'Pagode da Mart´nália': releitura de gemas do pagode dos anos 90 traduz amor da cantora pelo samba
Lançamento pode ser acessado nas plataformas digitais de música e traz toda vibração de 12 sucessos marcantes para gerações
A cantora, compositora e multi-instrumentista carioca Mart´nália lança, nesta quarta-feira, dia 13, nas plataformas digitais de música o álbum "Pagode da Mart´nália". Disco novo dela já em si uma grande novidade na música brasileira. Entretanto, esse é um disco muito especial, em que a cantora faz uma releitura singular, da parte de quem nasceu no samba, de 12 sucessos da geração dos anos 1990 do pagode. Esse gênero musical contagiou públicos de todas as idades e classes sociais em bares, lanchonetes, festas e, sobretudo, em shows. Grupos como Só Pra Contrariar, Raça Negra, Art Popular e Molejo, entre tantos outros, escreveram seus nomes na história da música do país e têm suas canções celebradas até hoje, com se pode ver, por exemplo, nos encontros de bambas em Belém. Por isso, esse novo trabalho, marcando a estreia da cantora na gravadora Sony e com a participação de gente muito bom como Caetano Veloso, Luísa Sonsa e do papai Martinho da Vila, pai da cantora, é muito aguardado pelos fãs e pelos pagodeiros e sambistas das novas gerações no Brasil todo, incluindo a capital do Pará.
"Pagode da Mart´nália" chega em alto estilo, contando com a direção artística dividida entre Marcia Alvarez e Marcus Preto e a direção musical de Luiz Otávio. O público sabe do que Mart´nália é capaz - ela já conquistou dois dois Grammys Latinos de Melhor Disco de Samba pelos seus recentes álbuns "Mart’nália Canta Vinicius de Moraes", de 2019, e "+Misturado", de 2017.
Ela toca samba desde que nasceu, e, acompanhando o pai, Martinho da Vila, aprendeu a dançar, cantar, tocar violão e pandeiro nas rodas de samba da Vila Isabel. A carreira profissional de Mart´nália começou tendo ela como vocalista do pai ao lado da irmã Analimar. Daí, nos anos 90, passou a se apresentar em bares, boates e teatros no Rio de Janeiro, surgindo o primeiro álbum de samba, o "Minha Cara".
Coube a Caetano Veloso ser o diretor artístico do álbum dela, "Pé do meu Samba" (ele compôs a faixa-título), e Maria Bethânia dirigiu o disco "Menino do Rio". Esses dois trabalhos projetaram a cantora nacional e internacionalmente.
Pagode na raiz
"Me convence!". Essa foi a resposta que Mart´nália deu à empresária dela, Marcia Alvarez, quando esta sugeriu que a cantora gravasse um disco só de pagode. Como relata Mart´nália, Marcia sonhou que a artista estava gravando um álbum somente com músicas desse gênero. Mart´nália ficou cética e lançou a resposta. Então, Marcia trouxe Luiz Otávio para fazer os arranjos. "Eu disse para ela: 'Faz como fizemos com Vinícius (disco em homenagem ao "Poetinha" Vinícius de Morais).Faz uma pesquisa e manda sugestões que eu fique à vontade para cantar'.
Então, Marcia reuniu várias canções, e Mart´nália conferiu os trabalhos. "Aí começou o processo de gravação, de ajuste nos arranjos, até eu me sentir confortável com as escolhas. O Marcus Preto também colaborou, e o projeto foi tomando forma. Ficou muito bom, fiquei à vontade com as interpretações", diz a cantora.
Na época do boom do pagode nos anos 1990, Mart´nália ouvia e cantava os sucessos como todo mundo. "Eu conhecia alguns nomes, como o Anderson, do Molejo, que já faleceu, e outros artistas do Rio de Janeiro. Mas, na época, o pagode vinha mais de Minas e São Paulo. Eu conhecia essas músicas como todo mundo conhecia – o sucesso delas era grande", diz a artista.
Para a cantora, trazer de volta esse clima do pagode, com uma pegada pessoal, foi um desafio saboroso. "Queria mostra o meu estilo, a minha interpretação. Coloquei meu toque pessoal em cada faixa, com arranjos do Luiz Otávio, que tem uma sensibilidade única. Trabalhar com ele foi incrível, porque ele sabe como me deixar confortável. Não ensaiei muito as músicas, deixei fluir, para que saísse uma interpretação autêntica", destaca Mart´nália, com 23 anos de estrada na música.
"O que estou fazendo nesse novo trabalho é reverenciar esses grupos e compositores. Pois eles ajudaram a criar uma conexão maior do público com o samba, que ainda era marginalizado naquele período. Fazer essa releitura e juntar a cadência do meu samba a essas canções contribui muito para minha própria liberdade no cantar. Esse repertório marcou muito a memória afetiva das pessoas no passado e agora pode conectar ainda mais as novas gerações ao universo do samba", enfatiza Mart´nália.
O repertório é composto por grandes sucessos, como "Recado à Minha Amada", "Cheia de Manias", "Coração Radiante" (já lançada como single, no último dia 24 de outubro), "Eu e Ela", "Que se Chama Amor", "Domingo", "Essa Tal Liberdade" e mais.
Entrega
Ao longo desse tempo todo, a artista se reinventa a cada novo projeto, mantendo um alto astral dentro e fora de estúdios e palcos. "Para mim, cantar é sobre passar alegria, suavizar a vida das pessoas e energizar. É meu ganha-pão, é o que me resta, mas o mais importante é o que canto representa para quem ouve".
Por ser uma música repleta de significados históricos e culturais para o povo brasileiro, Mart´nália considera que "o samba é a nossa música ancestral". Neste Mês da Consciência Negra, ela conta que nunca sofreu diretamente a prática do racismo. "Mas sei que o racismo está presente, e muitos artistas enfrentam isso. Mas, as coisas estão mudando, a música é uma grande responsável por unir as pessoas e transformar esse cenário", pontua. A cantora sabe que muita gente em Belém não abre mão de um bom pagode, e por isso diz que pretende dar uma canja na capital paraense em breve. Que seja com o "Pagode da Mart´nália".
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