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Obra de Maria Lúcia Medeiros é revisitada em Roda de Leitura em Belém, nesta sexta (14)

Ação cultural da Fundação Cultural do Pará faz parte do Projeto Literatura por Elas e presta homenagem à autora nascida em Bragança (PA)

Eduardo Rocha

O Projeto Literatura por Elas, organizado pela Fundação Cultural do Pará (FCP), será retomado em 2025 por meio de uma Roda de Leitura em homenagem à escritora paraense Maria Lúcia Medeiros. O evento ocorrerá às 17h desta sexta-feira (14), na Biblioteca Francisco Paulo Mendes, na sede da Casa da Linguagem, na avenida Nazaré, 31, próximo da avenida Assis de Vasconcelos, no centro de Belém. Será uma oportunidade para o público conhecer um pouco da obra e da vida pessoal dessa autora responsável por uma obra literária vibrante e admirada, inclusive, pelas novas gerações de leitores. A Roda de Leitura se dará na véspera da data de aniversário de Maria Lúcia, celebrado em 15 de fevereiro. Ela completaria 83 anos. Em 2025, transcorrem 20 anos do falecimento dessa autora.

Literatura por Elas é um projeto realizado na Casa da Linguagem especialmente dedicado à divulgação da produção poética feminina por meio da produção e da circulação literária, a partir de duas perspectivas a serem observadas: a da mulher escritora e a da mulher leitora. Maria Lúcia Fernandes Medeiros, muito conhecida como Lucinha Medeiros, nasceu na Cidade de Bragança, no nordeste do Estado do Pará em 15 de fevereiro de 1942 e faleceu em Belém, no dia 8 de setembro de 2005. Ela viveu em Bragança até os 12 anos de idade, quando, então, se mudou para Belém.

Maria Lúcia licenciou-se em Letras e seguiu carreira como professora e pesquisadora da Universidade Federal do Pará (UFPA). Foi uma das idealizadoras da Casa da Linguagem, onde atuou como consultora durante dez anos, quando o espaço era dirigido pelo poeta Max Martins.     
Maria Lúcia foi a primeira professora da disciplina Literatura Infantojuvenil no curso de Letras da UFPA.

Estreou na ficção com o livro de contos "Zeus ou A menina e os óculos" (1988). Depois, publicou "Velas, por quem?" (1990), "Quarto de Hora" (1994), "Horizonte Silencioso" (2000) e "Céu Caótico" (2005).    
Um de seus contos, "Chuvas e Trovoadas", foi adaptado para o cinema em um curta da paraense Flávia Alfinito, estrelado por Patrícia França e José Mayer e participação da atriz paraense Andreia Rezende.

Universos

Para a professora universitária de Letras aposentada Amarílis Tupiassu, a obra de Maria Lúcia Medeiros vale a pena e a vida serem conhecidas pelo público, primeiramente, "pela maturidade plena, ampla a que ela alcançou". "A Maria Lúcia trabalhava o texto curto, normalmente, mas ela também escreveu textos mais longos, como, por exemplo, o livro que foi editado pela editora paulista Boitempo que é o 'Horizonte Silencioso". Então, vale a pena pela capacidade de trabalhar a linguagem em todos os níveis e torcer essa linguagem para o campo da ficção".

"E nesse campo, o que você sempre marca na literatura da Maria Lúcia é o modo como ela mergulha tão profundamente e com tanta acuidade no universo intimista repleto de alegrias, sorrisos, beleza, mas, também, repleto o nosso universo sempre de angústias, de inseguranças, de interrogações sobre o amanhã; o nosso íntimo que não se desprega do passado e lutando com esse passado, com a memória que sempre se torna uma memória embaçada e que exige de nós todo o tempo, porque nós somos sempre fiéis a nossa memória, um esforço muito grande de percepção, de ativação", destaca a professora Amarílis.

Na literatura de Maria Lúcia Medeiros se verifica a presença do lastro social, de preocupação com o outro, sobretudo, com o outro destituído de felicidade, justamente pelas questões sociais, como pontua a professora Amarílis Tupiassu. "A obra da Maria Lúcia nunca, nunca, nunca é uma obra banal. Depois da leitura de um conto da Maria Lúcia, você volta-se para si e você como se introjeta no universo dela, que é o universo da ficção, mas é também um universo da verdade que é cheio de interrogação, de perguntas, de dúvidas, de vontade, de desejos. Somos nós, nós somos tudo isso", enfatiza Tupiassu.

"Mas, a questão é a palavra, a maneira como ela trabalha isso. Ela tem um toque de beleza que nunca passa longe do encantamento. Você sempre se encanta pelo que ela escreve, com a beleza do texto dela"", ressalta Amarílis. A professora conviveu com Maria Lúcia Medeiros por longo tempo. "Foi uma convivência de muita riqueza, amizade, de muito amor. O que mais chamava a atenção na vida dela era como ela levava uma vida tão ativa como professora, foi a primeira professora de Redação da UFPA e conseguia parar para escrever as maravilhas que escrevia", diz a professora. Maria Lúcia Medeiros nunca se entregou à doença que tinha - esclerose lateral amiotrófica.

Serviço:

Roda de Leitura sobre Maria Lúcia Medeiros  
Projeto Literatura por Elas - FCP    
Dia 14 de fevereiro de 2025    
Às 17h    
Entrada gratuita

Cultura