'Potentes do Brega’ une amor pela dança ao ritmo tecnobrega
Conhecido como “fã-clube”, o grupo conta com 98 integrantes, que perpetuam a cultura paraense em seus passos e “caquiados” tradicionais da dança
O "Potentes do Brega" é uma equipe de dança, natural de Belém, que surgiu a partir de festas de aparelhagem e têm sua história entrelaçada no brega, atualmente reconhecido como Patrimônio Cultural e Imaterial do Pará. O ritmo musical e suas vertentes são peça fundamental na vida dos integrantes deste grupo paraense, que unem a paixão pelos passos da dança à cultura do estado e se apresentam há 16 anos nos bairros da capital.
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Criado por Katiane Oliveira, conhecida carinhosamente como "Rainha", o grupo nasceu no dia 25 de setembro de 2007, se tornando um marco em sua vida. Em entrevista exclusiva ao Jornal O Liberal, Katiane explicou que não viveu o auge das aparelhagens e só passou a frequentá-las aos 19 anos, quando teve o primeiro contato com o mundo da dança e das festas embaladas pelo tecnobrega.
Cinco anos depois, aos 24 anos, Katiane conheceu o primeiro marido, quem contou toda a história e importância dos fã-clubes de brega. Naquela época, em 2004, estes grupos, conhecidos por suas camisas padronizadas e suas frases únicas, reduziram e já não existiam muitos nas noites paraenses. Mesmo assim, a dona do grupo não desistiu do sonho e em 2017 fundou o que chamou de Potentes do Brega, em homenagem ao "Super Potente", o som que tocava nas festas que ela frequentava.
"Eram três pessoas quando começou: eu, meu ex-marido e minha comadre. Hoje em dia nós somos 98 integrantes e nossa relação é familiar. Um dos meus maiores orgulhos é ver as famílias que se formaram a partir desse fã-clube. Hoje, graças aos esforços de todos os grupos, o preconceito [contra o tecnobrega] foi quebrado e hoje somos mais respeitados", diz ela, emocionada.
Como funcionam as festas
Depois de passar por mais de oito lugares durante os 16 anos de existência, o grupo agora realiza suas apresentações, mais conhecidas como "Ensaio dos Potentes", todas às quartas-feiras em uma casa de shows localizada no bairro Mangueirão.
O evento é sempre aberto ao público e dividido em duas etapas: às 20h30 começa com uma aula de tecnobrega ou brega saudade, com o professor Linnekee Ayres. Em seguida, às 22h, acontece o baile comandado por vários DJ's, entre eles, Nayty Show e Sampler, que integram o grupo.
Além das festas, os integrantes da equipe realizam ações sociais durante os anos. Segundo o produtor e DJ Sampler, existem ações solidárias no final de ano, além de oferecerem suporte a quem precisa, seja dentro ou fora fã-clube.
"A gente faz ações como no hospital Ophir Loyola, mangueirão, ações sobre o câncer, sobre o dia da mulher. Acho que essa é a importância. Além disso, o fã-clube em si não trabalha só com a dança, ele gera renda para algumas pessoas de dentro e outras de fora", explica.
Reconhecimento
Em 2023, o grupo se apresentou na 26ª Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes a convite da cantora Gaby Amarantos, uma das atrações do evento. Ao final do show, a artista disse aos integrantes do grupo que desejava ser madrinha da equipe, o que deixou a "Rainha" extremamente emocionada.
"Nós ficamos encantados de participar com ela. A ligação do nosso nome com a Gaby é maravilhosa. Eu não tenho nem palavras para descrever para você a nossa satisfação com isso. E depois, quando ela participou do 'Festival Psica' agora, ela nos convidou de novo também, a gente apresentou no palco com ela. Foi linda essa apresentação", relembra.
Este ano, Katiane conquistou o prêmio de "destaque na dança popular paraense", pelo trabalho realizado à frente do fã-clube, no Baile dos Artistas, que premia anualmente artistas do Estado de múltiplos segmentos. Para ela, a primeira da categoria destes grupos a vencer a premiação, ter este título é motivo de orgulho.
"Esse prêmio me deixa extremamente honrada e feliz. Sempre me dediquei muito. É reconfortante ter o reconhecimento. Fui a primeira da minha categoria a ganhar um prêmio desse. E eu dediquei a todos os bregueiros de Belém. A gente trabalha muito por esse futuro, para manter e fazer as coisas darem certo e, principalmente, para receber bem as pessoas no nosso espaço e que elas se sintam à vontade, cheguem lá e sintam um ambiente harmonioso e alegre", conta.
(*Juliana Maia, estagiária sob supervisão do Coordenador do Núcleo de Cultura de Oliberal.com, Abílio Dantas)
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