Paraense Arthur Seabra expõe fotos no México sobre religiosidade
As imagens selecionadas falam sobre a iniciação no candomblé
Com quatro fotos na exposição “Otros Brasiles”, no México, o paraense Arthur Seabra desbrava o mundo através das duas imagens. As fotos escolhidas fazem parte do fotolivro que o artista publicou em 2022, chamado ‘ÌYÀWÓ’.
“Primeiro lancei a série e dela nasceu um fotolivro, que reúne fotos dessa celebração pública da iniciação no candomblé. É todo em preto e branco e mostra cenas dessa reapresentação dos iniciados após o período de vários dias recolhimento longe da vida civil, passando por todos os rituais necessários para este ‘renascimento’, é o momento em que eles são reapresentados à sociedade. O momento mostrado no livro é quando eles estão com roupas brancas, insígnias e pinturas corporais ritualísticas em homenagem a Oxalá, o mais velho e sábio orixá, o pai de todos”, explica.
A exposição coletiva tem 17 fotógrafos brasileiro e usa a fotografia como ‘expresión de resistencia’, com o foco de discutir a auto representação do fotógrafo ao entender o olhar periférico de como essa fotografia tem uma expressão de resistência, um marcador de vivências, corporeidade, subjetividade e afirmação de identidade cultural também.
“As minhas fotos são registros documentais da cerimônia pública de iniciação no candomblé, a ‘saída de ìyàwó’. Elas vem no sentido de mostrar beleza, riqueza cultural e ancestral ante a demonização feita em cima das religiões de matriz africana, principalmente do candomblé”, pontua.
Com curadoria de Marly Porto, em São Paulo, a exposição é promovida pela Secretaria de Cultura da Cidade do México.
VEJA MAIS
Arthur Seabra começou sua carreira em 2015, com projetos majoritariamente documentais. “No início meu trabalho girou em torno das manifestações populares e cultura brasileira, como o Carnaval, Círio de Nazaré, manifestações e festas populares em geral, mas depois a religiosidade de matriz africana foi naturalmente ocupando um espaço muito grande, até que em 2020 me iniciei no candomblé e passei a fotografar em vários estados do Sul e Sudeste”, relembra.
“Em 2019, recebi o prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, o mais importante prêmio do patrimônio brasileiro, concedido pelo Iphan junto com a equipe de trabalho da Abentumba, que é uma organização sem fins lucrativos de caráter social civil e religioso. Dois anos depois, fui selecionado no festival Photothings com a mesma série, em 2021 expus em diversos equipamentos culturais do município, a série fotográfica “os caminhos de Oxum: de Osogbô ao Rio Pojuca” em parceria com a secretaria se cultura de Camaçari-BA, tenho fotos publicadas em trabalhos acadêmicos nacionais e internacionais como a ‘Rivista della Società Italiana di Antropologia Medica’, e nos livros ‘Caos, elos e recomeços, o amor ao orixá’, ‘As 1000 + 1 faces de Èsù’”, acrescenta.