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Exclusivo: Ator e dublador Nizo Neto fala sobre o prazer da renovação em vinda a Belém

Ator, comediante e dublador Nizo Neto, filho de Chico Anysio, fala sobre o prazer de atuar que transcende o tempo e conquista novos públicos

Eduardo Rocha

"Nem tanto, Mestre, nem tanto!". Assim se pronunciava o personagem Seu Ptolomeu, um aluno em sala de aula, ao ser elogiado pelo professor Raimundo Nonato, após acertar uma das questões formuladas pelo mestre, no programa "Escolinha do Professor Raimundo". Essa cena com bordão inesquecível para muita gente, reunindo o saudoso humorista Chico Anysio (como o professor) e pelo filho dele, Nizo Neto (como o estudante estudioso), fazia com que os outros alunos odiassem Ptolomeu como o "sabe tudo" e o "certinho da sala" e divertia o público. Entretanto, esse personagem também traduz a atitude de quem não abre mão de aprender sempre, não se acomodando, inclusive, com os elogios e críticas recebidos, como acontece com o próprio Nizo Neto, um carioca de 60 anos. 

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Ele não para de assimilar novos conhecimentos na carreira artística e simultaneamente de propiciar novos momentos de lazer e cultura às novas gerações, como se pode conferir na entrevista que o ator concedeu ao Grupo Liberal na passagem por Belém na semana passada, para proferir palestra motivacional tendo como gancho a obra de Chico Anysio. Um exemplo disso é que ao longo da carreira, Nizo virou dublador, uma paixão dele, e faz sucesso com diversos públicos. Entre outros personagens, notabiliza-se com as falas do filme "As Branquelas".

Filho de Chico Anysio e da atriz Rose Rondelli e tendo como irmãos Bruno Mazzeo e Lug de Paula (que intepretava o Seu Boneco na Escolinha), entre outros familiares também atuantes no meio artístico, Nizo Neto desde cedo respirou arte. Assim, se tornou uma pessoa bem conhecida como ator, comediante, dublador, ilusionista, redator, radialista e escritor. Em 1973, ele passou a atuar como ator, quando seu pai foi trabalhar na Rede Globo. "Logo que foi para Globo ele tinha um programa chamado 'Você tem tempo', de cinco minutos, e precisava de um garoto e eu fui colocado lá. No início, era mais brincadeira. Depois, a coisa foi crescendo, já no 'Chico City', o primeiro grande sucesso dele (Chico Anysio) na emissora, eu fazia um personagem com o Velho Zuza e daí não parei mais", diz Nizo.

Ele observa que a arte está em todas as áreas, em todo lugar, ao contrário do que pensam algumas pessoas com uma ideia perjorativa sobre os artistas. "Como dizia o grande Ferreira Gullar, pensador e poeta: 'A arte existe porque a vida não basta'. Então, o ser humano precisa do lúdico. Na pandemia, por exemplo, pensa como foram importantes as artes. O que segurou a onde diante de tanto medo, com todo mundo confinado, sem poder fazer nada? A arte está presente em absolutamente tudo", ressalta.

Ptolomeu

O programa Escolinha do Professor Raimundo vem desde os tempos do rádio, como rememora Nizo. Antes de estourar na Globo nos anos 1990 havia tido versões, desde o rádio, depois na TV ao vivo como um quadro dentro de programas de humor e, mais tarde, em 1975, também voltou no "Chico City", logo no começo da TV em cores, não teve grande repercussão. Mas, nos anos 1990, o programa "bombou". "Sempre teve esse personagem, o contraponto, o certinho, o nerd. E ele (Chico Anysio) me falou que ia voltar com a Escolinha e eu quero que você faça um aluno lá, aquele que sabe tudo, o chato da turma. Eu topei e deu certo. Foi um divisor de linha na minha carreira, foi quando eu me tornei nacionalmente famoso, por causa da Escolinha". 

Até hoje, as pessoas relacionam Nizo Neto com esse personagem. "Isso é interessante, porque o Ptolomeu era um personagem sem graça. Passaram-se anos, e hoje eu encontro muita gente já adulta que fala: 'Cara, você não tem ideia como eu gostava daquele personagem. Aquele personagem me inspirou, eu me identificava muito com ele, porque eu era o sabe tudo da minha sala'. E pessoas me relatam que eram discriminadas, mas o personagem serviu de inspiração a elas, e isso é muito gratificante", pontua o ator.

Dublador

Nizo conta que sempre esteve atento ao potencial e à técnica relacionada à voz dele e sempre quis fazer dublagem. Ele iniciou essa nova atuação em 1983, com um mercado muito menor que o atual. Ele fazia um teste aqui outro ali, até que foi contratado pela Herbert Richers (empresa de dublagem conhecida internacionalmente), após dois anos de muito esforço, trabalho. 

Como dublador, Nizo Neto atuou no filme "Curtindo a vida adoidado"; fez  a voz do personagem Presto do desenho de "Caverna do Dragão". Também atuou em "As Branquelas", o que o aproximou das novas gerações, e também garantiu o sucesso do cachorrinho do desenho "UP". Mais recentemente, trabalha na dublagem de Cobra Kai, da Netflix. 

Nizo pretende em 2025 dar continuidade ao trabalho que vem desenvolvendo, até porque, como salienta, está sempre pronto para atuar na frente ou atrás das câmeras. Ele está, inclusive, em turnê com a peça "Nunca desista de seus sonhos", de Augusto Cury, além de fazer stand up comedy e o podcast Nizológico, entre outras ações e projetos. Até porque, como dizia Chico Anysio (com 209 personagens próprios), 'representar é a arte de não representar', ou seja, deve-se buscar ser o mais natural possível. Em outras palavras, continuar aprendendo com a arte da vida, como faz Nizo Neto.

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