'O que é Sairé' mostra a raiz do movimento religioso e cultural do oeste do Pará
Documentário do jornalista Fábio Barbosa será lançado nesta quarta-feira (1)
De Santarém para o mundo o documentário "O que é o Sairé" será lançado nesta quarta-feira (1), às 21h, tanto em uma mostra presencial em Santarém, mas também virtual, por meio do canal do youtube. O documentário é um trabalho do jornalista Fábio Barbosa com o intuito de mostrar a tradição cultural vivida há mais de 300 anos, no oeste do Pará.
O jornalista explica que a intenção é de divulgar para a comunidade e para o mundo que o Sairé não se limita a festa folclórica de disputa de botos, em Alter do Chão. Sairé se trata de uma tradição cultural miscigenada e que nasceu não apenas em Santarém, mas sim por cidades do oeste do Pará.
"A intenção de produzir esse documentário foi de justamente contribuir com a cultura não só local, mas para informar para o mundo do que realmente se trata o Sairé, pois muitas pessoas acham que se limita a uma festa folclórica, mas não é uma tradição religiosa e que bem se transformando ao longo dos anos", explicou Fábio, diretor do documentário.
Diante disso, Fábio e Kailon Pedroso trabalharam na captação de áudio de mestres e mestras, antropólogos e historiadores com produção de Evandro Boa Morte, Mourrambert Flexa e Wagner Bentes para formar a narrativa da produção audiovisual.
A execução do trabalho foi realizada entre os meses de março e julho deste ano em meio a toda a dificuldade e problemática da segunda onda da pandemia do novo coronavírus. Em decorrência disso, toda a logística foi modificada, pois os produtores não tiveram condições de captar as imagens dos entrevistados, apenas os áudios.
"Esse documentário é diferente do que estamos acostumados a ver, pois não conseguimos fazer a captação da imagem dos nossos entrevistados, pois a maioria é idoso e estavam totalmente isolados e não podíamos gerar qualquer risco a eles. Eles fazem toda a narrativa e cobrimos de imagens correspondente ao o que é falado", destacou Fábio.
O documentário retrata os bastidores do rito religioso de uma das mais antigas manifestações populares da Amazônia a partir do olhar dos moradores do distrito de Alter do Chão. E busca, de maneira didática, responder a pergunta-título através de imagens de acervo da AD Produtora, gravadas nos anos de 2017, 2018 e 2019.
O filme de 23 minutos mostra narrativas dos principais componentes da Corte do Sairé, além da participação de historiadores e antropólogos que desmistificam elementos da festa e evidenciam referências que se entrelaçam, formando essa miscelânea cultural.
"Nós abordamos os aspectos históricos, antropológicos e demais processos que vem sendo modificados. O que percebemos é que a cultura não é estática, ela passa por transformações. O Sairé começou como uma prática religiosa com o intuito dos portugueses catequisarem os povos indígenas", explica Fábio.
Fábio disse que será possível conferir por meio do documentário que essa prática começou há mais de 300 anos e que não ocorria apenas em Santarém, mas também em outros locais da região oeste do estado. Outro ponto de discussão que o documentário também aborda é quanto a escrita correta do movimento.
"Existe uma discussão em torno do nome correto, o que verificamos é que desde os primeiros registros do movimento cultural verificamos que a escrita é com S, Sairé significa uma saudação que foi ensinada pelos portugueses aos povos indígenas. E quando eles passaram essa informação não escreveram com Ç", acrescentou Fábio.
Para quem quiser conhecer mais sobre a história desse movimento cultural pode ficar ligado que a partir das 21h o público em geral vai poder conferir o documentário por meio do link.
Em Santarém, terá uma sessão para convidados no Cinesystem Cinemas. O projeto foi selecionado no Credenciamento Sesc/PA pela Lei Aldir Blanc Pará e conta com o apoio cultural da Avispará, R Branco Solar, Armazém da Construção, Lupo (Paraíso Shopping Center), MOV e Associação das Indústrias Madeireiras de Santarém (Assimas).
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