projetos no site será realizada até 15 de janeiro de 2021. A partir daí, os pesquisadores da PUC-Rio utilizarão questionários e entrevistas virtuais, avaliando, ainda, a possibilidade de realização de visitas locais aos projetos de acordo com as condições sanitárias e de saúde decorrentes da pandemia da Covid-19.

“Os diferentes nichos de informação apurados pelo trabalho serão fundamentais para a compreensão do que é feito para promover a leitura em nosso país e podem apontar possibilidades e demandas que orientem futuras ações e investimentos. Os resultados dessa pesquisa serão publicados e divulgados conjuntamente pelas instituições parcerias. Buscar conhecer é o primeiro passo”, diz o site do projeto, que em seu lançamento, convidou vários desses espaços culturais para participarem da pesquisa, inclusive, aqui no Pará.

Aqui, iniciativas como o Espaço Cultural Nossa Biblioteca, que atua há 43 anos no bairro do Guamá, realizam um trabalho incansável para que nossa cidade siga ocupando essa posição de destaque no cenário nacional de leitores. Para Valdecira Maciel, uma das coordenadoras do espaço, a pesquisa O Brasil Que Lê é importante para que essas iniciativas de todo o país se comuniquem e criem uma rede de colaboração.

image Espaços de leitura são essenciais para a transformação social (Tarso Sarraf/Arquivo O Liberal)

“A Rede Nacional de Bibliotecas Comunitárias (RNBC) já havia feito uma pesquisa semelhante, que resultou na publicação de um livro sobre esse levantamento em 2018. Agora, eu acredito que essa pesquisa do Itaú Cultural será em proporção bem maior, até porque, eles têm os recursos. Isso é muito importante, pois às vezes, a gente tem um trabalho aqui no Guamá, na Região Amazônica, e o povo do Centro-oeste, por exemplo, tá fazendo a mesma coisa, mas não sabemos. Então, isso estreita a relação entre os fazedores de cultura”, conta Valdecira, que reforça que os dados computados em uma pesquisa desse tamanho também podem ser usados para cobrar mais incentivo do poder público a esses espaços culturais.

A Nossa Biblioteca faz parte da Rede de Bibliotecas Comunitárias Amazônia Literária, que nasceu na luta pela promoção do acesso à leitura como direito humano. Hoje, a Nossa Biblioteca segue fechada ao público, devido à pandemia, mas em sua programação regular, o espaço conta com apoio de parceiros como a Universidade Federal do Pará (UFPA) para promover oficinas de literatura e redação, escrita criativa, leitura e cursos de redação pré-Enem, entre muitas outras atividades que envolvem também teatro, dança e música. No período pandêmico, o espaço continuou exercendo seu papel social, conseguindo arrecadar cerca de 1400 cestas básicas para doação no Guamá e região.

“A gente trabalha nesse sentido, pois formar leitores amplia a visão de mundo das pessoas de nossa região. Começamos com a Nossa Biblioteca na década de 70, e dos anos 2000 pra cá, focamos na formação de novos leitores e permanência dos antigos, porque, somente com mais leitores, talvez, a gente consiga melhorar a situação de miséria que nossa população vive, com um foco menos emocional e mais político”, diz Valdecira Maciel ao reforçar a transformação social proporcionada por uma biblioteca no lugar certo, pois, como diria, o autor americano Henry David Thoreau, “muitos homens iniciaram uma nova era na sua vida a partir da leitura de um livro”.

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