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O adeus ao mestre das lentes

Ary Souza deixa um legado de amor à vida e profissão

Redação Integrada

O jornalismo paraense está de luto. Na manhã desta segunda-feira (20), às 11h10, o fotojornalista paraense Ary Souza faleceu após não resistir a um tratamento contra o câncer no fígado . A notícia de sua morte começou a invadir os espaços e as redes sociais acompanhadas de muitas histórias e estórias relatando o protagonismo do fotojornalista.

Toda a carreira que Ary traçou no jornalismo foi no jornal O Liberal, onde atuava há 33 anos. Ele era do tipo que "vestia a camisa" e se sentia um pouco dono da empresa. Ary Souza vivia intensamente o jornalismo. Ele era um andarilho. Não parava quieto nas pautas. O olhar rasgado de índio enxergava sempre além. 

Ary foi vencedor de prêmios internacionais e nacionais. Ele desbancou 600 profissionais de várias partes do mundo, ele conquistou o prêmio do Banco Itaú Cultural de São Paulo, nos anos 90; a Bienal de Fotojornalismo em Ibirapuera, em São Paulo; além de prêmios regionais, como o Arte Pará em 1987 e três prêmios aquisição do mesmo salão.

Ary Souza deixa um legado de amor pela vida, pelos amigos e pela profissão.

Confira as homenagens

 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Não paro de lembrar dos momentos que vivemos com ele. Do dia que ele chegou, com sorriso de orelha a orelha, sem avisar, para visitar o Tonico sete dias depois dele nascer. Imaginem como o Ary me deixou feliz com esse simples gesto de amizade. Ou quando eu soube que receberia uma medalha. Comentei com o Ary pela manhã, enquanto a gente conversava, e a noite, pra minha surpresa, ele apareceu para fazer fotos minhas na solenidade, mais uma vez com aquele sorriso estampado no rosto. Na festa de 60 anos dele, na ilha do Combu, ele era a felicidade em pessoa. Ary era único, de personalidade forte, mas coração mole. Amigo verdadeiro. Fotógrafo espetacular, daqueles que se metia no meio do rio pra capturar a melhor imagem. Não pensem que é exagero quando o chamam de lenda... Todos que trabalharam com o Ary têm uma coletânea de histórias para contar dele, porque ele veio para deixar lembranças lindas e divertidas na memória de cada um que cruzou o seu caminho. O jornalismo nunca mais será o mesmo 💔

Uma publicação compartilhada por Keila Ferreira (@keilafso) em

 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Quando comecei no jornalismo o Ary já era uma lenda. Acompanhei por anos as muitas histórias que circulavam sobre ele e me admirava, de longe, das imagens que seu talento produzia. A máquina fotográfica era o filtro que ele usava para transmitir coisas ao mundo. Era por onde melhor se comunicava e pelo que será sempre lembrado, como o gigante do fotojornalismo que foi. Trabalhamos juntos por curtos dois anos, os mais recentes, nos quais pude, como todos, ouvir suas muitas histórias, rir das suas intermináveis lorotas e me emputecer em igual medida com sua famosa ranhetice. Hoje ele partiu, vítima de um câncer contra o qual lutou nos últimos meses. Deixo aqui meus pêsames à família e um afago em meu amigo @dilson_pimentel, companheiro de mais de três décadas do Ary e autor desse registro, em quem gostaria muito de dar um forte abraço hoje. PS. Também andei no famoso buggy vermelho que cheirava a gasolina e ficava estacionado à beira de um canal da Cremação, me borrando, imagino que igual a todo mundo que viveu essa experiência, de medo dele pegar fogo. Vá em paz, caaaaaaaara!

Uma publicação compartilhada por Elvis Rocha (@elvisroch4) em

 


 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Ary sempre foi uma pessoa iluminada. Daquelas que, com um sorriso, conseguem contagiar com alegria quem estiver por perto. Nesses pouco mais de dois anos de convivência, parte como estagiário e parte como repórter, aprendi demais com ele. Não era só uma referência do jornalismo, uma lenda viva, um mito. Era um ser humano inspirador. Nas pautas que fizemos juntos, vai ficar na memória a forma com que ele trabalhava com gosto, as brincadeiras (mesmo as fora de hora), e a alegria de viver. Era isso que ele mais gostava. E foi assim que partiu. Lutando pela vida. Ary, talvez não saibas o quanto te admiro desde sempre. Talvez agora seja tarde pra falar. É como se um garoto que sonha em ser jogador virasse amigo do Pelé. Ouvir tuas histórias, tuas experiências nesses mais de 30 anos de jornalismo, me inspirava. Agora, a tua memória continua me inspirando. Mestre, descanse em paz. O Liberal nunca mais será o mesmo sem você. Seu legado é lindo e vai ficar pra sempre na história do fotojornalismo brasileiro. Te amo!

Uma publicação compartilhada por João Paulo Jussara (@jp.jussara) em

 

 


 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Ele ainda era do tipo que levava flores. Vá em paz, meu amigo.

Uma publicação compartilhada por Roberta Paraense (@robertaparaense) em

 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Eu tirei a sorte de grande e tive a melhor parceria de profissão que o universo poderia me presentear. Duas gerações de jornalistas que se encontraram, se reconheceram, se enxergaram. Nos últimos anos eu tive o privilégio de conviver contigo quase todas as manhãs e aprendi demais, cresci muito te observando como um grande profissional das lentes, mas principalmente como um ser humano impar, dono dos melhores e mais engraçados casos e causos. Virei amiga, filha, neta. Tu te preocupavas com meu almoço todo dia, compravas um único pãozinho massa final só pra mim de manhã porque sabias que eu gostava e ainda brigava com meio mundo para proteger meu pãozinho antes que eu chegasse, sempre levemente atrasada. E as fotos bizarra que tu me mandavas? Sempre fiz questão de compartilhar com os outros colegas porque não podia ficar traumazida sozinha. Já os áudios de fofocas geralmente sempre ficavam entre nós e o Dilson, outro membro do nosso trio, agora desfacaldo, sem remendo. Eu nunca te contei isso, mas um dia eu fiz um teste para uma vaga de estagiária e eras tu o fotógrafo que saiu comigo, embora não lembres. Eu não passei naquela época, mas voltei um tempo depois já como profissional e olha quem estava lá comigo de novo, para ser meu parceiro de todo dia? A vida é uma grata surpresa e encontros verdadeiros são o grande legado. Eu me sinto muito honrada por ter feito parte da tua história, por todo o carinho recíproco que cultivamos nos últimos anos. Quando te visitei pela última vez senti muita confiança na tua recuperação e contei pra todo mundo que estavas muito bem, forte, alegre, esperançoso. Não sabia que seria a última vez que te veria com vida, mas fico muito grata por ter tido a oportunidade de me despedir de ti de forma decente, guardando comigo teu otimismo, tua fé. Num dos momentos mais tristes para a humanidade, não parece justo que tenhas que partir sem que ninguém sequer possa te olhar mais uma vez, te dizer palavras ternas, não parece honrar tua memória grandiosa... Eu perdi um amigo, um avô que não tive, mas os céus te recebem e com certeza vais chegar daquele jeitinho, né, bicho? Foi uma honra imensa, Ary. Obrigada por tudo. Eu nunca te esquecerei.

Uma publicação compartilhada por 🌿 Byαnka Arrυdα (@byankarruda) em

 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Ary Souza - A entidade do fotojornalismo voltou para a terra dos encantados. Um dia dos anos 1980, passava em frente ao conjunto de sobrados próximos da sede do jornal O Liberal. Um deles incendiava com labaredas assustadoras que saiam pelas janelas que um dia eu havia fotografado. Os bombeiros lutavam, a escada Magirus, orgulho da corporação, levava as mangueiras para o topo do incêndio. Nesse momento noto um pequeno homem com uma câmera na mão subindo os degraus na direção do fogo. Fiquei observando ele trabalhar. Seu destemor e agilidade me davam frio na barriga. Quem seria esse cara?? Fui ao encontro dele e perguntei seu nome: Ary Souza. Desse dia em diante, na linguagem de hoje, passei a segui-lo, vibrando com as imagens improváveis que ele fazia brotar na primeira página do jornal O Liberal. A clássica foto da enchente no mercado Ver o peso onde ele colocou lado a lado os ônibus e os barcos criando uma cena surreal, para mim é uma aula de fotojornalismo. Atividade para os que tem destemor, agilidade e criatividade. Talento para extrair a imagem no improvável e criar o inesquecível. Herdeiro de um tradição que teve mestres como Porfírio da Rocha e Pedro Pinto, Ary era um caboclo mágico. Da sua câmera/cartola nunca vinha o trivial ou banal. Paz à sua alma inquieta! #luizbraga #fotojornalismo #arysouza #fotografiabrasileira #belemdopara #oliberal #fotografiaparaense

Uma publicação compartilhada por luizbraga (@luizbraga) em

Cultura